Aether: O Mundo em um Sonho - Capítulo 34
“Agilizem o passo, antes que anoiteça.”
Baku corria com tudo, seguindo as diversas placas que surgiam como mágica pelo caminho.
O dia ia escurecendo, e uma névoa roxa escura ia se formando na floresta.
Vozes de dor e sofrimento ficavam cada vez mais audíveis.
— Gi! Não estou gostando disso… Essa névoa está muito diferente em relação as outras!
Então a placa falava mesmo a verdade?
— Baku, não tem como ir mais rápido?
— Já estou na velocidade máximo amigo! Mais rápido que isso só o burro!
Scarllet estava atenta, observando os diversos padrões de aparição das placas, e os locais para os quais ela nos guiava, até notar algo peculiar. — Estou vendo um campo de força mais ao norte, acho que é para lá que elas estão nos mandando ir. Mas do jeito que as coisas estão indo, não sei se conseguiremos chegar lá a tempo… Já é quase noite!
——?!
Lily rapidamente sai do meu bolso e começa a balançar sua varinha, lançando um feitiço direto no ar.
CRASH!
Ele repele alguma coisa que vinha em nosso sentido.
— Hã?! O que foi isso—Argh! — Um outro objeto passa de raspão no meu ombro, e uma pequena fração da minha vida vai embora.
— Mestre! Gahh! — Loveta também geme ao ser acertada.
Tch, o que está acontecendo…?! Não estou conseguindo ver nada!
Lily usa sua magia para curar nossos ferimentos.
— São ninjas. — Diz Scarllet. — Eles estão disfarçados com roupas escuras, e se escondendo entre os galhos e folhas das árvores. Fiquem atentos.
Nós confirmamos ao que ela disse.
Eu observo as árvores com maior foco, e assim consigo vê-los também.
Não parecia, mas eles estavam em grandes quantidades. O nível deles variavam entre 30 e 40.
Eu preparo o meu arco e começo a atirar flechas em todos que eu conseguia identificar. Alguns eu conseguia acertar, mas a maioria se desviava facilmente—Óbvio, eles são ninjas afinal.
Loveta também, sempre que podia, lançava suas correntes em direção às árvores. Mas os atingir continuava uma tarefa difícil.
Eu reparo numa shuriken que vinha direto no meu rosto. — Merda! Nesse curto intervalo de tempo eu não vou…!
CRASH!
——Ela é repelida por uma barreira mágica que surge instantaneamente diante dos meus olhos—Era o poder da Lily.
Ela estava concentrada conjurando uma barreira que conseguia acobertar todos nós. Todas as shuriken que vinham na nossa direção eram agora rebatidas por ela.
— Valeu Lily!
Eu conseguia ver o esforço em seu rosto. Ela claramente não conseguirá manter essa barreira por muito tempo, mas até chegarmos ao campo de força, deverá ser o suficiente.
Baku continua na sua máxima velocidade, até o solo da floresta começar a sacudir. Nós rapidamente nos agarramos em seus pelos para não cairmos.
— Gya! São golens!!
Eu junto minha visão com a da Loveta e os identifico também. Eram golens do tipo elemental, que usavam armas das mais diversas. Apesar de lentos, eles vinham com tudo para cima da gente. O nível deles estava acima de 70. O solo vibrava a cada passo que davam.
Um deles conjura uma bola eletricamente carregada, e a lança em cima da gente.
Tch! A barreira da Lily não vai aguentar um ataque de nível 70 que nem esse!
Vendo a nossa preocupação, Scarllet rapidamente fica de pé, e invoca uma espada transparente. Nisso, as pontas de seu cabelo ficam douradas.
— Hyaaa!
Ela lança um corte horizontal no ar, e a bola de energia que nos ameaçava é cortada em duas, explodindo-se em seguida.
— Esse ataque agora foi—
— A Excalibur… — Diz ela. — Mas só estou usando 5% de sua força, por isso ela está meio invisível.
— A Excalibur?? Caramba!
Como eu tinha desmaiado aquele dia, não tinha conseguido a ver usando essa espada ainda, mas se considerar que apenas 5% consegue fazer um estrago como esse… Como seria 100%?! E espera, o nível dela realmente aumentou em 9?? Ela está agora nível 74! O seu colar também brilhava, mas pouco, nada que pudesse fazê-lo rachar.
— …Toma cuidado, viu? — Eu a alerto de toda a forma.
Ela sorri. — Não se preocupa, não tenho intenção de usá-la mais que isso—Hã?! — Ela se assusta ao ver uma enorme espada gigante e voadora de um olho só. Loveta rapidamente age prendendo suas correntes na espada e a arremessando para fora.
BOOOM!
A espada voa e atinge outro golem, fazendo-o perder o equilíbrio e cair em meio ao campo.
— Eu também sei lutar, viu! — Loveta se embravece. — Akami pode até ter essa Excali não sei o quê, mas eu tenho as Kazuki-chains! Elas são bem melhores na verdade, Gufufu!
Kazuki-chains…? Essa é nova.
— Segurem firme! — Grita Baku. — Nós vamos atravessar a barreira de força agora—
Nós rapidamente nos agarramos mais forte em seus pelos e nisso—
FLASH!
——Uma forte luz nos cega.
Aos poucos começamos a recuperar nossas visões, e, quando notamos, estávamos já dentro do lugar.
No centro do campo havia uma mesa comprida, com uma pessoa tomando chá. — Aceitam um gole? — Pergunta o homem.
A pessoa em questão era loira, tinha olhos bem fechados e usava um chapéu de cowboy.
Vendo nossos olhares de dúvida e estranheza, ele prossegue. — Não tenham medo. Não vou atacá-los.
Baku encara o homem e se aproxima dele.
— Você… Você é um deus!
Ele sorri. — Ora, mas é claro que não. Sou apenas um simples homem, que gosta de um simples chá.
— Não, não! Você é um deus, e eu tenho certeza! Sua aura não me engana!
— Minha aura? Ora, ela é apenas um disfarce para afastar os monstros daqui, sabe? Não sou nada mais que um simples homem, que sabe fazer alguns simples truques. Podem me chamar de Mister M. aliás. — Ele bebe mais um gole de seu chá.
Baku continua encarando o homem, mas logo decide ceder e vir para o nosso lado.
Scarllet dá alguns passos afrente. Seus olhos estavam mais afiados que nunca. — Suponho então que você não seja um moonstruck, certo?
— Claro que não. Sou apenas o intermediário que os levará até eles.
…Intermediário?
— Como exatamente, você planeja fazer isso?
— Com truques. — Responde ele.
— Eu perguntei, como exatamente.
— Com truques. — Responde ele pela segunda vez.
Receosa, Scarllet se silencia.
Ao meu lado, Loveta começa a rugir. — Grrrr! Isso tudo está muito estranho!
— Phew, não foi você, a primeira a querer seguir a placa desconhecida?
— Gi! Eu já te falei que foi porque eu estava cansada…
Enquanto isso, a expressão de Mister M. não se alterava. Ele continuava com o seu confiante e estranho sorriso.
Eu tenho que dizer, esse homem é realmente misterioso… Tão misterioso que me dá arrepios! Para começar, como ele sabia que estávamos indo atrás dos moonstrucks? Por que ele gostaria de nos ajudar? E por que ele deu uma resposta tão vaga quanto aquela para uma pergunta simples que a Scarllet fez?
Bem, acho que só há uma forma de saber…
— Vocês já gastaram cinco das sete perguntas que podem me fazer. Escolham com sabedoria as duas últimas.
— Gya! O quê?! Desde quando a gente só pode fazer sete perguntas?! — Loveta se enfurece.
— Desde que eu assim determinei. Vocês correm contra o tempo, então suponho que cada minuto que vocês tenham seja precioso, não? — Mister M. bebe mais um gole de seu chá. — Mais uma pergunta resta a vocês.
Loveta ia falar mais alguma coisa, mas Scarllet rapidamente tapa a sua boca.
— Tenha calma Loveta… Isso tudo está realmente estranho, mas vamos avaliar a situação com cuidado.
— Tch, tudo bem…
Mais uma pergunta, né? O que será que poderíamos perguntar que seria útil de alguma forma? Porque várias das perguntas que fizemos até agora não foram lá de muita ajuda, na verdade, elas foram completamente inúteis!
Hum, ele sabe que estamos atrás dos moonstrucks, sabe que estamos sem tempo, e ele provavelmente sabe que ele é o único meio que temos para chegar até eles… Então acho que a única questão que fica agora é se podemos ou não confiar nele… Espera, confiar?
Eu dou um passo adiante.
— Já sabe o vai que perguntar?
Confirmo positivamente à pergunta da ansiosa Scarllet, para então encará-lo.
— Mister M., você está do nosso lado?
Ele sorri. — Sim, eu estou. — Assim dito, ele se levanta da cadeira e se aproxima da gente, me entregando um envelope. — Todos os passos que vocês precisam seguir para chegar até eles estão contidos nesse sobrescrito.
Mister M. retira o seu chapéu de cowboy da cabeça e o sacode para baixo. Nisso, um objeto pequeno cai no chão, vindo a crescer e se transformar em uma porta comum.
— Gyaa! — Loveta se espanta, enquanto que Scarllet e Baku arregalam os olhos.
Lily, que até então apenas observava a cena, se aproxima dela, fazendo as portas se abrirem. A visão que vinha lá de dentro era de um lugar que parecia uma estação.
— Boa sorte. E ah, podem deixar que eu entrego este burro à Aneesa. — Assim dito, ele desaparece, juntamente com toda a barreira mágica mais o burro.
Os corrompidos logo nos enxergam novamente.
— Droga! Melhor entrarmos logo!
Eles confirmam ao que eu disse, e, assim, atravessamos o misterioso portal.