A Herança do Assassinato - Capítulo 11
A Capital do Continente Feivur. Este é o próximo destino de Dante. Essa cidade foi construída após a guerra dos três grandes reinos de Feivur: Liryo, Ester e Trusca, como uma forma de unificação, lego ela está localizada na área onde estas três grandes nações se encontram.
Liryo, uma região montanhosa, o que lhe permite conseguir uma variedade incrível de minérios, e com temperaturas extremamente baixas, tendo nevascas constantemente. Ester, este reino ocupa a maior parte do litoral do continente, logo ele tem sua economia baseada na pesca e exploração marinha. Trusca é uma região repleta de planícies e florestas, logo sua principal fonte de dinheiro é a de caça e da agricultura.
A Capital era uma enorme potência, que juntava as características de cada reino em um único lugar, por muitos, aquele lugar era considerado um verdadeiro paraíso na terra.
Atualmente Dante se encontra no meio da região de Trusca, a uma distância de alguns dias caminhando até chegar à Capital, porém, por que ele estava indo para lá ao invés de ir diretamente para a mansão River? Isso se dava por causa de diversos fatores.
A mansão era um lugar muito bem vigiado e protegido, além de abrigar uma quantidade enorme dos mais treinados assassinos do continente.
Durante o tempo que ele passou treinando com sua família, seu pai lhe contou que os Rivers tinham bases espalhadas por todo o continente, isso incluía a capital. Elas serviam para guardar suprimentos e para os agentes se esconderem durante as suas missões.
O plano era ir para a capital, destruir a base e eliminar os assassinos que estivessem lá. A partir daí é acabar com a família River aos poucos.
— O plano é simples, o complicado é executar.
Realmente, era mais fácil falar do que fazer, porém agora Dante tinha que se preocupar em chegar na Capital.
Já tinha se passado muito tempo desde a sua partida. O jovem mal tinha visto o tempo passar, então quando se deu conta percebeu que o sol já estava começando a se pôr. Olhando para o ambiente ao seu redor, Dante pode perceber que estava cruzando um bosque e provavelmente teria que acampar por ali.
Ele não queria ter que fazer isso, já que ele podia ser atacado por algum animal selvagem ou ladrões, enquanto dormia, além de não ser confortável.
Decidiu então, caminhar um pouco mais, para ver se encontrava algum vilarejo, o que não demorou para acontecer. Quando o Sol estava prestes a se pôr, Dante avistou algumas casas.
Ao se aproximar um pouco do local, pode ver que era um pequeno vilarejo, que provavelmente não tinha mais de cinquenta metros quadrados, mas mesmo assim as ruas eram bem iluminadas e tinham um grande número de pessoas caminhando. O que fez Dante guardar sua espada na mochila, para que não tivesse nenhum problema.
Na frente do vilarejo tinha uma grande placa escrita “Bem-vindos à Leizi” e adentrando nela, pode ver que estava acontecendo uma espécie de festa. Haviam diversas barraquinhas vendendo comidas, bebidas e artesanatos. Então aconteceu, tinha sido extremamente rápido, que ele nem sequer teve tempo de reagir. Quando se deu conta estava completamente cercado por diversos vendedores, que ofereciam seus produtos
— Opa, gostaria de comprar a mais gostosa especiaria da cidade Leizi? Pasteis de legumes!! Tá saindo três por dez!!
— Meu amado, não está interessado nas nossas bonecas da sorte de Lazer?!
— Leve umas das nossas máscaras, elas são confeccionadas de forma totalmente manual!!
Com toda aquela multidão esmagando o corpo do jovem, até mesmo respirar tinha se tornado uma tarefa difícil . Dante precisava escapar dali antes que morresse sufocado, então ele começou a se esgueirar entre as pessoas, atravessando de pouco em pouco aquela enorme barreira. Quando conseguiu fazer isso, não se deixou distrair e saiu correndo, conseguindo escapar.
Agora, mais adentro naquela cidade, conseguiu perceber que ela estava um completo caos. Crianças corriam de um lado para o outro, homens bêbados dançavam sem motivo aparente e vendedores disputavam com unhas e dentes para não perderem seus clientes. Dante torcia para que achasse vaga em alguma estalagem, já seria horrível ter que dormir nas ruas e todo esse tumulto não melhorava em nada.
Dante então vestiu o capuz de seu casaco e começou a procurar algum lugar onde ele poderia ter uma boa noite de sono. Surpreendente isso não tinha demorado muito, quando ele foi na terceira pousada, conseguiu alugar um quarto e ainda por cima por um preço baixo.
Ele recebeu a chave e foi direto para seu quarto. Ele era pequeno,tendo apenas o essencial: uma cama, cabeceira, armário e janela, já o banheiro era compartilhado, mas era compreensível pelo preço que tinha custado.
Dante apenas tirou a sua mochila e casaco, os jogou sobre a cama e desfez o seu rabo de cavalo. Após isso, lentamente caminhou e sentou sobre a janela, observando aquela cidade barulhenta. Como o seu quarto ficava no terceiro andar, o que lhe proporcionava uma visão bem ampla. Apesar de todo o tumulto que estava nas ruas, todas aquelas barracas bem arrumadas e a iluminação bem feita, tornava aquela visão um tanto quanto bela.
A noite de felicidades naquela pequena cidade festeira estava indo muito bem, até que aquilo aconteceu.
O som de cavalos trotando invadiu o vilarejo. Um grupo de cinco equinos tinha acabado de chegar, mas o real problema eram as pessoas que estavam montando neles. Em cima de cada um dos animais havia um homem, todos vestiam roupas de couros e pareciam apenas serem alguns ladrões comuns, se não fosse pelo que andava atrás de todos eles.
O homem era grande e forte, estava coberto por um enorme manto negro e com uma gigantesca espada de duas mãos prendurada em suas costas. Seu rosto exibia uma aura robusta e amedrontadora, que era intensificada com a enorme cicatriz que surgia logo abaixo de seu olho e descia em direção a área da clavícula.
Com a chegada daquele pequeno grupo, aos poucos o clima festivo foi desaparecendo e no lugar entrava uma densa tensão. As pessoas estavam receosas quanto o que aqueles sujeitos poderiam fazer a eles, então conforme eles adentravam na cidade, os cidadãos abriam passagem e ao mesmo tempo que tentavam manter uma distância segura.
Quando os bandidos chegaram ao centro da cidade, os cavalos pararam de caminhar e um dos membros do quinteto desceu de sua carona. Ele era meio magrelo, tinha cabelo castanho curto e um nojento sorriso de arrogância estampado na sua face. O mesmo sacou uma espada curta que estava pendurada em sua cintura e começou a balançar, como se fosse uma espécie de brinquedo.
— Uma boa noite, senhoras e senhores — Sua voz era bem aguda e irritante — Nós soubemos que aqui nesta vila estava rolando uma festa e tanto, mas não se preocupe, não vamos atrapalhar, só queremos cobrar os “impostos”.
O magricelo apontava sua espada para a multidão, exibindo todo um ar de superioridade perante aquelas pessoas.
— Não será nada demais, apenas cem por cento de todas as vendas efetuadas até agora — O ladrão falava como se tivesse acabado de efetuar um xeque-mate.
Diversos murmúrios surgiam entre as pessoas. Elas estavam assustadas,pois mesmo sendo um grupo pequeno, muitas mortes podiam ser acarretadas se resistissem. Até que então uma ingênua garotinha dá um passo convicto à frente.
— Você não pode fazer isso!! — gritou a criança — Todo mundo se esforçou para que o festival desse certo!! Você não pode roubar tudo como se fosse superior!!
Aquela atitude pareceu irritar o ladrão, que avançou na direção da criança.
— Você tá mal educado demais para o meu gosto, menininha.
Uma mulher sai desesperada da multidão e agarra a criança.
— Mil perdões!! Por favor, não machuque a minha filha, eu pago o que for!!
O ladrão encarava aquelas duas de cima,com uma expressão de nojo estampada no seu rosto.
— Vai pagar, é?
De repente o homem chuta a face daquela mãe com toda a sua força, assim derrubando a mulher no chão e causando alguns machucados. Aquela cena parecia prazerosa para o agressor, que abriu um enorme sorriso ao ver a mulher se machucando.
— Mamãe!! — a criança gritou de desespero — Não machuque a mamãe!!
—Você e sua mãe já me irritaram o bastante e também estou achando que esses cidadãos precisam de exemplo para seguirem algumas ordens.
O ladrão a agarra pelos cabelos e começa a puxar para junto do grupo de invasores. Os cidadão ameaçaram protestar contra aquele ato, porém os ladrões sacaram suas armas como uma forma de advertência, intimidando aqueles que tinham avançado contra eles.
Enquanto isso Dante observava isso tudo de sua janela.
“É uma situação ruim, porém é melhor eu não interferir, isso iria causar muitos problemas para mim.” pensou o garoto, “Além de que a minha intervenção pode causar alguma morte acidental, se eu ficar aqui, o máximo que pode acontecer é alguém ter só uns leves ferimentos.”
Dante estava prestes a fechar a sua janela, quando se deparou com uma cena que lhe traria memórias que ele preferia ter esquecido.
Aquele homem magricela tinha jogado a garotinha nos braços de seu amigo, que agarrava com força, enquanto ela se debatia e gritava por socorro.
— Vamos, deixe de fazer pirraça, vai ser rápido e não vai doer nada —A expressão psicopática que tinha se formado no rosto daquele sujeito é algo realmente assustador — Logo logo a sua mãe vai estar junto com você.
Observar aquilo fez com diversos flashs surgirem na cabeça, um atrás do outro, em uma velocidade sem precedentes. As cenas do assassinato de Eliza e Harry, era apenas isso que ele pensava. Mesmo não tendo visto seus corpos, seu cérebro fazia questão de imaginar milhares de resultados para como seu pai havia os matado, se tinha sido ágil ou até brutal.
Instantâneamente um refluxo surgiu em seu estômago, juntamente de um forte enjôo. A vontade de vomitar era enorme, porém Dante tinha conseguido se segurar. Ao se recuperar um pouco do seu mal estar, voltou para a janela vendo aquela cena, mas desta vez seu pensamento não era mais o mesmo de antes.
O bandido então levanta a sua espada, se exibindo bastante antes de dar o golpe naquela criança.
— Acho melhor vocês obedecerem — disse o ladrão, enquanto esbanjava um sorriso —, se não os próximos serão vocês!!
Aquela pequena garotinha esperneava nos braços daquele ladrão, que também parecia gostar de fazer aquilo, o seu semblante de desespero era nítido, enquanto ela chorava e gritava por ajuda. A multidão queria ajudar, mas todos estavam desarmados e com medo do que poderia acontecer a eles se interferisse.
Então começou.
A lâmina do ladrão começou a descer na direção da criança rapidamente, decretando a sua execução. O tempo pareceu ficar mais lento conforme a lâmina se aproximava da garota, até que segundos pareciam ter se tornado anos, anos de desespero, enquanto observava a morte vir te buscar, mas não podendo fazer nada para impedir isso.
Pelo menos era o que parecia.
Quando a espada estava prestes a atingir o seu alvo, um som estridente de metais se colidindo. Quando todos se deram conta, a espada já não estava mais na mão de seu portador, ela estava girando em pleno ar, até que caiu no chão de paralelepípedos da cidade.
— O que aconteceu? — perguntou o ladrão, assustado.
Apesar de ter sido surpreendido pelo seu desarmamento repentino, isso não foi o que mais assustou o homem. Onde estava a garota? Ela não estava mais nos braços de seu colega, porém não tinha como ela ter se soltado tão rapidamente e sem que ninguém notasse.
— Quem fez isso?! — gritou o magro — Quem arrancou a espada de minhas mãos?!?!
Ele não era o único surpreendido, a população da cidade e até mesmo o líder daquele grupo de ladrões, que não tinha esboçado nenhuma reação aos acontecimentos anteriores, estava demonstrando uma forte inquietação quanto a aquele momento, pois ninguém tinha visto o que acabará de acontecer, foi como um “flash”.
— Sinta-se grato por eu apenas ter arrancado sua espada e não os seus braços.
Uma sinistra voz masculina rompeu a escuridão, vindo da parte traseira de onde os ladrões se encontravam.
Quando todos se viraram na direção que a fala tinha surgido, se depararam com uma figura encapuzada e coberta por uma enorme capa negra rasgada. Em seu braço destro portava uma katana, enquanto no outro ele carregava cuidadosamente algo que parecia ser bem grande e quando se deram conta, perceberam que era a mesma garota que tinha sido pega pelos bandidos, agora estava sobre os braços daquele homem misterioso.
“Quando ele apareceu ali? Como ele tinha pego a criança e desarmado sem que ninguém percebesse? Quem é esse cara?” Essas eram as questões que as pessoas faziam no momento, pois ainda era muito cedo para definir se aquele sujeito era amigo ou inimigo.
O encapuzado então caminhou até a calçada, onde ele cuidadosamente deitou a criança, que tinha desmaiado, muito provavelmente pelo choque que havia sido aquela cena. Fazendo isso, acabou por dar as costas para o grupo de bandidos, sem preocupação alguma de ser atacado.
— He, He, ou você é arrogante ou é muito burro — disse com irritação um dos ladrões — Você mais morrer agora!!!
Um ladrão que ainda estava montado em cima de seu cavalo, sacou seu arco e flecha em um movimento de alta velocidade, assim apontando e disparando um projétil contra o encapuzado, enquanto ele ainda estava de costas.
O bandido estava convencido de sua vitória, mas essa confiança foi completamente destroçada quando aquela figura misteriosa rapidamente girou e golpeou a flecha com sua katana, antes que ele mesmo fosse atingido. Desta forma ele acaba por revelar o seu rosto ou pelo menos quase isso.
Ao efetuar aquele giro a forte luz da lua que brilhava naquela noite iluminou o local onde estaria localizado a sua face, mas no seu lugar havia apenas uma máscara de raposa, que era muito semelhante às máscaras que são vendidas em algumas barracas da cidade.
— Está na hora — disse o mascarado, enquanto levantava sua espada contra o quinteto de ladrões — de colocar um ponto final a esta noite.