Aether: O Mundo em um Sonho - Capítulo 8
Oh, certo, acho que agora eu entendi o porquê do divirta-se. Realmente, o tamanho dessa cama não é brincadeira. Três pessoas são pouco para isso!
Aquela gerente é com certeza tão doida quanto a Loveta, mas bem, não vou dizer que não gostei da cama e da intenção, fufufu. Mas pena que é inútil, já que a qualquer momento a partir de agora eu estarei voltando para o meu mundo.
Hum, tem outras coisas bem interessantes por aqui também, como uma enorme televisão 4K e consoles de vídeo game. Essa cidade, como a própria Murakami disse, não é agarrada aos padrões medievais, então é de se esperar que coisas mais atuais existam por aqui.
Loveta salta na cama.
— Ei, Mestre, ainda temos um tempinho antes de você voltar para o seu mundo~ — Ela dá leves batidas na cama.
Não, apesar de parecer que ela está com aquelas intenções, na verdade é outra coisa. Loveta havia pego o controle do vídeo game e queria que eu jogasse com ela.
É, ela é com certeza a minha garota ideal de animes. Não é à toa que eu seja o seu criador.
Quando eu estava prestes a ir, Murakami, que tinha se sentado numa das cadeiras do quarto, chama a minha atenção. — Ryouzen, esses últimos minutos são importantes, e tem outra coisa que preciso discutir com você.
— Guuuu! Você está roubando o meu Mestre de mim de novo!
— Me desculpe soul-lin… Loveta, mas existe algo importante que preciso tratar com ele, já que essa talvez seja a última vez que nos encontremos nesse mundo.
Última vez…?
— Você já deve estar ciente dos episódios de pesadelo que vêm acontecendo na Terra, não?
— Sim… As pessoas vêm tendo mais pesadelos que o normal.
Ela acena com a cabeça. — Aether está envolvido com esse problema, e isso é um fato. Eu poderia ser mais específica e afirmar que os moonstrucks são a causa disso.
Mas esses caras são mesmo um problema, hein? Eles estão por atrás de tudo!
— Se você analisar, não é à toa que o número de ‘dreamians corrompidos’ também aumentou por aqui, mais ou menos no mesmo período que os episódios começaram a surgir.
— Agora que você falou, esses ‘dreamians corrompidos’ seriam o quê, exatamente? Algum tipo de resultado do pesadelo das pessoas?
— É o que eu acho. Eu nunca os enfrentei exatamente, porque estava mais preocupada em caçar soul-linkeds… Loveta deve saber mais sobre eles do que eu.
— Gyaaa… não há muito o que saber. Eles não passam de um bando de zumbis. Não sabem falar direito, e te atacam caso chegue perto.
Então eu estava certo, eles não passam de mobs desse mundo; não batem papo e são hostis.
Ela prossegue. — Meu trabalho como uma cavaleira do Império não era apenas esse, no entanto. Nós também tínhamos como objetivo encontrar alguma pista sobre o paradeiro dos moonstrucks. O problema é que essa pista nunca chegava… O máximo que descobrimos foi saber que a comunidade central deles se situa depois de Elysia.
— Hã? Mas você não disse que nunca foi para lá?
— Sim, e esse é o problema. O Imperador não parece fazer muito questão que nós os achemos de verdade, e restringe nossa estadia nessa região. Esse foi o segundo motivo pelo o qual eu os deixei.
Murakami parecia muito decepcionada com isso, e eu até conseguia entender o porquê. Enquanto existe um inimigo claro que ameaça os dois mundos, o Império, que aparentemente deveria garantir a paz, não estava fazendo o esforço mínimo necessário para contê-los. Sinceramente, eles não passam de um bando de covardes!
— …E como eu não gostaria que o nosso mundo continuasse do jeito que está, eu não tive outra escolha a não ser abandoná-los. — Complementa.
Ela parece esconder algo. Talvez ela tenha uma razão egoísta por trás disso tudo, mas bem, eu não a julgo. Querer acabar com os episódios já é um bem comum, e isso basta por si só.
— Murakami, tem uma coisa que eu gostaria de te perguntar já a algum tempo… O Império realmente te deixou sair livremente, sendo que foram eles mesmos que a invocaram? Você, como uma criadora, não iria fazer falta a eles?
— Hum, vejamos… O bispo, responsável pela minha invocação, foi totalmente contra o meu afastamento, mas o Imperador consentiu. Apesar de eu ser uma criadora, minhas habilidades com as espadas não é lá algo extraordinário, sabe? Não é como se eles fossem ganhar qualquer vantagem visível ao me manterem por lá, logo, não haveria motivos para me forçarem a ficar. Talvez eles tivessem me invocado achando que eu iria manifestar algum tipo de poder extraordinário, mas acabaram se enganando…
— Mas nós dois utilizamos os dois únicos cristais de invocação que existiam, certo? Eles não vão conseguir fazer uma outra invocação tão cedo.
— Com certeza não. Mas não é como se eles tivessem tanto interesse assim em criadores… A única coisa que pensam é caçar soul-linkeds com os cavaleiros, e juntar ‘fragmentos da corrupção’ com caçadores autônomos.
Realmente, esses caras não estão com nada… Hm?
Eu olho para o lado e me deparo com a Loveta adormecida na cama.
Ela já dormiu…? Isso foi rápido!
— Ryouzen, dito tudo isso, eu preciso que você permaneça nessa cidade. — Murakami havia mudado o seu tom, e falava ainda mais séria. — Você viu como o mundo lá fora é perigoso. Caso você permaneça aqui, não acho que terá grandes problemas, ainda mais com um dreamian como a Loveta ao seu lado, que sabe lutar e é de confiança. Já eu, por outro lado, tenho assunto a tratar com eles, e por isso estarei deixando a pousada logo de manhã.
— Hã? Como assim me deixar? Eu também vou com você!
— O quê…?
Ela é pega desprevenida com o que eu disse, e eu logo continuo. — O mundo que você está tentando salvar é o mesmo que o meu, não é? Então não seria justo você fazer todo o trabalho sozinha, enquanto eu fico aqui, parado à toa. Nada mais justo que eu também te ajude nessa história. Bem, eu sei que vou precisar fazer algumas aulas de treinamento, mas prometo fazer o meu melhor!
Me diz, quem iria querer perder a chance de fazer parte de uma aventura realista de RPG? Nem ferrando que eu perderia essa oportunidade! Além do mais, eu já estou cansado da minha vida cotidiana e sem graça lá na Terra.
Visto o silêncio, eu prossigo um pouco sem graça, coçando a minha cabeça. — A não ser que você ache que vou ser um peso de alguma forma, haha…
Ela sacode a cabeça. — Não é isso… É só que é raro encontrar pessoas com essa mesma determinação que você hoje em dia. Obrigada, sua ajuda certamente será bem-vinda, e significará muito para mim.
Hã…? Espera! É impressão minha, ou a ‘Coração de Ferro’ acabou de mostrar um lindo sorriso para mim agora!?
Nossa, depois dessa, eu definitivamente ganhei o dia.