A Classe Única - Capítulo 63
Posto de identificação a 400 metros, está escrito numa placa próximo as muralhas.
A fila percorria vários quarteirões de distância, havia muitos jovens inclusive crianças, bebês e até adultos.
O sol não parecia amigável, lançando fúria nas cabeças paradas de baixo dele.
— Nossa! Que calor — reclamou uma mulher bonita abanando um leque vermelho.
— Está mesmo. — concordou uma senhora de idade atrás dela. — Nunca te vi por aqui, a senhorita é de onde?
— De uma vila próxima. A fome devastou os campos, nada produz e o sol não ajuda. — explicou fazendo muxoxo.
— Essa situação está cada vez mais complicada. — coçou a cabeça.
— É verdade. — assentiu. — Esses malditos selecionados inúteis só trouxeram desgraça a Crystalfell. — fechou o leque de vez.
— Devo concordar. — suspirou a senhora de idade. — Desculpa a pergunta, mas… o que faz sem identificação dentro das muralhas?
— Ah… você não soube?! Agora há uma lei de migração em massa dos campos para a capital. O rei Laionel, quer que todos os vilarejos se mudem para a capital.
— Acho uma boa ideia. As terras estão inférteis, não é?
— Verdade, nosso rei segue bons conselheiros, o papa Gregório e o sábio Lucas.
— Os três sabem realmente trabalhar.
O jovem ouvia tudo atrás das mulheres na fila, guardava tudo consigo, a irá e o prazer de destruir todos da cidade.
— Próximo — gritou senhora gorda. Uma atendente repleta de altivez.
— Nome, por favor.
— Meu nome?! Meu nome é No-. “Obrigado senhor libertador”. Lembrou-se do garotinho.
— Anda logo aleijado inútil — resmungou um homem alto e careca atrás dele.
“Morto fala?”.
— Senhor?
“Algo relacionado a liberdade. Ah! Já sei”. — Meu nome é Freedom.
— Freedom? Nome peculiar em. — falou com desdém.
“inventei agora sua bruxa”. — cerrou a mão.
— Idade?
— 22.
— Porque está se identificando?
— Perdi o braço com a identificação. “Lógico que não é verdade”.
— No trabalho comum ou de aventureiro?
— Por uma doença.
— Trágico. De onde veio? — perguntava enquanto anotava tudo com uma caneta de pena numa folha.
— Próximo a vila Basr. “Espero que essa cole, até porque é a única próxima de onde surgi”.
— Aqui está — carimbou a folha antes entregar — Próximo! — berrou testando audição de quem estava logo atrás.
— Caia fora magr-. — preparou para empurra-lo. — Paralisia? — perguntou ele separando com as mãos e pés aprisionados por uma terra.
— Você bem que mereceu, imbecil. — falava uma garotinha enérgica. Ela abanou a mão para Freedom, que não cedeu atenção. “Urrrrr. Quem ele pensa que é para me desprezar?”. — sapateou a garotinha loira de macacão vermelho colado ao corpo.
“É melhor não me envolver”. — E agora? — perguntou ele para a atendente.
— Como assim e agora? — bufou. — Esse povo do interior não sabe ler uma placa — resmungou baixinho. — Entregue sua ficha para um dos marcadores a frente.
— Marcadores?
— Sim, algum problema sr. Freedom?
— Não. “velha chata do cabrunco”.
Já no lugar instruído, Freedom segurava a ficha em outra fila grande.
— Número 258?
“Finalmente”. — ergueu o documento.
— Um passo a frente.
O cavaleiro olhava para o jovem e lia as informações com certa desconfiança. Reparava de cima em baixo.
— Você é de onde mesmo? — arqueou o sobrolho.
— Basr.
— Venha comigo.
Entraram numa sala cúbica de madeira ao lado. Havia um senhor de mustache e barba, sentado de fronte uma pequena mesa de madeira. Acima a direita estavam os documentos recém cadastrados, que não eram poucos, e no meio do móvel uma ferramenta.
— Sente-se, por favor. — disse o senhor com mansidão.
O velho enrolou o documento e depositou num compartimento cumprido da prensa.
— Estenda o braço sobre a mesa, senhor Freedom.
Logo o braço foi preso a um tipo de cinto como se fosse um exame de sangue. O objeto cor de ferro ficou vermelho brilhante.
“Não me diga que irei passar por isso de novo como um gado?”.
— Isso vai doer um pouquinho. — gesticulou.
Freedom cerrou a mão com bastante força, diferente de seus olhos frios fitados no velho a sua frente.
Tsiiiii! Foi marcado com o emblema da capital real, o mais estranho foi seu rosto não expressar nenhum tipo de emoção exposto a dor extrema.
“Malditos Crystalfellianos, cada dia mais detesto esse povo miserável”. Partiu o jovem daquele lugar.
— Graças a Rose aquele homem saiu daqui. — suspirou fundo com a mão no coração.
— Eu juro que me arrepiei, senhor. — engoliu em seco.
Discutia o marcador e o soldado, ambos com um frio na espinha nunca sentido antes.
Um amontoado de barracas espalhadas em vários pontos próximo ao centro aquecia a economia local.
Senhores e até jovens mercadores vendiam seu peixe, apesar da tristeza disfarçada de alegria em seus rostos jamais permitiam uma moeda e a auto estima caírem.
Ao passar pelas barracas de comida, armas, utensílios e depois produtos, ainda não havia se deparado com nenhuma loja de roupa.
Devido a condição surrada de sua roupa, os comerciantes nem chamavam sua atenção.
Freedom nem se atrevia a pedir informação, só era obrigado a falar com esse povo quando não tinha jeito.
Depois de muito vagar, um homem buchudo de nariz redondo aparentava desânimo assentado numa das caixas de madeira ao redor de sua barraca pouco movimentada, mas muito bem nutrida de cores, tamanhos e tipos de tecido.
— Preciso de uma roupa. — disse Freedom.
— Olá, senhor. — falou num tom amigável levantando rapidamente. — chegue mais per-. — se interviu ao ver as condições do rapaz. “Um mendigo?”. — Saía morador de rua, não posso te dá nada, tenho família para sustentar.
— Segure — jogou a moeda.
— M-me perdoe, senhor, e-eu não queria ofende-lo.
— Dessa vez deixo passar. “Há muitas lojas físicas por aí, mas os preço são abusivo. Poderei encontrar algo de qualidade aqui? É o que irei ver”.
— Obrigado meu senhor, obrigado. Que tipo de roupa o senhor deseja? Temos roupas de…
— Me vê uma de aventureiro.
“Aventureiro?”. — demorou um pouco para procurar. “Se o cliente pagar, não importo”.
Retiradas de umas das caixas ao redor do comércio, o senhor mostrou uma roupa leve de mago iniciante, hearle rank baixo e outra de espadachim.
— Nenhuma me agrada.
— De qual classe o senhor é?
“Creio que a única”. — Me vê uma de couro, também quero botas e uma luva longa.
— Meu senhor não é duvidando de sua condição, mas uma roupa assim é um pouco cara, sem mencionar que com essas especificações o rank é médio.
— Não te perguntei valor, quero ver o que tem aí.
— Perdoe-me, eu vim de longe — balançou a licença pendurada no pescoço — Bem longe, só para vender aqui. Só estou de passagem, não queria cair numa falsa ilusão de vender algo tão bom.
— Sem demora.
— Sim, sim, como não? — falou apressado. — Aqui, couro de dragão.
— Hum… — olhou bem em cada canto.
— É apenas 30 jir’s. — falou afobado.
— Sem chance. — saiu.
— Volte por favor, te vendo por 20. Não, por 10…5, 5. O que acha? 3 jir’s e não se fala mais nisso.
— 2.
— Tudo bem, tudo bem. “Moleque aproveitador”. — Negócio fechado.
Mais tarde um homem de baixa estatura atende ao chamado, alguém batia na porta.
— Estamos fechados — rosnou.
— Jonas Smith?
“Essa voz”. — Não disse para sumir daqui?
— Você não disse nada, eu que resolvi voltar.
— Se não disser nada sobre meu irmão é melhor ir embora.
— Não vim para criar laços, mas para aprimora-los.
— Hum… não entendi.
Freedom como de costume foi bem atendido, bebida na mesa e poltrona confortável.
— Diga o que veio fazer aqui?
— Veja, tirei minha maldita identificação e comprei algo.
— Seguiu meus conselhos, fez bem — abriu um sorriso de orgulho. — Mas o que isso tem a ver comigo? — perguntou de cara amarrada.
— Preciso de algo para complementar minha arma.
— Garoto, sua arma por se só já é completa. O que mais quer?
— Azigen andava com uma prótese mecânica de ferro, então sugiro que faço o mesmo para me.
— Hehehe, tá brincando?
— Nunca falei tão sério. — deu uma boa golada.
— De que buraco de mundo você veio? Aquele tipo não é aceito nesse país de merda.
— Sei.
— Não, você não sabe, você não sabe de muita coisa simples. — levantou-se aproximando dele. —Quem realmente é você?
— Freedom — respondeu confiante.
— Que procaria de nome é esse? — sorrio. — Você não sabe nada, fala de forma diferente, não foi aceito no salão das armas e por fim matou o sábio. Tudo indica que você é um… não é possível.
— Uma hora ou outra você iria descobrir.
— C-como?
As horas passaram com muita conversa e bebida na mesa.
— Então foi assim que você escapou?
— Exato.
— Também fui escravo do reino. Meu povo foi tirado de nossa terra natal para trabalhar nas minas de mertyl e oricalcum. Se tem uma coisa que odeio nesse mundo é ser castigado, ser escravo. Ah se eu pudesse ter tomado o chicote.
— Temos coisas em comum.
— Poucas, mas a onde quer chegar com isso?
— Proponho um acordo.
— Que tipo de acordo?
— Libertarei Azigen, mas preciso que faça minha prótese.
— Já disse que não posso. Se verem você por aí com essa inovação o reino me executara em praça pública.
— O mesmo não aconteceu quando fez as armas de Brandon. — disse descontraído.
— São situações diferentes, aquilo foi um pedido oficial do rei.
— Já que não tem jeito libertarei Azigen mesmo assim. — levantou-se.
— Espera, eu deveria ter te entregado isso algum tempo. — foi até a oficina e trouxe um suporte.
— O que é isso?
— É um suporte para sua arma, você não vai querer segurar isso para todo lugar, muito menos tirar da boca de sua big não sei o que lá.
— Bem pensado. Como devo usar?
— Bom… só preciso acoplar em sua roupa. Vire-se.
— Não irei usar esses trapos, colocarei a nova roupa.
— Colarinho cano alto, abertura nos ombros sem mangas, cordas para amarrar as duas parte da camisa, calça comum, botas cano alto e uma luva comprida de meio dedo. Ufa! Você tem bom gosto.
[Armadura: couro de besta]
[Resistência: +1]
[i]:[Proteção menor]
[Obs: Não resistente a fogo e ataques de armas de corte].
“Besta? Sabia que o vendedor mentia”. — Ande logo com isso — resmungou.
— Pronto. — pôs o suporte —Agora tente encaixar.
— Certo — encaixou no suporte preso ao dorso da roupa.
— Ficou muito bom, feito com couro de besta.
— Aquele dia sai apressado.
— E por que voltou, só porque eu disse sobre a voz misteriosa?
— Não, na verdade fiz aquilo porque você me convenceria. “Sei que há muito metal superion sobrando, não sei porque você não me entregou o restante, mas criarei uma ligação de confiança para que faça muito mais por me”.
— Seu, seu estou cansado de seus jogos. Vamos beber — serviu mais bebida.
“Isso mesmo Jonas, beba, beba”.