A Criança do Lich - Capítulo 2
Capítulo 2: Despedida.
“Liches… seres imortais que alcançaram a vida eterna através de rituais sombrios e proibidos. São seres poderosos, mas à medida que alcançam a imortalidade, também sacrificam parte de sua humanidade.”
Os Liches, de acordo com os antigos manuscritos, são magos que buscaram a imortalidade a qualquer custo. Para se tornarem Liches, eles realizaram um ritual profano, transformando suas almas em uma filactéria, um objeto mágico que contêm sua essência. O corpo humano se decompõe, mas a filactéria o mantém vivo, permitindo que vivam por séculos, senão milênios.
No enquanto essa imortalidade tem um preço. Eles se tornam seres frios e distantes, muitas vezes movidos pela sede de conhecimento e poder. Eles buscam aprendizado constante e aquisição de magia para aumentar ainda mais seus poderes.
O quarto estava mergulhado na escuridão, exceto por uma luz fraca que vinha de algumas velas que estavam dividias em uma de cada lado da cama. O visitante que a poucas horas havia teleportado o garotinho para sua torre. Estava tomando o papel de anfitrião, já que, estavam em seu covil. Apenas observava Gael, dormir tranquilamente, o efeito da magia de sono que lançara no menino em união aos danos causados pelos golpes que havia lhe causado, possivelmente deixaria o pequeno desacordado por mais algumas horas.
— Você é um mistério bem interessante, Gael. Consigo sentir um grande potencial vindo de toda essa bravura e coragem que me demonstrou mais cedo.
Sussurrou e estendeu a mão esquelética tocando suavemente a testa do pequeno. O garoto permaneceu adormecido, e sem qualquer reação perante o gesto do Lich.
— Seja bem-vindo, meu discípulo em potencial.
Sussurrou enquanto se afastava a passos calmo da cama, começando a examinar uma velha estante empoeirada que tinha ali, demonstrava certo interesse em encontrar um livro que em sua percepção deveria estar por ali. Mesmo com a baixa iluminação para ele não era nada difícil de se enxergar na penumbra como se fosse dia.
— Ah, aqui está você… — para si mesmo.
Ele retira um livro antigo da estante, e a capa desgastada pelo tempo. Este é o grimório antigo, que usaria para ensinar Gael as artes arcanas mais fundamentais, caso o garoto demonstre habilidades mágicas.
Folheava as páginas amareladas do grimório, suas órbitas vazias fixas nas palavras antigas. Murmurava pequenos encantamentos enquanto lê, lembrando-se das magias que ele próprio dominou ao longo dos séculos.
No entanto, enquanto ele lê, ele percebe algo preocupante. Gael é apenas uma criança de sete anos, e suas habilidades mágicas, se ele as tiver, serão limitadas. O Lich volta para as primeiras páginas do grimório, antes de o fechar com um suspiro silencioso.
— Sete anos… Ele terá apenas capacidade para alguns truques simples, se isso.
Nesse momento, a porta do quarto se abre suavemente, revelando uma figura feminina de tom de pele ardósia-azulado escuro, cabelos longos até metade das costas prateados, e olhos profundos cor lavanda, revelando sua herança drow, fez uma reverencia ao ver que seu mestre tinha voltado de sua busca noturna. Neste momento sua pele e suas túnica negra, adornada por padrões intricados e prateados, estavam reluzentes perante as velas que iluminavam ao redor da cama.
— Mestre Arasatra, seja bem-vindo de volta.
A sim, Elfaren Arasatra, esse era o nome do lich, a muito tempo pertencera a uma família de magos poderosos que ajudavam a manter a magia sobre controle, contudo isso nunca foi seu objetivo, poucos anos antes de fazer o ritual e se tornar um lich, Elfaren dizimou toda sua família junto de dois outros magos poderosíssimos com os quais ele criou A Trindade. Mas isso é história para um outro momento.
O lich se vira para encarar a drow com seus olhos verdes brilhantes, uma expressão de era você mesmo que eu precisava tomou conta do rosto esquelético de Elfaren.
— Alvaeh. Venha, temos muito a discutir sobre meu passeio.
Alvaeh Anvree, é a única serva viva em toda a torre e a única pessoa em que ele confiava a quase duzentos anos. E ele era a única pessoa viva ou morta em que a drow contava. Já que o mesmo a acolheu quando nem mesmo seu povo a quis, para si seu mestre era o mundo e um motivo pelo qual viver e morrer.
Ela dá dois passos dentro do quarto e só então ela repara em um garotinho deitado, em um sono profundo, pela situação do menino, ela supôs que ele seria o sacrifício para a filactéria de seu mestre.
— Acalme-se, ele não é um sacrifício. — suspirou pesadamente, as vezes conseguia a decifrar apenas com um olhar. — Este menino será meu discípulo em breve.
Isso a pegou de surpresa, nunca ouviu Elfaren falar em ter um aprendiz ou algo do gênero. Ainda mais uma criança tão jovem quanta aquela. Por um momento deixou se concentrar em analisar o corpo sobre a cama, o garotinho dormia tranquilamente, porém era visível algumas marcas de ter sido maltratado, foi quando voltou seu olhar para seu mestre.
— Não se deixe levar pela aparência, o menino tem mais fibra e coragem que muitos guerreiros de elite que conheci. Aliás…
Contou a ela tudo o que ocorrerá na cabana e como ele tinha se tornado seu discípulo, assim do nada. Alvaeh ficou surpresa por seu mestre ter se deixado levar por emoções tão mundanas como a curiosidade e o interesse em ver como terminaria tudo.
— Ele é tão jovem, mestre. Será que ele é capaz de aprender as artes arcanas?
— Isso ainda está para ser visto. Más há algo nele, algo que vale apena explorar.
— Mestre qual seu plano para o garoto? O que espera dele? — perguntava confusa com a resposta vaga dele.
— Minha querida Alvaeh, vejo potencial em Gael, potencial que ele ainda não compreende. Ele pode ser moldado à nossa imagem, tornar-se um mestre nas artes necróticas. — respondeu com um tom de voz firme e empolgado, algo que não passou despercebido pela prateada.
— Mas ele é apenas uma criança. É justo arrastá-lo para esse mundo cruel?
— A justiça, minha cara Alvaeh, é uma noção que há muito abandonei. A busca pelo poder é o que nos move, e Gael pode ser a chave para desbloquear segredos que nem mesmo eu conheço. — referindo-se ao que virá sobre sacrifícios por quem ama.
— E a sua filactéria, mestre? Não devemos mantê-la segura?
— Minha filactéria está segura, e Gael não é uma ameaça. Pelo contrário, ele pode ser nosso maior ativo.
Os olhos do lich brilhavam intensamente enquanto ele vislumbrava o quão interessante e imprevisível o futuro se tornaria a partir deste dia.
— Juntos moldaremos Gael e o guiaremos por este caminho. Se ele demonstrar habilidades magicas, ensinaremos a ele o que pudermos.
— E se ele não demostrar?
— Nesse caso, ele será nosso olheiro, nosso elo com o mundo exterior. Não subestime o valor de uma mente jovem e curiosa.
Alvaeh olha para Gael, que ainda dorme, com uma expressão pensativa. Ela compreende a ambição de seu mestre, mesmo que isso envolva uma criança.
— Enfim, não podemos fazer nada sem que ele acorde. — soltou o lich deixando o grimório que tinha pego sobre a cama e seguindo em direção a porta em seguida.
A serva apenas seguiu seu mestre, e saiu do quarto, logo os dois caminhavam lado a lado pelo longo corredor do penúltimo andar da torre. A torre em si tinha cerca de seis andarem sendo eles divididos da seguinte maneira, do térreo ao terceiro andar se tratava de uma grande biblioteca, a maior em questão de reliquias e livros sobre magia e tudo que envolvia, existia lendas sobre está biblioteca e seu conhecimentos magico, no entanto existem poucos vivos que sabem sobre sua localização. Já seu quarto andar era uma ala com alguns quartos e salas de pesquisas, essas que Elfaren usava rotineiramente. Enquanto o quinto era apenas quartos, a muito usado pelos magos que tomavam conta da biblioteca e uma grande sala que poderia ser usada como sala de reuniões e coisas do tipo. Por último o sexto andar era um observatório das estrelas e de todo o Vale dando uma boa visão para um posicionamento estratégico nele.
Conforme caminhavam passaram ao lado de dois esqueletos, que estavam montando a guarda do andar, o lich apenas fez um gesto com a mão e ambos foram em direção ao quarto onde o garotinho estava.
— É mesmo necessário dois deles, mestre? — perguntou o encarando.
— Só estou tomando precauções, não quero que ele acorde e fique zanzando por ai sem um acompanhante. — limitou-se a responder.
Assim os dois seguiram para uma das salas de pesquisas.
Voltando ao quarto de Gael, o livro sobre a cama ao seu lado começou a emanar uma aura vermelha que foi se expandindo com uma nevoa avermelhada envolvendo o corpo do garoto que dormia tranquilamente.
— Filho! — ouviu-se uma voz afetuosa o chamando.
A voz era familiar, era a voz da mulher que o criara, o amor incondicional de sua mãe. A escuridão que o cercava começou a se dissipar, revelando lentamente a silhueta familiar de sua mãe. Seus olhos se encheram de lagrimas de alívio de vê-la novamente.
— M-mãe? — sua voz saiu trêmula e falha.
Estava confuso, não sabia onde estava, mas a presença dela trouxe conforto a seu coração assustado. Ele sentiu os braços dela envolvendo-o, um abraço caloroso e reconfortante que o fez sentir-se seguro como a muito não se sentia.
—Meu querido, você está seguro agora. — sua voz era calma e transmitia carinho, que ele queria que nunca termina-se.
Ela acariciou seus cabelos, como costumava fazer quando ele era apenas um bebê. As memórias de antes dela adoecer inundavam sua mente.
— Mãe, eu senti tanta falta desse carinho.
— Eu também senti, meu amor. — disse ela com ternura. — Você foi tão forte, para alguém tão novo, meu filho, você cuidou de mim que era quem deveria ter cuidado de você. — complementou ela enquanto suas lagrimas escorriam pelos olhos.
— E-eu queria ter feito mais…
Os olhos de Gael agora estavam tomados pelas lagrimas, mesmo sendo apenas uma criança, ele sabia que aquilo não era real, mas ao menos era uma chance para se despedir de sua mãe. Apertou-se nos braços dela uma última vez, não queria que aquela sensação fosse embora, sem ela ficaria sozinho novamente e nada teria.
— Você é um garoto incrível, Gael. E eu quero que saiba que estarei sempre com você, mesmo que não possa estar fisicamente, sempre estarei em seu coração. — suas palavras de amor se entrelaçavam com a alma de Gael o reconfortando neste momento.
— Eu vou sentir saudades, mãe, mas prometo que irei seguir em frente e que irei realizar todos meus sonhos que me ensinou a ter. — mesmo entre as lagrimas suas palavras soaram com determinação.
— É isso que uma mãe deseja para seu filho. Nunca pare de sonhar, meu amor.
A névoa avermelhada que os envolvia começou a se dissipar, e Gael viu sua mãe sorrir para ele uma última vez.
— Siga em frente meu pequeno, trilhe seu caminho e seja a estrela que a mamãe sabe que você é. A mamãe te ama muito.
Suas palavras de carinho ecoaram por toda a escuridão que tomava conta do lugar novamente. Ela deu um beijo na testa de Gael antes de se tornar parte da escuridão que o cercava. Com isso o pequeno acordo com lagrimas escorrendo de seus olhos, sabendo que sua mãe estava com ele através de todo o amor que ela transmitiu para ele e que nunca a esqueceria.
— Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh… — gritou sem saber se era de frustação ou alívio.
Continua…
Nota do Autor: Olá! Bom dia, boa tarde e boa noite, já que não sei a hora em que está lendo este capitulo, essa Nota é para me explicar pelo sumisso, não que seja justificado, tive um problema com meu pc em um primeiro momento e dados uns problemas financeiros, não consegui resolve-lo de imediato, logo em seguida tive alguns problemas de saude, tive dengue e tive que fazer dois cirurgias neste meio tempo também, nada grave, o que quero pedir é desculpa pelo Hiato enorme e que estarei tentando ser semanal/quinzenal com a postagem, já tenho alguns capitulos prontos o que me dará uma boa margem de postagem, desde já obrigado pelos comentarios no primeiro cap. e vamos lá que a lenda da Criança do Lich só está começando!!!