Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 75
A ideia mais incrível que você vai ouvir, só que não.
Visão Yuna
— Não, não, desculpa.
O olhar do Izumi lacrimejou, vendo aquilo meu coração derreteu instantaneamente. No final das contas, amava muito aquela coisinha fofa, não conseguiria me sentir irritado com ele.
Relaxei na hora, minha mente voltou a trabalhar normalmente e consegui até adivinhar mais ou menos o que devia estar passando na cabeça do Izumi, porém as coisas não podiam ser fáceis, eu tinha que ter tido aquela ideia “genial”.
Ok, primeiro, apesar de não estar mais irritada com Izumi, fiquei irritada comigo mesmo por ter sido babaca. De brinde, odiava estar errada, o que adicionou um pouco mais de tempero em tudo.
Não que isso tenha influenciado muito o que aconteceu, comentei mais porque… ah! Sei lá, não enche!
Voltando, eu entendi o que se passava pela mente do Izumi, ele queria ficar só comigo, o que fazia muito sentido, estávamos em um encontro, afinal. Claro, ele podia ter usado as cordas vocais para facilitar minha vida, mas a pessoa mais errada era sem dúvidas eu.
Para começo de conversa, meu namorado sempre foi alguém com problemas de comunicação, eu sabia disso quando aceitei ele, por isso sabia que fazia parte me esforçar um pouco mais para lidar com isso.
Da mesma forma que o Izumi tinha que lidar com outros defeitos meus, apesar de que eu sou quase perfeita então ele “nunca” tem problemas com isso, haha!
Em segundo lugar, ser tão mandona era um problema, um que eu tinha preguiça de resolver, mas precisava.
Em minha defesa, mudar ou suavizar alguns dos seus traços de personalidade não é fácil, na verdade, é muito difícil.
Sim, sem dúvidas a pessoa que deveria dizer desculpa primeiro era eu, mesmo assim Izumi começou a se desculpar muito antes de me dar a chance de fazer isso o que me irritou e muito!
Agora não me entenda errado, não tinha nenhum motivo mesquinho para isso… Ok, talvez tivesse alguns, mas não eram os mais importantes.
Fato era: não gostava da forma como Izumi se curvava mesmo estando certo, aquilo provavelmente poderia se tornar um problema.
Primeiro, que eu já era mandona, não confiava muito em mim mesmo nesse sentido, tinha medo de que poderia acabar forçando o garoto a fazer coisas que não queria várias vezes, isso seria cruel e péssimo para o relacionamento.
Segundo, se ele não conseguisse reclamar nem me confrontar direito não seríamos iguais, não tem como construir uma boa relação se existe disparidade na forma como um vê o outro.
Eu via e vejo Izumi como igual e queria que ele se visse como igual a mim.
E até aqui tudo certo, uma boa análise da situação, minha eu do passado entendeu naquele momento quão grave esses problemas poderiam ser no futuro e decidiu tentar resolver isso imediatamente.
Foi ai que tudo de merda.
Olha a ideia GE-NI-AL que tive! Eu seria ainda mais babaca, ai o Izumi ia ficar tão irritado que brigaria comigo, eu pediria desculpa e tudo ficaria feliz, ai ele entenderia que não tem problema brigar ou reclamar de vez em quando.
Onde isso poderia dar errado? ONDE?
Ahan! Calma, calma, relaxa, são só memória, chega de querer socar sua eu do passado, se concentra, Yuna, que você tem uma história para contar.
Desculpem pela digressão.
Voltando, eu mandei: — Você vai vir comigo agora. — Uma frase simples, nem estava sendo tão dura, era só o começo do meu ato para irritar a outra parte.
E ele fugiu, sim, ele fugiu! Porra! Como que ele simplesmente fugiu assim? A culpa não foi só minha, né? Uma pessoa normal não entraria em transe de tanto medo e fugiria.
Ok, eu sei, aquela altura do campeonato eu já deveria ter reparado que Izumi não era uma pessoa normal. Não só isso, para ele brigar com alguém, principalmente alguém que gostasse, era quase impossível.
Ele tinha um medo muito grande de me desagradar e perder essa conexão tão valiosa que tinha conseguido depois de tanto tempo, eu era uma das poucas pessoas de quem ele era próximo no fim.
Infelizmente, eu demorei 2 dias para entender tudo isso.
No começo, eu realmente achei que ele só precisava fazer algum ritual estranho dele, que iria ganhar coragem e voltar, mas isso nunca aconteceu.
No fim, fui até onde estava nosso armário e ele já tinha levado as coisas dele. Voltei para casa na hora, nem lembrei dos outros.
Cheguei no meu quarto, dormi e fiquei na cama refletindo. No dia seguinte, fui para escola e fiquei refletindo, assim foi por dois dias.
Inclusive, em minha defesa, acho que foi um tempo bom, decifrar a cabeça daquele garoto não é fácil! Teria sido mais fácil aprender código morse do que aprender a entender ele.
Enfim, mesmo depois de entender isso não sabia o que fazer, era simplesmente muito vergonhoso mandar uma mensagem explicando tudo, minha ideia era muito idiota!
Eu até tentei pegar o celular, olhar para ele, enrolei, enrolei e enrolei, no fim nunca consegui nada, era impossível!
Assim tive uma das semanas mais chatas de todas, um porre! Foi aí que reparei quanto sentia falta de ter aquela coisinha comigo.
Até que… — Que saco! Por que você está com essa cara de desespero adolescente, você está emanando tanto draminha idiota que não consigo e concentrar! — Minha mãe ficou puta com o trabalho.
— E-eu… — Fui pega de surpresa, no fim conversamos por 5 minutos e ela, lendo minha mente, conseguiu entender tudo e ainda deu um pouco de risada.
— Para de ser idiota menina, liga para ele e resolve essa merda! — Esse foi todo o conselho que recebi, nada mais prático, só um “dá seus pulos”. Ok, convenhamos, não era um problema no qual precisasse de muita ajuda.
— Ok, vou ligar. — Nunca liguei.
No fim, continuei pensando no que dizer sem sucesso, decidi ir pro meu quarto para não incomodar minha mãe e fiquei lá andando de um lado pro outro, rolando na cama e coisas do tipo enquanto me sentia mais e mais irritada com minha ideia idiota.
Até que em um momento de mais puro ódio joguei um travesseiro em direção a minha porta, contudo naquele mesmo instante a porta abriu e nela surgiu um rosto familiar para mim, ele foi atingido pelo travesseiro, fechou a porta e recuou.
“Como é possível que ele tenha um timing tão ruim!” gritei em pensamentos.