Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 76
Juro que não fumei naquele dia! Só fiz isso uma vez na vida e… enfim, isso é outra história.
Visão Izumi
Uma semana, ou talvez menos, passou sem que eu ou Yuna falássemos um com o outro. Bem, durante esse tempo, fiquei basicamente vendo anime no meu quarto sem saber o que fazer, até que eu recebi uma ligação.
Atendi, era a Lila. Tremi por um segundo ao ouvir a voz dela, não podia deixar de me perguntar do porque dela estar ligado.
— Alô… — disse em um tom baixo.
— Izumi, — ela me reconheceu imediatamente pela voz — quero que venha para cá agora.
E de repente eu estava sendo ordenado a ir para casa da Yuna. Ok, não vou mentir, eu meio que esperava que fosse ser algo do tipo, por isso não fiquei muito surpreso, mas ainda perguntei:
— Por que?
— Venha agora! Eu te explico quando chegar. — Foi naquele dia que eu descobri que a aura de uma pessoa podia ser transmitida por telefone, de alguma forma só a voz da Lila já era tão opressora que eu me arrumei e fui imediatamente.
“Talvez ela só saiba de tudo e esteja ajudando nos ajudando a voltar ao normal, sim, vai dar tudo certo”. Enquanto caminhava, tive alguns pensamentos inocentes.
Logo cheguei na casa, toquei a campainha, mas ninguém foi atender.
— Entre, não está trancado! — O grito da Lila era sem dúvidas assustador.
Assim que entrei pude ouvir o barulho de passos vindo do andar de cima, mas não dei nenhuma atenção para isso.
Olhando em volta, logo encontrei a mãe da Yuna trabalhando. Ela estava com um rosto irritado e apertava as teclas com tanta força que eu podia praticamente ouvir o laptop dela implorando por ajuda.
Pobre laptop, ele não fez nada para merecer tanto sofrimento, no entanto eu não estava disposto a arriscar minha vida para salvá-lo.
— O que foi? — perguntei timidamente temendo pela minha vida.
— Não consegue ouvir?! — Lila apontou para cima. — Por culpa dos draminhas de vocês eu não consigo me concentrar no trabalho, — a face dela estava cada vez mais irritada. Ela continuou com uma voz que parecia vinda do próprio diabo: — por isso vá lá em cima e faça as pazes agora.
Meu corpo começou a tremer. — Mas eu não sei o que dizer e…
— Vá! — Vi fogo saindo da boca daquela mulher.
Naquele momento meu coração tremeu de medo, então olhei para o lado onde eu podia ver meu anjo da guarda. “Me salva, please” implorei para ele, porém a resposta foi, “tudo tem limite nessa vida, estou pedindo demissão.”
Por um momento pensei que tudo estava perdido, mas logo senti uma presença reconfortante conforme trocava de religião.
“Não se preocupe, nessas horas deve seguir meus ensinamentos, garoto”, Buda tocou meu ombro e deu um sorriso simpático. Sim, eu sabia o que fazer! Disse:
— Se acalme, não deixe que a raiva tome conta de você, num momento como esses deveriam meditar e…
Quando olhei para a cara da Lila minha voz parou de sair, ela não estava disposta a se acalmar. Olhei para o lado, Buda fugiu tão rápido que ele até emagreceu e voltou a ser o Buda magro.
— Não se preocupe, se você for falar com ela e reclamar que ela está errada vai dar tudo certo, só brigue rapidinho e se resolvam. Agora, não vou repetir mais uma vez… — O olhar dela era tão penetrante que minha alma começou a tentar fugir do corpo.
“Onde está indo?” perguntei para minha alma. “Embora, óbvio! Já reencarnei 234 vezes, eu vi de tudo por aí, mas tem certas coisas que tem limite!”.
E foi assim que eu entrei para o espiritismo e sai dele num espaço de 0,5 segundos. Infelizmente, naquele dia minha alma foi perdida para sempre…
Ok, provavelmente não, mas tenho certeza de que vi ela saindo do meu corpo às pressas.
— Vá! — Voltando para a história, Lila completou sua frase. A voz dela era ainda mais assustadora, mais impositiva, mais poderosa! Sua voz sozinha poderia destruir as paredes daquela casa.
Tá, talvez eu esteja exagerando um pouquinho.
Enfim, antes que eu me tornasse um monge espiritual crislamita eu subi as escadas. No meio do caminho, lembrei que ainda tinha um último recurso que podia usar, a macumba.
Peguei as balas que tinha no bolso e tentei fazer o ritual, logo um Orixá apareceu na minha frente e explicou, “Porra mano, eu até te ajudaria, mas para lidar com esse bagulho eu ia precisar de pelo menos 10 garrafas de um licor do bom, só bêbado eu ia entrar numa merda dessas”
E foi assim que eu me converti para o candomblé, os caras podiam cobrar caro, mas pelo menos não me abandonariam que nem uns certos seres divinos!
Dito isso, eu não tinha 10 licores do bom, por isso minha macumba foi inútil.
Eu estava no meio da escada, eu podia sentir a presença da Yuna e se subisse definitivamente me encontraria com ela, estava nervoso e precisava de tempo antes disso.
Por outro lado, lá de baixo eu podia sentir aquela pressão imensa dizendo: “vai logo ou eu te mato!”
No fim, a pressão vinda de baixo era muito maior, eu subi as escadas rapidamente, enquanto meu coração começava a bombear meu sangue cada vez mais rápido.
Foi naquele dia que descobri o método mais eficiente de superar o medo, ter algo que te dá ainda mais medo te pressionando.
Cheguei na frente da porta da Yuna. Lá estava ele, o quarto dela. Conhecia bem aquele lugar, já tinha estado lá. Era só bater na porta, ela me deixaria entrar, teríamos uma boa conversa e tudo daria certo, mas…
— Droga, parem de tremer, mãos — murmurei para mim mesmo.
Estava nervoso, muito nervoso! Meu coração parecia prestes a explodir. Foi ai, que em meio a toda aquela tempestade de sentimentos, eu senti a aura da Lila chegar atrás de mim e apontar uma faca pro meu pescoço.
Eu precisava entrar!
Sem conseguir pensar em nada, eu abri a porta e… Bem, vocês sabem o que acontece, o travesseiro me atinge e eu recuo imediatamente.
“A Yuna me odeia tanto assim?” Tirei conclusões erradas, enquanto me escondia no outro quarto que lá havia, no caso, era o quarto da Lila.
Inclusive, lá havia uma foto dela com o marido e eu posso jurar que quando olhei para a foto e ela olhou de volta. “Vá!” a foto gritou para mim.
Minha mente podia ser bem assustadora às vezes, era como ter um pesadelo acordado, facas me cercavam por todos os lados.
— Valeu, cérebro! — reclamei para mim mesmo.
Nota
Fazia tempo que não me divertia tanto escrevendo um capítulo, espero que não seja confuso, kkk!