Aether: O Mundo em um Sonho - Capítulo 45

Estranho, está muito silencioso aqui…

Os cientistas estão trabalhando ao fundo da sala para recuperar o controle da máquina, e eu estou de vigia em suas retaguardas.

Claro, eu sei que esse é um dos lugares secretos da fortaleza, onde poucos são os que sabem de sua existência. Mas considerando que quem está por trás de todo esse problema é o Imperador…  Bem, é melhor eu continuar atenta.

— Falta pouco. — Fala um dos cientistas. — Já acessamos a pasta de backup, e em breve estaremos operando a máquina novamente.

— Ótimo. — Respondi a eles.

Phew, ainda não consigo entender… Por que logo você, Galen, iria tão longe assim para ver sua mestra? Eu sei que a gente sempre discutiu sobre o quão bom seria se pudéssemos encontrar nossos criadores, mas chegar ao ponto de trair seus próprios aliados por tal motivo… Isso é algo que jamais pensaria de você.

Hum, é mesmo, talvez eu apenas não o tenha conhecido o tanto que eu achava que tivesse.

Já aquele garoto por outro lado…, Kazuki se não estou enganada. Mesmo naquele curto período de tempo, pude sentir uma confiança que nem mesmo em você havia sentido. Será que essa é a diferença entre uma pessoa falsa e outra verdadeira?

Hmph, isso é curioso.

BOOOM!!

——O quê?!

Na lateral da minha visão observo uma bola de canhão indo velozmente na direção dos cientistas.

Não posso deixar!

Eu salto o mais rápido que posso e dou um tremendo chute no projétil, com toda a minha força. Ele é completamente destroçado.

Essa foi por pouco!! De onde veio isso?!

Eu olho na direção do disparo e me deparo com um lagarto voador. Ele tinha o símbolo do império em seu peito esquerdo, e um canhão em suas costas.

— Tststststs! Erro meu ter mirado perto de você, garotinha!

——E aqui está o que eu aguardava.

Preparo meus punhos e faço a minha pose de ataque.

— Me desculpe, mas não posso permitir que você exploda essa sala.

— Tshhhhh! Não me lembro de ter pedido sua permissão para isso!

Ele mira novamente o seu canhão em mim, e nisso eu me preparo para dar um novo golpe, mas ele rotaciona sua arma 90 graus, e dispara em umas das paredes locais.

KABUM!

Por que ele fez isso?! Nem os computadores ficam para aquele lado!

…Hã? Espera—

Quando percebo, o buraco na parede destruída dava acesso à superfície da fortaleza. Por causa disso, vários dos cavaleiros do Império começaram a pular pela fenda aberta, vindo direto ao nosso encontro.

Então era essa a intenção dele?!

— Tstststs! O erro de muitos é subestimar a inteligência de um lagarto.

Ele mira novamente o canhão nos cientistas, enquanto que vários dos cavaleiros se dividem para nos atacar.

Tch, então não tenho escolha… Vou usar aquela técnica!

Eu respiro fundo e fecho com força os meus dois punhos.

Minha resistência de aço será severamente reduzida para completar essa ação, mas esse é o único jeito!

Eu me concentro bem e pronuncio as palavras.

— Mach 1!

Um círculo de vento contorna o meu corpo, e, na velocidade do som, começo a socar o ar em várias direções diferentes.

VUUUUM! VUUUUM!

VUUUUM!

Ondas geradas pelo impacto dos meus punhos com o ar colidem direto com os meus inimigos.

Eles são levados em montes pelo ar.

Até o homem lagarto é empurrado com tudo contra uma das paredes.

Eu continuo com os golpes por mais algum tempo até sentir minha respiração pesar.

Não! Isso ainda não é o suficiente!

Apesar de estarem levando dano pelo impacto causado, eles ainda estavam sendo capazes de se reerguerem.

——Preciso ir além!

Eu me concentro novamente e pronuncio as próximas palavras.

— Mach 2!

Um segundo círculo de vento se origina ao meu redor.

— Cof! Cof!

Eu começo a tossir sangue.

Vamos, eu preciso continuar!

A velocidade dos meus socos se duplica, e as ondas de choque são ampliadas em duas vezes.

VUUUUM! VUUUUM!

VUUUUM!

Cavaleiros começam a ter partes de seus corpos rasgadas pelo vento.

Eu continuo com os ataques por mais algum tempo, e assim caio de joelhos no chão.

Então esse é o meu limite…? Cof!

Pelo menos os cavaleiros pararam de aparecer… Até mesmo o homem lagarto foi—

——Hã?? Aonde ele está?!

Eu olho para os lados afim de o encontrar, mas não o vejo em lugar algum. De repente—

TUM!

Minha cabeça é pressionada contra o chão.

Eu rotaciono minha visão para ver do que se tratava, e noto uma grande pata em cima da minha cabeça.

——Era ele.

— Tsssss! Esses seus golpes realmente me deixaram tonto! O que me deixou com muita raiva!

Ele estica seu braço direito para frente e solta o que carregava consigo.

— Não!!

O objeto em questão era a cabeça de um dos cientistas. Ela cai rolando bem diante dos meus olhos.

Ele os matou?? Como?! Cof! Será que foi em algum ponto cego que deixei escapar??

— Seu desgraçado…! Cof! — Grito, com uma voz já impotente.

— Tsssssss! Você não é a primeira a me chamar assim, mas certamente será a última, assim que eu quitar o meu débito com aquele dreamian.

Débito…?

Ele continua a falar.

— Antes de você chegar aqui, eu vi você junto a ele montados numa quimera. Tstststs! Não sei qual a sua relação com ele, mas no mínimo aliados eu sei que são.

— Arghh!

Ele pega meu braço direito e começa a puxá-lo para cima.

— O que eu vou fazer com você agora é parecido com o que ele fez com o meu amigo Alfred. Tssssss… pobre coitado. Depois de ter levado tantos socos na cara, ele acabou sendo internado na capital.

— Eu não sei do que você está falando! Cof!

O lagarto sorri.

— Tststststs! Você não precisa saber, basta que ele saiba.

— Arghhh!

Ele puxa ainda mais o meu braço até escutar um estalo.

——Ele havia o quebrado.

— Arghhhhhhhh!!!

Ele arranca o meu braço fora, e o joga em um outro canto da sala.

— Tssssss! E com isso o meu débito é quitado. Até nunca mais, tshh!

Assim dito, ele deixa a sala.

Será esse o meu fim…?

O buraco no meu corpo começa a jorrar sangue.

“………”

Então… a pessoa a quem ele se referia era… você, Kazuki? Bem, eu não te culpo…, afinal eles são os nossos inimigos, não são…? Quantos eu devo ter destruído só hoje…? Dezenas? Acho que por aí…

E também, me desculpe… mesmo socando vários, eu não consegui resolver a situação por aqui… Acabei sendo patética, deixando tudo em suas mãos…

Pelo visto… o significado daquele sentimento…, vai acabar ficando para uma outra vida…

…Hm?

Antes da minha visão se perder completamente na escuridão, noto a silhueta de um homem com chapéu, vindo ao meu encontro.

Quem… é ele?