Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 48
Truco é um jogo chato.
Visão Yuna
Quando voltamos para casa do Izumi, várias pessoas já tinham ido embora, mas o pai dele e alguns tio claramente pretendiam ficar a noite no churrasco também.
No fim, consegui ter um tempo sozinha com o Izumi. Conversamos um pouco, até que o assunto morreu.
Izumi estava meio cansado e acabou se recostando em mim de forma fofa. Ele não chegou a fechar os olhos ou dormir, só ficou em silêncio pensando.
Fiquei apenas observando meu amado, cuja mente já tinha viajado para outro mundo em algum ponto. Era engraçado, como se seu corpo estivesse lá, mas a mente não.
Achei curioso, por isso não interrompi, só fiquei olhando. Um rosto sem muita expressão e um olhar focado no copo de água, além de completamente imóvel.
Aquela foi minha primeira vez vendo Izumi virando estátua. Primeiro não interrompi, queria ver quanto tempo ele ficaria daquele jeito, mas obviamente cansei, depois de uns 3 minutos fiquei entediada e mudei de ideia.
— Sobre o que está pensando? — perguntei despretensiosamente.
— Yuna! — Izumi de alguma forma se assustou, sim, ele definitivamente tinha ido para outra dimensão. — Êh… era sobre… Merda! Perdi, ele foi embora.
Se você não entendeu nada que ele disse, não se preocupe, também não, por isso perguntei: — Foi embora?
— Meus pensamentos, eles fugiram quando me assustei. — Izumi pode ser bem incompreensível em alguns momentos
— Ou, vocês dois querem jogar? — Não tive nem tempo de continuar tentando entender o processo cognitivo do Izumi, porque a Hina apareceu.
Respondi na hora que sim, sem nem pensar muito. Me levantei, Izumi foi logo depois, ainda com um olhar cansado.
Ele estava como no capítulo 13, com olhar morto, por ter ficado muito tempo com várias pessoas à volta.
Só deixando claro, ainda eram 6 da noite, não tinha chance dele estar cansado por ser tarde ou algo do tipo.
Além do mais, vocês não acham que teria a menor chance de eu ficar na casa do Izumi até de madrugada, né?
Claro, é exatamente isso que vai acontecer, porque eu perderei completamente a noção da hora, mas isso é assunto para os próximos capítulos.
Agora voltando, me sentei no sofá, Izumi num puff e Hina em uma poltrona. Estávamos os três em torno de uma mesa redonda de vidro.
Hina nos mostrou um baralho e as cartas de UNO, perguntando qual preferimos. Particularmente, gostava muito de UNO, por isso foi o que acabamos escolhendo.
Izumi pegou as cartas e começou a embaralhar. Enquanto isso, fui com Hina pegar algo para beber. Para que fique claro, peguei refrigerante.
As cartas foram distribuídas. Olhei minha mão, tinha dado sorte. Era a primeira a jogar e decidi começar com um 5 vermelho.
— Como foi no basquete? — Hina enrolou um pouco para jogar, mas acabou colocando um 5 verde.
— Surpreendentemente eu não perdi todas. — Izumi disse em tom irônico e jogou um 3 verde.
— Infelizmente perdi uma. — Joguei um bloqueio verde.
Hina sorriu um pouco para as duas respostas. Izumi olhou para a própria mão por um tempo, então mandou um compre 2 verde. Por sorte, tinha um compre 2 amarelo.
— Ei! Vocês estão de complô contra mim, né? — Hina reclamou, olhando para sua mão com o dobro de carta que as nossas.
Izumi nem reagiu à reclamação, apenas jogou um 7 amarelo. Respondi com um 7 azul.
— Só por curiosidade, o que não gosta do Izumi. — Hina jogou um 7 vermelho.
Izumi jogou um 2 vermelho e ficou me olhando de canto de olho. Tive que comprar uma carta, enquanto fazia isso respondi ironicamente:
— Humm! São tantas coisas, que é difícil escolher só uma.
Hina riu concordando e jogou 4 vermelhos. Izumi, por outro lado, “reclamou” que estávamos fazendo bullying com ele e respondeu com um compre 4 para mim.
Se tivesse olhado para a garota na minha esquerda naquela hora, poderia ver como ela deu um sorrisinho, depois de “manipular” o sobrinho.
— Isso é muita maldade! Agora estou atrás até da Hina.
Hina não respondeu meu comentário diretamente, mas, depois que jogou um 5 vermelho, fez questão de me mostrar que só tinha 7 cartas.
Então, enquanto Izumi estava jogando um 5 verde, ela perguntou: — Izumi já te apresentou aquelas coisas de otaku que ele gosta?
Depois dela dizer isso, a atenção do meu namorado saiu completamente do jogo e se voltou para mim. Hina fisgou ele e depois disse para comprar duas cartas, afinal ele tinha esquecido de dizer uno.
Izumi frustrado pegou as duas cartas. Foi naquele momento que me toquei de algo, então joguei um 8 verde e perguntei:
— Você fez de propósito, né?
Apesar de ser claramente culpada, a mulher acusada respondeu jogando um 3 verde com um sorriso inocente, como se nem estivesse falando com ela.
Izumi, ainda sem entender nada, apenas comprou uma carta. Então chegou minha vez, estava pronta para a “guerra” com a inimiga diante dos meus olhos.
— Quão longe vocês dois já foram?
— Êh… — Me assustei com a pergunta repentina.
Hina sorriu notando meu ponto fraco, mas disse inocentemente: — Vocês não foram jogar basquete, queria saber se tinham ido até o parque ou só na casa o Ryo.
Primeiro, ela sabia a resposta. Segundo, ninguém entenderia a pergunta daquela forma. Conclusão óbvia: ela disse isso para me pegar desprevenida. Resposta: jogar um compre 2 na raiva.
— Izumi, parece que agora é você quem está sem sorte. — Hina jogou um compre dois em cima do meu, quase rindo da minha cara.
— Êh… — Izumi murmurou perdido. — O que aconteceu com o assunto dos animes?
Nós duas nos encaramos depois de ouvir aquilo e rimos um pouco, o garoto estava definitivamente em uma sintonia diferente, sem se importar muito em vencer.
Como estava claro que Izumi não daria muito trabalho, resolvi focar minhas energias em ganhar da Hina.
ooo
Minha oponente só tinha mais uma carta na mão. Izumi jogou um 4 verde e ainda tinha 4 cartas, já eu estava com 3.
Podia ver o sorriso triunfante da Hina, mas iria acabar com isso, tinha um compre 4 guardado há muito tempo e pronto para ser usado.
— Não vou te deixar ganhar tão fácil. — Joguei minha carta na manga com confiança de esmagar meu inimigo.
Hina se espreguiçou, olhou para mim de baixo para cima e jogou um compre 4 também. Então ela disse baixo e com voz de tédio: — Ganhei.
— Revanche, quero mais um jogo!
— Claro, quantos você quiser, não vai mudar o resultado mesmo.
Respondi com um olhar desafiador. A mulher o recebeu numa boa e continuou com o sorrisinho na boca.
Olhando para o lado você poderia ver Izumi com olhos brilhantes. Hina, o notando, perguntou: — Como está vendo isso?
Não entendi bem a pergunta. Depois me acostumei, mas em resumo, Hina achava curiosa a mente do Izumi, por isso perguntava direto, como ele via as coisas.
A propósito, Izumi respondeu: — Um urso lutando contra uma árvore.
— Por que eu sou um urso? — reclamei.
— Por que eu sou uma árvore? — Hina reclamou.
Izumi pacientemente explicou, que eu estava assustadora e fofa como um urso. Por outro lado, Hina era uma árvore, porque ficava impassível frente a esse inimigo assustador, pois sabia que não seria derrotada.
Sim, obviamente fiquei frustrada com a explicação, porque ela assumia uma Hina que vencia de mim. Também gostei de ser chamada de fofo, porém.
Enfim, depois desse adendo, voltamos a jogar. Perdi a segunda, a terceira, a quarta, mas na quinta partida finalmente ganhei.
Claro, não aceitaria acabar num 4×1 contra Hina, por isso queria jogar mais e ela concordou.
Na sexta ganhei de novo, depois Izumi ganhou uma, ganhei de novo na oitava partida e empatamos na nona.
A competição ficou mais acirrada, Hina que vinha num longo jejum ganhou a décima, Izumi a décima primeira e… Ok, acho que já pegaram a ideia, jogamos bastante.
Que fique claro, quando eu digo bastante, não foi tanto assim, só umas 5 horas sem parar, saudável, né?
Em algum momento Izumi parou de jogar e jogamos com Ryo, com Rim, com Zino e outros. Foi uma longa rotação, até que Hina me olhou satisfeita, como se já tivesse descoberto, testado ou me provocado o bastante, então perguntou:
— Por que exatamente veio aqui?
— Merda! Esqueci disso completamente.
Hina riu de canto de boca e murmurou? — Como imaginei. — Depois ela olhou para o relógio e acrescentou. — Sabe que já é uma da manhã, né?
— Sério! — Fui correndo achar meu celular, no qual não tinha nem tocado até aquela hora. Hina olhando aquilo só achou divertido. Não podia deixar de pensar que ela fez tudo de propósito, mas tenho minhas dúvidas.