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A Rosa Fantasma - Capítulo 14

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  3. Capítulo 14 - Do inferno para a superfície (2)
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Uma pousada de quatro andares com paredes sem nenhum revestimento ficava a menos de setenta passos da praça da cidade. As esquadrias da edificação aparentavam estar bem fragilizadas por culpa dos ataques de cupins e do tempo. Acima da entrada principal, havia um pequeno letreiro desgastado com a frase “Pensão da Abadia”.

— O lugar que Aria nos indicou para passar a noite parece ser bastante aconchegante, não? — Owen falou enquanto caminhava rumo àquela velha construção.

— Tudo o que consigo enxergar é um amontoado de lixo. — Ellen forçou uma risada. — Por que não damos meia volta e procuramos um lugar que tenha a cara de lar, doce lar, e não de uma edifício mal-assombrado?

Para alguém que estava sempre se gabando de não ter medo, a voz trêmula dela deixou o jovem de cabelos pretos intrigado, fazendo-o pensar que, talvez, a sua parceira estivesse com medo de fantasmas ou algo do tipo.

— Você ouviu o que a filha do Marcos disse. Todas as outras hospedarias estão superlotadas. Provavelmente, esta é a última que ainda possui quartos vagos.

— Nem imagino o motivo. — Suspirou. — Que merda de maldição é essa que jogaram em mim, eim? Será que nada vai dar certo hoje?

Ellen estava exausta e seu pé direito bastante maltratado por ter sido obrigada a caminhar descalça durante a tarde toda. E para tornar a situação ainda pior, o clima tinha fechado completamente por causa de uma tempestade que ameaçava cair a qualquer momento.

— Não temos muita escolha. É ficar aqui ou na casa do governador. Qual você prefere?

— Hugh… Isso não vai dar certo… Estou com um péssimo pressentimento…

Não entendendo o motivo para a garota de cabelos brancos estar agindo de maneira tão esquisita, Owen apenas deu de ombros, abriu a porta da hospedaria e entrou.

— Uou!

Contrariando a vista grosseira do lado de fora, a recepção era um local incrivelmente requintado, harmonioso e decorado.

No lado direito, existia um sofá estreito de dois lugares e uma mesa de chá com adornos em dourado. Na esquerda, ficava a recepção com um pequeno balcão de madeira lindamente detalhado. E, no centro, havia uma escadaria de mármore que levava aos andares superiores.

— Mamãe, temos clientes!

Em um canto afastado, uma garota pintava uma tela com o dobro do seu tamanho. Ela tinha por volta de quatorze anos, cabelos ruivos feito o céu ao entardecer e olhos castanhos claros. Em nenhum momento, fez questão de desviar a atenção da pintura para os recém-chegados.

— Estou indo! — Em resposta ao chamado da criança, uma mulher desceu as escadas até a recepção. — Bem-vindos. Meu nome é Abadia Muniz, dona desta pensão. Posso ajudá-los?

A semelhança dela com a criança pintora chegava a ser surreal. Qualquer um que observasse as duas juntas poderia jurar que estava olhando para um retrato de antes e depois.

— Boa noite. Gostaria de alugar dois quartos de solteiro por três dias e duas noites. — Owen respondeu educadamente.

— Ah… Sinto muito, mas, no momento, temos apenas um quarto disponível.

— APENAS UM?! COMO ASSIM?!

Ellen gritou e partiu para cima do balcão parecendo um gato temperamental mostrando as garras. A recepcionista recuou alguns passos, surpresa com o ataque súbito da jovem de vestido esfarrapado.

— S-sim! Desculpe-me!

— Ei, Ellen! Não seja rude com a dona do lugar!

— Não, não, não, não, não! Isso já deixou de ser apenas uma maré de azar pra virar perseguição! Os deuses só podem estar brincando com a minha cara!

— Ah! Então, era por isso que você estava agindo estranho! — Owen sibilou de forma desdenhosa. — Não era medo, e sim ansiedade…

Ellen encarou o seu parceiro com um olhar mortal, fazendo-o calar no mesmo instante. Depois, voltou-se para Abadia.

— Você está querendo que eu passe a noite inteira com um maníaco pervertido igual a ele?! Está dizendo que vou ter que dormir na mesma cama que ele?!

A recepcionista continuava recuando lentamente, temendo que aquela garota mostrasse as presas e pulasse na sua jugular a qualquer momento.

— Primeiro: não sou nenhum maníaco pervertido! Segundo: ninguém, em momento algum, afirmou que iremos dividir a mesma cama. Terceiro: já tem mais de dois anos que moramos sobre o mesmo teto, por isso, não faz o menor sentido começar a dar chilique logo agora!

— Estou reclamando exatamente porque conheço o ser repugnante que vive perto de mim! Fora que em casa, mais precisamente, no meu quarto, fico protegida por quatro paredes resistentes e uma porta de madeira maciça com quase uma dezena de trancas. Só Deus sabe o que você pode tentar fazer com o meu corpinho enquanto eu estiver dormindo profundamente…

Ellen fingiu estremecer, fazendo uma veia de raiva pulsar na testa de Owen.

— Bruxa, você já deveria saber que não é inteligente ficar instigando um jovem na flor da idade feito eu…

Sorrindo maliciosamente, ele pegou a sua carteira e retirou de lá algumas cédulas generosas de dinheiro sem fazer questão de contá-las.

— Vamos ficar com o quarto. — Sacou mais duas e as jogou sobre o balcão. — E este extra é para que não nos interrompa caso algum vizinho apareça durante a madrugada reclamando que estamos fazendo muito barulho…

Assobiou e tocou a bochecha da garota de cabelos brancos com o seu dedo indicador, fazendo-a cerrar as mãos e os dentes, em fúria.

— Ei, por um acaso, te dei permissão para me tocar, idiota?! — Owen caiu igual uma pedra assim que a legior o chutou entre as pernas. — Lembro de ter deixado bem claro que se você voltasse a falar merda, iria acabar dessa manei—

Plaft.

O som do objeto que se chocou contra o rosto de Ellen ecoou bem alto.

— Ai! O que foi isso?! — Um líquido azul escorreu da testa até a boca, fazendo-a tossir por causa do gosto forte de tinta. Assim que olhou para o chão, encontrou a arma do crime. — Um pincel…?!

— Dá pra pegar logo a chave do quarto e desaparecer da minha frente? Não consigo me concentrar na pintura com você berrando.

Pela primeira vez, a criança de feição debochada e calculista encarou Ellen. O pequeno sorriso em seu rosto estava repleto de travessura e divertimento. Naquelas írises que pareciam devorar tudo o que tocavam, o único sentimento que não demonstravam ter, era medo.

— O que diabos você acabou de fazer, pirralha?!

— O que você acha? Tentei colocar um pouco de cultura dentro da sua cabeça. No entanto, pelo som que ecoou quando o pincel acertou a sua testa, notei que, talvez, o seu cérebro seja pequeno demais para que caiba algo dentro.

Abadia tapou a própria boca, perplexa com a atitude da sua filha.

— Sofia! Mais educação ao falar com os clientes!

Ellen estava vermelha com os olhos arregalados, tremendo de tanta raiva. Por isso, Owen — que ainda lutava para tentar se levantar — começou a rir sem parar.

— Parece que você encontrou uma oponente à sua altura! Alguém que não tem medo dos seus ataques histéricos!

— Cale a boca, maldito! Não me obrigue a te chutar de novo! — Fechou os punhos e fez uma expressão ameaçadora. — Anã de jardim, você aparenta ser aquele tipo de pessoa que ama aprender coisas novas. Então, que tal eu te ensinar um pouco da boa e velha matéria chamada “educação”? Eu nem preciso de um livro, apenas um resistente galho de goiabeira e a palma da sua mão direita serão o suficiente.

— Com braços finos e anoréxicos iguais aos seus, tenho certeza absoluta de que não sentirei nem cócegas.

A criança chamada Sofia deu um sorriso triunfante, ciente de que tinha ganhado o duelo de palavras.

O que restava da escassa paciência de Ellen se esgotou de vez e ela correu para cima da ruiva, berrando e cuspindo fogo para todos os lados. Entretanto, pouco antes de alcançá-la, Owen a catou pela cintura e começou a carregá-la na direção das escadas.

— Solte-me! Aquela pirralha precisa aprender a arte de respeitar os mais velhos! Apenas uma cintada nas costas e meia hora ajoelhada em grãos de milho serão o suficiente, eu prometo!

Lacrimejando de tanto rir, ele acenou para Abadia, pedindo para que ela arremessasse a chave do apartamento.

— Quarto 405, senhor. — Disse, atendendo ao pedido.

— Muito obrigado!

Owen piscou para Sofia, agradecendo silenciosamente pelo entretenimento e continuou arrastando a sua parceira — que não parava de se debater e gritar feito uma criança mimada — degraus acima.

— Só mais um aviso! Se eu fosse você, lavaria o rosto o mais rápido possível! Tinta à óleo não é conhecida por fazer bem para a pele!

A ruiva gargalhou, enfurecendo ainda mais a já descontrolada Ellen.

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