Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 84
Cuidado com os fantasmas, eles são perigosos.
VIsão Yuna
Entrar naquela casa foi, de várias formas, mais difícil do que eu esperava. Primeiro, não tínhamos a chave, o que foi superado com certa facilidade por Izumi, que aparentemente sabia como arrombar portas.
Uma personalidade sombria, paixão por facas e habilidade de arrombar coisas, era quase como se antes de nascer o garoto tivesse escolhido a classe de assassino.
Dito isso, ele normalmente jogaria como suporte em RPGs e jogos do tipo. Quando não era o suporte, Izumi gostava de ser o tanker.
Se pensa que nossas dificuldades acabaram por ali, está enganado! Em seguida, tive a difícil tarefa de empurrar o garoto para dentro.
Não que eu quisesse forçar ele, mas já estávamos a bastante tempo fora e eu precisava ir ao banheiro.
Infelizmente, para mim, um novo desafio aparece no nosso caminho, um cachorro, que latia sem parar.
Eu me sentia cada vez mais explorando uma dungeon, arrombar coisas, encontrar monstros aleatoriamente, só faltava conseguirmos algum item especial depois de derrotar o boss.
E sim, conviver muito tempo com o Izumi estava me afetando. Olhando pelo lado bom, aos poucos foi ficando mais fácil de entender ele.
Agora sobre o monstro, digo, cachorrinho, a solução foi simples, ignorar. Não importava quanto ele fosse barulhento e chato, era só um salsicha.
Dito isso, não podia deixar de perguntar: — De onde saiu esse bicho? — Já estava começando a ficar preocupada de que a casa tivesse sido vendida, preferia não estar cometendo um crime.
— Hummm! Alguém deve estar morando aqui. — Izumi não mostrou nenhuma ansiedade ou surpresa, por isso assumi que ele estivesse falando de alguém da família. Dito isso, é sempre bom confirmar. — Tem certeza de que está tudo bem estarmos aqui?
— Sim, sim, a casa é minha, afinal. — E foi assim que eu descobri que meu namorado tinha um surpreendente patrimônio no nome dele. A propósito, como devem estar imaginando, ele acabou herdando a casa do avô.
Na verdade, como eu descobriria depois, esqueceu de deixar um testamento, por isso a família do Izumi resolveu dividir as coisas por sorteio.
Sim, numa família padrão isso poderia gerar brigas e até problemas judiciais, na do Izumi foi uma desculpa para fazer churrasco. Bem, não posso dizer que eu desgostava dessa forma de lidar com as coisas, achava bem admirável o desapego de todos eles.
Enfim, depois de me surpreender um pouco e encontrar o banheiro, tivemos algum tempo livre, mas antes que eu pudesse sugerir qualquer coisa a porta da casa abriu, era a Hina entrando com sacolas no braço.
— EI! Me ajuda a carregar as coisas, está pesado. — Ao invés de se surpreender com os intrusos, ou qualquer coisa do tipo, ela estava mais interessada em ajuda.
Fui até ela rapidamente e peguei três sacolas, Izumi, por outro lado, ainda estava meio paralisado e nem reparou em nada.
Logo depois de entrar ele simplesmente sentou no sofá e começou a olhar em volta lentamente parecendo meio assustado.
Por que eu não fiz nada?
Bem, Hina chegou aproximadamente 10 minutos depois que entramos, então não tive muito tempo.
Minha primeira prioridade foi fazer xixi antes que eu morresse, logo depois não tive certeza do que dizer e fiquei quieta olhando por pouquíssimo tempo antes de ouvir a porta abrindo.
Com Hina presente, tinha esperança de que ela fosse fazer algo. Ela conhecia Izumi a mais tempo do que eu, por isso esperei a reação dela.
No fim, não houve reação, ela nem sequer cumprimentou o sobrinho, apenas colocou as sacolas na cozinha e começou a organizar tudo. — Pode deixar comigo, vou arrumar tudo e fazer algo gostoso para comer. — Hina continuou guardando, no freezer, as várias latas de cerveja que tinha comprado.
Como podem ver, ela decidiu que não iria interferir e simplesmente mandou ir falar com o garoto.
Tomei um copo de água, me espreguicei e sentei do lado do Izumi. — O que foi? — Usei o tom mais gentil que conseguia enquanto mantinha um sorriso amigável. Já tinha hesitado por muito tempo e ficar só se perguntando o que fazer não era meu estilo.
— Desculpa… — Dei um peteleco com força na testa dele.
Um biquinho irritado surgiu no meu rosto. — Não vou te deixar começar com essa palavra, buu! Tenta de novo. — O meu sorriso gentil não durou muito, provavelmente não tinha nascido para agir gentilmente com uma aura maternal.
— Foi mal… — Meu dedo já estava começando a doer, por isso decidi que seria mais maneirada nos próximos ataques.
— Sem sinônimo.
O garoto pensou por um tempo. — Estava com medo de que os fantasmas deles ainda estivessem aqui, por isso decidi ficar em um lugar seguro, mas acabei só te preocupando. — Adoraria perguntar porque o sofá na sala era um lugar seguro, mas antes precisava dar mais um peteleco.
— Isso soou como se você estivesse pedindo desculpas, tenta de novo.
Izumi esfregou a testa com uma expressão de dor forçada. — Pare de ser tão cruel!
Dei uma curta risada. Voltando a seriedade, pensei um pouco sobre o que ele disse, até queria perguntar algumas coisas, mas preferi não. — Entendo, — passei a mão por aquele cabelo macio o bagunçado um pouco — vamos jogar UNO aqui, então.
Tive a impressão de que ele estava mentindo. Para começo de conversa duvidava muito que Izumi acreditasse em fantasmas e escolher o sofá como lugar seguro não tinha sentido nenhum. Claro, não é como se eu esperasse muita lógica vinda do processo de pensamentos dele, o que me deu o pressentimento de que era uma mentira foi sua expressão, o garoto era péssimo em esconder as emoções.
De qualquer forma, Hina logo apareceu com a comida e se junto a gente num jogo de buraco, depois jogamos truco e por fim poker.
Estava divertido, mas no meio começa a perder a graça, algo estava faltando, risco. — Hina, não acha que podíamos deixar as coisas mais divertidas?
— Claro que sim. — Arrepiei com o sorriso da garota. Ela definitivamente estava esperando eu sugerir isso e eu, como um rato indo para a ratoeira, cai direitinho na isca dela. — Na verdade, tenho até uma ideia do que podemos apostar.