Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 77
Entre muitas aspas, uma briga.
Visão Izumi
Eu não conseguia lidar com aquela foto olhando para mim, era muito assustador, por isso me levantei e… não fiz nada.
Respirei fundo e peguei um travesseiro. As palavras da Lila ainda estavam na minha mente, “se você for falar com ela e reclamar que ela está errada vai dar tudo certo, só brigue rapidinho e se resolvam”.
Eu tinha minhas dúvidas se deveria ou não acreditar naquilo, mas eu também não tinha ideia do que fazer. No fim, minha mente encontrou tal solução: um duelo.
Sim! Por qual outra razão Yuna jogaria o travesseiro em mim, senão para me convocar a um duelo?
Só deixando claro, eu não era retardado, no fundo, sabia que esse não era o caso, mas criei essa mentira dentro da minha cabeça.
Por que?
Simples, porque eu poderia usar para me acalmar e relaxar. Sobre o pretexto de ser tudo uma convocação para um duelo eu ganhei a coragem de abrir aquela porta de novo.
Visão Yuna
Em um momento de mais puro ódio joguei um travesseiro em direção a minha porta, contudo naquele mesmo instante ela abriu e nela surgiu um rosto familiar para mim, ele foi atingido pelo travesseiro, fechou a porta e recuou.
“Como é possível que ele tenha um timing tão ruim!” gritei em pensamentos. Logo em seguida paralisei por um instante, não conseguia acreditar que uma coincidência tão grande tinha acontecido.
Como que todas as coisas se encaixaram tão perfeitamente nesse grande mal entendido? Até hoje não consigo acreditar. Lembro que no dia cheguei a, por alguns segundos, acreditar que o mundo estava conspirando contra mim. Não preciso dizer que não era o caso, né?
De qualquer forma, a surpresa inicial passou, eu respirei fundo e estava determinada a sair para ir atrás do meu namorado. Não sabia o porquê da visita, mas decidi dar um basta na minha vergonha e também já estava com saudade de falar com ele.
No momento que minha mão estava para tocar a maçaneta eu notei que ela estava girando, era Izumi abrindo a porta. Reflexivamente dei um passou para trás, não queria ser atingida.
Ficamos cara a cara. Foi tudo em um instante. Dei um passo para trás, Izumi entrou, nos encaramos e… ele me atacou?
O Izumi pode ser bem incompreensível às vezes e aquele era uma desses casos, afinal sem qualquer explicação o travesseiro veio na minha direção. Não foi um ataque forte ou agressivo, mas foi muito estranho.
Me defendi reflexivamente, dei um passo para trás e uma situação estranha se formou, tudo era tão absurdo que nenhum de nós dois conseguia reagir. Até pensei em perguntar algo, mas desisti.
E novamente o clima entre nós dois estava estranho. Pior, diferente da situação normal em que Izumi tinha dificuldade de se comunicar, mas eu falava de boa, nesse caso ambos estavam com problemas para falar.
No fim, eu ainda estava envergonhada por tudo, irritada comigo mesma e surpresa demais para saber como prosseguir.
No meio dessas dúvidas um silêncio desconfortável cresceu e quanto mais tempo passava mais difícil ficava falar a primeira palavra.
Então eu ataquei de volt… Pera! Como? Por que? Talvez milhões de perguntas passem por sua mente. Bem, pelo menos eu até hoje não compreendo como chegamos a isso, mas algo é um fato: eu peguei um travesseiro e bati no Izumi com isso.
Foi ai que o garoto desviou e contra atacou com uma travesseirada por baixo, ele estava mirando minhas pernas. Naquele momento eu senti a intenção de ataque, meu corpo construído em anos de competitividade reagiu automaticamente desviando.
Não importava a situação, não importava quão idiota fosse e nem sequer me importava se haviam regras ou não, eu sempre queria ganhar. Na verdade, nem importava se era uma competição ou não, eu queria ganhar.
Ai vem a questão, como se ganhar uma guerra de travesseiros? E a resposta sempre será, não sei porra! Dito isso, ainda entrei em postura de luta.
Respirei fundo e comecei uma chuva de ataques, Izumi, porém, estava focado, não importava quando seu corpo fosse atingido seus olhos não perdiam a concentração, ele estava esperando uma abertura.
Eu, por outro lado, não tinha estamina infinita, em algum momento me cansei um pouco permitindo ao Izumi a chance de atacar com tudo.
O garoto não perdeu a oportunidade, aquela era a abertura que ele tanto aguardava, segurando sua espada, digo, segurando seu travesseiro com as duas mãos ele girou o corpo rapidamente atingindo meu estômago em cheio.
Foi realmente rápido, tanto que mal pude reagir, apenas senti um pouquinho de dor e meu corpo foi empurrado levemente para trás.
Sim, Izumi tinha feito um bom trabalho.
Enquanto eu perdia tempo admirando os movimentos do meu namorado, acabei me distraindo e perdendo o equilíbrio, no fim cai e bati as costas na minha cama.
Não se preocupe, não me machuquei, apesar de ter doido um pouquinho.
O problema veio em seguida, em cima da minha cama estavam várias coisas espalhadas e algumas delas caíram no chão.
Resumindo, minha queda mais a de alguns objetos resultou em barulho, agora imagino que saiba onde quero chegar.
— Silêncio! — Uma voz veio das profundezas do inferno, até eu senti algum arrepio.
Tom! Tom! Tom! Cada passo dela soava com um tambor, eu podia quase sentir a casa tremer. Minha mãe apareceu na nossa frente.
— Briguem em silêncio, que saco! Foda-se, para fora dessa acasa, não quero mais ninguém por aqui, preciso me concentrar no trabalho, meu prazo está quase acabando, que inferno!
Instintivamente pensei em me esconder atrás do Izumi, que já estava tentando se esconder atrás de mim, no final apenas seguramos a mão um do outro um pouco assustados.
No fim, aquela que tinha causado essa situação era minha mãe por chamar o Izumi, mas ninguém teria a coragem de apontar aquilo naquele momento.
Saímos de casa silenciosamente, queríamos manter nossas vidas e almas intactas, mesmo que a alma do Izumi parecesse já ter saído do corpo.
— Desculpa pela minha mãe — murmurei.