Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 74
Ao nascer do sol começou meu mau humor.
Visão Yuna.
Izumi não parecia afim de ir mais vezes no privadão(nome dado por ele), por isso deixei ele um pouco descansando na piscina.
Logo depois fui absorvida na conversa com meus amigos e quando percebi ele não estava por perto.
Voltei correndo. Como consegui esquecer completamente dele? Não sei, mas aconteceu, o importante foi que logo o encontrei, lá estava ele deitado no chão da piscina.
No caso, ele estava numa piscina onde havia vários bancos presos ao chão. Izumi usou isso para ficar deitado, ele pendeu o próprio pé e mão nas bases desses bancos para impedir seu corpo de flutuar.
Assim que vi, achei estranho, mas resolvi olhar por mais um tempo… Quase dois minutos, esse foi o tempo que esperei. Primeiro não interrompi porque ele parecia concentrado e achei que subiria logo, mas depois desse tempo todo comecei a ficar realmente preocupada, por isso o chamei.
— Ei! O que está fazendo? Por quanto tempo pretende segurar o fôlego? — Izumi me ouviu e finalmente virou o olhar na minha direção notando minha presença, então ele saiu daquela posição estranha para falar comigo normalmente.
Ele saiu da água sem problemas, seu corpo parecia bem, seus olhos estavam um pouco irritados por causa do cloro, mas num geral tudo parecia ok.
— Você está bem? — Ainda assim perguntei, não é todo dia que alguém vai para um parque aquático cheio de tobogãs para ficar deitado fazendo nada.
— Estava apenas vendo a aurora boreal com você. — Sem comentários sobre essa frase, inclusive, poderíamos até mesmo pular logo pra parte em que acontece um “briga”, deve ser o que vocês querem saber mesmo.
Tudo começou quando disse algo como: — Enfim, vamos indo, eles já guardaram lugar para a gente sentar, tem vários tipos de chocolate lá, e tem até uma parte da loja que você tem que mergulhar para chegar, além do mais… — Estava empolgada, afinal parecia um lugar bem legal, Gab sem dúvidas tinha me convencido disso.
Inicialmente, eu pretendia apenas continuar o dia com Izumi e me separar dos outros, mas toda a ideia da loja e das coisas que eles tinham me empolgou tanto que tinha que ir.
Sério, ele literalmente tinha construído uma parte na qual você ficava embaixo d’água, cercado por paredes de plástico comendo.
Não sei se a loja seria o suficiente para suprir meu hype, mas definitivamente estava afim de ir, parecia muito legal! Não só queria ir, queria ir o mais rápido possível.
Poisé, não sei quem teve a ideia de colocar aquela porra num parque aquático, inicialmente nem parecia fazer sentido para mim, mas sem duvidas conseguiram deixar tudo dento da temática de parque aquático.
Ou não, nunca saberei afinal não fui ao lugar, nem tive coragem de pesquisar depois, não queria me decepcionar vendo que era uma merda ou me sentir frustrada por não ter ido.
Ahan! Foi um longo adendo, desculpa, eu sempre acabo enrolando para contar essa história, porque não gosto dela, mas vamos continuar!
— Não, buu! — Izumi fez um biquinho fofo, até aí ele só parecia estar fazendo birrinha por nenhum motivo.
Achei que fosse uma daquelas piadas que só fazem sentido na cabeça dele, ele fazia várias dessas.
A verdade era que aquela era a forma dele de se expressar apesar do nervosismo, mas essa é outra história.
— Vamos logo, não quero deixar todo mundo esperando, ok? — Estava começando a ficar irritada, Izumi é alguém muito difícil de entender e em alguns momentos isso é cansativo, principalmente para alguém que não era um poço de paciência como eu.
Para piorar, já estava de mau humor naquele dia. Agora deve estar pensando: é culpa da TPM, mas não! Eu sempre tive uma TPM de boa, o que me matava era uma noite de sono mal dormida, acordar cedo, cair da cama e ainda perder uma aposta para minha mãe.
Alguma dessas coisas tinham a ver com a atual situação? Obviamente não, mas tudo isso tinha acontecido algumas horas antes do parque, por isso não estava exatamente no meu melhor estado para uma briga.
Ok, ok, eu posso estar só tentando me justificar, mas… Essa é minha visão, eu tenho o direito de dar quantas desculpas eu quiser!
Continuando, o que Izumi disse a seguir me irritou ainda mais. — Não.
Não sei se notaram, mas eu era um pouco(muito) mandona com todo mundo e, em geral, não gostava muito que me desobedecessem. Era um defeito meu do qual já conhecia, mas nunca tinha feito muito para melhorar.
Claro, isso por si só não me deixaria extremamente irritada, na verdade, eu me acalmava depois de algum tempinho e pedia desculpas… normalmente.
Enfim, pedir desculpas não era tão comum; mas, apesar de mandona, eu conseguia reconhecer o erro e voltar ao normal em pouco tempo, o problema era o tempo no qual ficava putinha com isso.
— O que houve agora? — Já estava demonstrando um pouco de raiva, mas ainda queria saber no que o Izumi estava pensando.
Ele ficou quieto, naquele momento isso me irritou mais, odiava, especialmente, quando não faziam o que eu pedia sem um motivo e, de brinde, também odiava ser ignorada. O mais importante, no fim, é que já estava de mau humor.
— Que saco, nunca sei o que se passa na sua cabeça, mas vamos logo — resmunguei meus sentimentos honestos.
O silêncio continuou, o meu pavio estava queimando e chegando mais perto da explosão.
— Que foi agora? — Tentei mais uma vez.
Izumi desviou o olhar de forma meio amedrontada, um ato extremamente fofo, então disse: — Desculpa…
Quando Izumi agia frágil desse jeito sempre acabava me acalmando um pouco, não totalmente, mas pelo menos um pouco.
Fiz cafuné na cabeça dele e murmurei algumas palavras de consolo. — Tanto faz, está de boa. — Peguei a mão do Izumi. — Ok, bora.
Mas não tinha perdido a pressa ou a vontade de ir, só tinha me acalmado um pouco, por isso segurei a mão do Izumi e a usei como uma coleira para o puxar por aí.
Ainda não tinha entendido que ele realmente não queria ir e, em minha defesa, ele não explicou o motivo e eu não estava com saco para tentar entender na hora.
Novamente ele resistiu, dessa vez parando do nada, o que me irritou mais uma vez, eu só queria ir logo para a loja. — Que foi agora?
O garoto desviou o olhar, ele parecia hesitante, conhecia aquela cara, o rosto de quando ele quer falar algo, mas não consegue. Naquele dia, porém, não estava no estado de espírito para tentar entender.
— Se quer dizer algo, fala logo, que saco… — Deixei minha raiva ficar aparente.
— É só que eu não quero ir, êh… Por que não vamos lá ao invés disso? — Ai ao invés de explicar alguma coisa, Izumi se disse que queria ir na porra do menor escorrega do parque, aquele negocio parecia tão chato que tinha certeza de que ele não queria ir.
— Por que?
— Não, não, desculpa.
O olhar do Izumi lacrimejou, vendo aquilo meu coração derreteu instantaneamente. No final das contas amava muito aquela coisinha fofa, não conseguiria me sentir irritado com ele.
Relaxei na hora, minha mente voltou a trabalhar normalmente e consegui até adivinhar mais ou menos o que devia estar passando na cabeça do Izumi, porém…