Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 78
Bora para o cinema?
Visão Yuna
O clima estava sem dúvidas desconfortável, tínhamos começado a nos entender por meio da briga com travesseiros, porém de repente tínhamos sido expulsos de casa e isso não era mais possível.
— Desculpa pela minha mãe — murmurei. No fundo, eu só queria algo para puxar assunto, o silêncio era mortal.
— Não, não, tudo bem, eu entendo que ela deve estar estressada. — Como sempre, Izumi era bem compreensivo.
Sorrio um pouco, estava com saudade de ver ele. Meu corpo se moveu sozinho e acabei abraçando os braços dele.
Pressionei meu peito contra seus ombros e minha boca chegou bem perto dos ouvidos dele. Assoprei bem de levinho e a reação fofa veio na hora, ele ainda ficava um pouco envergonhado com minhas aproximações.
— Hehe! — Abri um grande sorriso enquanto olhava para o rosto dele. Izumi hesitou um pouco, mas logo felicidade apareceu na face dele.
De certa forma aquela foi nossa forma de fazer um acordo de paz, ainda tínhamos um ou outro tema espinhoso para discutir depois, mas eu queria aproveitar um tempo relaxante com ele.
Ou seja, eu resolvi procrastinar, eu tinha vontade de pedir desculpas pelos últimos dias, mas… não era boa nisso.
Enfim, me afastei um pouco, e acabamos segurando a mão um do outro. O motivo? Nenhum, apenas um hábito que já tínhamos desenvolvido naquele ponto, provavelmente durante a viagem.
A pele dele estava um pouco suada, ou talvez fosse eu quem estivesse com as mãos suadas, na hora, era difícil de saber com certeza.
Dito isso, era bem quentinho, sentia falta de apertar a mão do Izumi com força, apesar de que ele parecia não sentir falta de ter os dedos estrangulados.
— Êh… — pensei um pouco, mas nada. — E agora? — Talvez Izumi conseguisse quebrar o silêncio, no fim joguei a batata quente para ele, mesmo que sem muita esperança.
— Que tal ir ao cinema? — Uma sugestão aleatória veio do nada.
— Sim. — Sem hesitar um segundo sequer, eu concordei.
Obviamente eu queria perguntar o porquê daquela ideia, mas também queria logo algo que nos tirasse do momento desconfortável.
— Agora, pode me dizer, por que me chamou para o cinema do nada?
— Estou com vontade de comer pipoca. — Aquela era definitivamente uma resposta que ninguém esperaria.
Olhei com cara de descrença. — Sério, só por isso?
Izumi deu de ombros e disse que sim com a cabeça. — Desculpa, no fim é uma ideia ruim, né?
— Não, não, acho que está bom, só achei o motivo muito… único? — Dei um olhar de dúvida, eu nem sabia qual adjetivo usar
— Estava só brincando com convite do nada, mas você não riu ai resolvi continuar com a brincadeira e chegamos aqui. — Por fim Izumi admitiu.
— Se qualquer outra pessoa dissesse o mesmo eu teria rido, mas vindo de você eu achei que era plausível.
Izumi fingiu chorar. — Sinf! Não fique me chamando de estranho assim!
— Não estou te chamando de estranho, estou te chamando de a pessoa mais estranha que eu já conheci nessa minha vida, é diferente. — Sorri.
— É ainda pior!
— Quem sabe? Talvez eu tenha um gosto estranho para homens, afinal eu amo sua excentricidade, você é o único no mundo inteiro que consegue ser assim, meu amado louquinho. — Provoquei um pouco mais.
O garoto abriu um grande sorriso, mas não reagiu exageradamente, droga! Ele estava cada vez mais difícil de provocar.
Vendo a leve frustração na minha face ele sorriu ainda mais. — A propósito, sua aura está parecendo a de um gatinho arrepiado agora, ela está praticamente rosnando para mim.
Aquilo me irritou mais um pouquinho, Izumi é quem devia ser comprado a coisas fofas, não eu! Claro, estou só brincando, eu não ligava… muito.
Mas, de fato, Izumi estava ficando cada vez mais difícil de provocar, ele até estava começando a responder de volta.
Porém vendo meu olhar irritado ele recuou. Como sempre, Izumi ainda tinha essa certa covardia, ele parecia com medo de que eu fosse o odiar ou algo assim.
Para começo de conversa, foi o bloqueio dele de dizer o que pensa que começou toda a confusão, eu sabia disso e não conseguia deixar de notar isso mais e mais.
Por um momento o clima ficou estranho de novo.
Eu estava preocupada com o Izumi e tinha várias coisas em mente, mas antes de tudo eu queria um intervalo.
— Então, que filme quer ver? — perguntei.
— Humm! Um de romance, acho — ele respondeu inocentemente.
— Um de romance, hein? É, acho que isso combina com um encontro, mas vai ser um filme famoso ou uma daquelas salas de cinema vazias? Me pergunto se você não está tendo algumas ideias pervertidas.
Obviamente eu sabia que não era o caso, o que foi completamente confirmado pela reação de surpresa do Izumi, mas ainda queria o provocar.
— Não, não, eu só pretendia assistir um filme normal, eu gosto de romance, só isso!
— Hehe!
— Ei! Isso foi tudo para me provocar? Você é muito cruel, buu! — Ainda meio envergonhada, o garoto reclamou fazendo um biquinho de forma fofa.
— Enfim, vamos! — disse.
No fim, escolhemos um filme popular, óbvio. Eu não tinha esse tipo de fetiche, na verdade, eu provavelmente morreria de ansiedade só com a possibilidade de sermos pegos e Izumi, bem, acho que ele não iria ficar prestando tanta atenção no filme que seria impossível.
Ah! Mas ainda acabamos nos beijando em algum momento, fazíamos isso o tempo todo, então nem sei se importa mencionar.
O filme era relativamente longo, então me deu um tempinho para relaxar e aproveitar a presença do Izumi, realmente sentia falta dele.
O filme acabou, todos começaram a sair da sala, não fomos exceção. Andamos vagarosamente, um passo de cada vez, até sair do shopping.
— Izumi, podemos conversar seriamente agora? — perguntei meio incerta.
— Claro. — Ele desviou o olhar, mas ainda concordou.