Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 85

Mentir não é algo que eu saiba fazer.

Visão Izumi

Depois de entrar na casa em um mix de vontade própria e ser puxado pela Yuna, acabei encontrando um lugar extremamente familiar, sem contar a adição de um cachorro, nada tinha mudado.

Não tinha como eu não lembrar detalhadamente da casa onde vivi por tanto tempo, mesmo assim quando vi aquele lugar de novo memórias começaram a explodir na minha mente. Não eram coisas que tinha esquecido, apenas coisas nas quais tinha conseguido parar de pensar completamente.

Um sentimento ruim veio com tudo isso, algo parecido com o que senti quando fiquei uma semana sem falar com a Yuna, só que mais forte.

Não sabia como lidar com aquilo, por isso quis recuar o mais rápido possível, mas Yuna, que estava segurando minha mão, não permitiu. No caso, ela me puxou com força para dentro.

Assim que vi a sala na qual passei tanto tempo meu coração se apertou. Eu quase conseguia ver os fantasmas dos meus avós e do meu eu criança na minha frente.

Lá estava um pequenininho Izumi, descalço e com um alguns troços na mão, contava várias histórias para os dois velhos, que provavelmente nem ouvia direito, muito menos entendiam, mas eles faziam um bom trabalho fingindo interesse.

Ou talvez realmente gostassem de me ouvir, quem sabe.

Sentei no sofá e tentei não olhar ao redor, não queria ver nada daquilo. Foi algo instintivo, apenas sabia que não queria continuar sentindo aquilo e sabia que quanto menos me lembrasse, menos sentiria aquele vazio.

Escolhi o sofá como meu ponto seguro, não tinha nenhuma lógica por trás disso, apenas queria um lugar qualquer para poder ficar.

Assim fiquei um tempo, até que a Hina apareceu e a Yuna foi falar comigo. Acabei mentindo para ela. No caso, disse uma meia verdade, porque não conseguiria mentir de fato, me sentiria mal.

Obviamente a garota acabou notando, eu sou o pior mentiroso da história, mas ela não se importou muito, nem sequer comentou. Me surpreendi, Yuna até me deixou continuar lá, pelo menos por aquele momento. Foi assim que começamos a jogar UNO no sofá.

Depois de algum tempo as duas resolveram mudar para poker e eu acabei aceitando, não me importava muito com o tipo de jogo. 

Foi então que, durante nossa jogatina, as coisas começaram a mudar. Primeiro, Yuna perguntou:

 — Hina, não acha que podíamos deixar as coisas mais divertidas? 

Minha tia deu um sorriso com o qual estava muito familiarizado, era uma expressão um pouco assustadora que ela sempre fazia quando as coisas iam de acordo com o que ela planejou. — Claro que sim, na verdade, tenho até uma ideia do que podemos apostar.

— O que? — Yuna já não soava confiante como antes, até ela hesitou um pouco.

O sorriso da Hina aumentou. — Que tal segredos?

— Como assim?

— Simples, se eu ganhar, Yuna, você vai ter que me contar algo sobre a relçaã sua com o Izumi, estou curiosa sobre como as coisas têm ido. Por outro lado, se você ganhar, posso te contar alguma coisa fofo sobre o Izumi criança.

A loira pensou um pouco, por um segundo achei que ela fosse recusar, mas a Hina a desafiou com o olhar, Yuna era fraca para esse tipo de provocação e cedeu. Assim, as regras para um jogo completamente injustas foram estipuladas.

— Ei! E se eu ganhar?! Por que sinto que sou o único perdido em todas as situaçõs possíveis? — Elas não estavam nem considerando minha vitória como possibilidade.

— Isso não vai acontecer. — Hina pode ser bem cruel, mas quer saber de uma coisa, no final eu… não ganhei uma vez sequer, nem cheguei perto. É difícil blefar sem mentir, diria que é impossível, na real! E sabe duma coisa, não sei mentir, não consigo!

Agora, sobre o resto do jogo, bem, jogamos umas 5 rodadas, delas a Hina ganhou a primeira e perguntou diretamente: — Vocês já tiveram a primeira vez?

Não consegui reagir a uma pergunta tão direta, não esperava que ela fosse ser assim, fui inutilizado pela surpresa e vergonha. Yuna também não reagiu muito melhor, ela corou levemente e não conseguiu responder de primeira.

— Vocês dois são tão fofos… — Hina tinha um sorriso de orelha a orelha. — Agora me contem, como foi? Foi durante a viagem, né? — No fim, ela nem precisava que disséssemos as respostas, apenas pela reação ela já conseguia saber.

— Só uma pergunta por vitória! — Yuna reclamou e evitou dar mais detalhes, de qualquer forma, Hina seguiu vencendo e a resistência não foi muito útil.

No fim, o placar acabou sendo 4 a 1, uma grande diferença que levou Yuna a jurar treinar mais no futuro. Já sobre as perguntas, no começo ela teve dificuldade de responder, mas depois as duas começaram a conversar com facilidade sobre tudo.

Eu, por outro lado, não conseguia me acostumar tão rápido a falar sobre o assunto e não consegui entrar na conversa. Se fosse sobre outras pessoas não seria difícil, mas falar sobre si mesmo na cama é estranho.

Conversamos por quase uma hora, foi então que, depois de matar sua curiosidade, Hina olhou para o celular e se levantou. — Não vou passar a noite aqui, uma amiga me convidou para um churrasco amanhã, é longe, por isso já vou dormir na casa dela.

Não sei se ela só queria nos deixar sozinho, ou se ela realmente tinha que ir embora, só sei que essa foi a justificativa que ele deu. 

Antes de ir embora, ela ainda disse que podíamos comer o que quiséssemos. Ela tinha comprado um monte de comida e doces, então teríamos muitas opções para o café da manhã.

Por fim, ela fez um cafuné na cabeça da frustradíssima Yuna e disse: — Se quiser vencer de mim, vai ter que praticar muito mais, posso ler facilmente suas expressões.

A garota deu um suspiro meio irritado e inconformado. — Pode ter certeza que da próxima vez vai ser diferente.

Minha tia riu alto, acho que, por serem parecidas, aquelas duas se davam muito bem.

Finalmente ela veio até mim. — Izumi, boa sorte e… — Ela também fez um cafuné na minha cabeça. — Fico feliz que finalmente tenha vindo aqui, mas vou continuar usando a casa, nem pense em pedir ela de volta sem 3 meses de antecedência, até mais.

Nota:

Deram sorte, eu esqueci que hj era sexta e quase que esse cap não sei, sério, estou perdido no tempo e espaço.