Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 61
Todos saúdam o roteiro de viagem
Visão Izumi
Yuna saiu na frente, afinal como de costume, ela tinha a tendência a liderar o caminho. Inclusive, um fato curioso, ela raramente muda seu ritmo de caminhada, se alguém for mais devagar que a acompanhe, se for mais rápido que desacelere.
E chegamos no primeiro destino, sem mais tempo para falar sobre a Yuna. Enfim, o primeiro destino era uma trilha, no caso, uma trilha que dava em um mirante. Claro, nem preciso dizer que acabei essa história sem fôlego.
Tivemos exatamente 47 segundos para olhar o mirante, então de volta ao rumo. Olhando pelo lado bom, na descida todo o santo ajuda, por isso foi de boa. Sim, tudo dentro do cronograma, graças às nossas pernas de primeira.
Então seguimos o caminho. Yuna estava com seu olhar focado, o que era um pouco engraçado, não tinha notado isso antes, mas quando está focada, ela fica mexendo no cabelo, no caso, puxando um pouco.
Era engraçado, toda vez que ela precisava parar para pensar, ela enrolava o cabelo no dedo e puxava um pouco, o que era fofo, porque… Não, pera, esquece, preciso contar sobre a próxima parada, uma praça turística.
Era uma praça normal, com algumas esculturas, para falar a verdade, foi quase decepcionante. Olho, não me importo se eram pessoas importantes, estátuas de gente que não conheço não tinham como me interessar.
Enfim, logo do lado da praça, tinha a freirinha. Toda cidade turística tem que ter uma, um lugar onde vendem bugigangas “regionais”. Sim, todos sabem que normalmente é só algum artesanato aleatório, feito apenas para vender para turista.
Foi naquele lugar onde enfrentamos o maior desafio para nosso cronograma. Primeiro, não sei se notaram, mas eu sou meio que indeciso, por isso frente a tantos produtos, agiam como um velcro, com inúmeros mini-ganchos, que me prendiam.
Em minha defesa não tinha o que fazer, a curiosidade é poderosa demais! Todas aquelas coisas disponíveis me atraiam demais, não tinha como não olhar, quem não iria querer um chaveirinho flauta? O que pode ser mais útil que isso?
Tá, talvez não tenha os convencido ainda, mas me esperem, porque o próximo produto os surpreenderá! Acreditem ou não, lá havia uma incrível estatueta típica, feita de plástico. Dito isso, infelizmente não tinha nenhum chaveiro com logo do Mec.
Mec que foi, inclusive, o local onde me alimentei posteriormente. Quando o tempo está curto, que lugar melhor para comer, senão um que tem “rápido” no nome? Mas que fique claro, eu não fui o único culpado pelo atraso.
Sim, Yuna também gastou mais tempo do que “deveria” naquela parte da cidade! Isso mesmo, por mais fissurada que estivesse com o tempo, ela não conseguiu resistir aquele lugar, porque também gostava de comprar coisas inúteis.
Tínhamos aquele curioso ponto em comum, gostamos de comprar coisinhas. Segundo Yuna bugigangas pequenas são fofas, já eu… não sei. Enfim, não importa, porque continuamos para o próximo destino, já “alimentados”.
E me deixem comentar algo, hambúrguer não alimenta de verdade, principalmente se você for andar uma hora debaixo de sol na praia depois. Não sei qual a pior parte, a quantidade de gordura meio indigesta, ou se é a falta de nutrientes.
No fim quase morremos desnutridos, pelo menos eu quase morri. Já quando olhei para Yuna, ela estava de “boa”, se você for desconsiderar sua cara de quem desidratou. Foi naquele dia que descobri: Yuna é fraca para calor.
Para efeito de comparação, se me largassem num deserto provavelmente aguentaria 30 minutos, ela uns 15. Ou não, que sabe, nunca me largaram em um deserto, para ver quanto tempo eu iria durar.
Agora continuando, chegamos a uma parte que o mar formava piscinas naturais. Basicamente era um lugar cheio de pedras, com algumas partes mais fundas, que ficavam cheias de água, quando a maré descia.
Enfim, era um lugar até que legal, mas não estava com vontade de me melhor e deixei Yuna ir na frente. Enquanto isso, apenas aproveitei para me sentei por perto, para cuidar das coisas, descansar e ficar um pouco sozinho.
Tinham vários turistas lá, ou seja, era um lugar barulhento, por isso fechei os olhos e ignorei todos os barulhos. Assim, fui aos poucos criando meu próprio mundo.
Infelizmente, não tinha nenhuma sombra para me sentar, mas só cruzei as pernas de qualquer jeito e fiquei embaixo do sol mesmo.
Só deixando claro, não fiquei na pose de meditação nem nada. Eu apenas me encostei numa pedra mais alta, e fiquei com as mãos segurando meu celular e nossa mochila.
Precisava daquele tempinho, porque o dia inteiro não tinha tido tempo de parar e pensar, de ficar sozinho no meu mundo.
Ok, eu era uma pessoa… única, sim, assim soa melhor. Enfim, eu sempre precisei de um tempo para minha mente, se não ficava louco.
Resumindo, eu precisava brisar pelo menos um pouco todo dia. Tá, falar isso desse jeito me faz parecer um viciado, né? Juro que não era o caso!
Na verdade, eu simplesmente era um pouco(muito) anti-social e introvertido, por isso tinha um limite de quanto tempo aguentava interagir com pessoas, mesmo sendo Yuna.
Claro, no caso de ser alguém perfeita, fofa, divertida e incrível como Yuna, meu tempo de tolerância era maior, mas ainda tinha um limite.
Para recarregar, eu precisava “ficar” sozinho, ou apenas entrar na minha mente por um tempo já seria o suficiente.
Descobri sobre isso quando tinha 14 e viajei com minha família, desde então eu tinha o hábito de ficar algum tempo dentro da minha mente todo dia.
Agora, não sei se notaram, mas durante a viagem não tinha tido tempo para ficar sozinho, por isso já estava chegando perto do limite, notando isso agi.
E sim, mesmo que eu não soubesse ainda, o que fazia era basicamente meditar, com uma pequena diferença, era uma meditação Izumi.
À minha volta tudo estava branco, os sons das pessoas falando se transformou em uma roda de bicicleta e a brisa do vento virou uma pista. Sim, essa é uma meditação estilo Izumi, onde me imaginava em um lugar completamente diferente.
A propósito, depois de transformar a voz das pessoas em uma roda de bicicleta e o vendo em uma pista, comecei a rodar com a bicicleta por aquela longa pista. Dou um aviso, não se preocupem em procurar sentido nisso.
Transformar barulhos ou sensações em objetos na sua mente, a maioria diria que é impossível, já eu diria que é muito eficiente. Pode não fazer sentido, mas era o método que usava para ignorar todos os sons.
Boom! De repente a pista é destruída e dela saiu um fio, que se ligou diretamente a minha cabeça, então uma mensagem de voz foi transmitida: — Ei! Izumi o que está fazendo!
— Que! — Tomei um grande susto e até caí, mesmo já estando sentado. Nem preciso dizer, mas a pessoa que me chamou foi a Yuna, por isso não ignorei. Inclusive naquele dia descobri que minha mente tinha um mecanismo de voltar a realidade sempre que Yuna me chamava, o que era muito prático diga-se de passagem.