A Ascensão do Imperador - Capítulo 7
O fedor de lixo e cinzas beirava o insuportável, as casas e pequenos prédios daquele lugar estavam em ruínas, alguns já estavam demolidos e tombados.
Desde que Kenjirou entrou na área da antiga indústria, ele se sentia ameaçado. Olhares perversos de todo tipo de escória e bandidos os fitavam, Akira, por outro lado, não se incomodou com isso, ele já tinha se habituado a ser observado daquele jeito, tanto por pessoas e por monstros.
Pessoas dormindo nas calçadas, mendigos, animais peçonhentos e pilhas de lixo compunha parte da atmosfera desagradável do local.
— Aqui é bem desagradável, mas é só a parte inicial, o lugar onde temos que ir é deserto. — dizia Akira, ele notou que o jovem estava bastante desconfortável.
— Tudo bem, o lugar é barra pesada.
— Haha, com essa roupa parece que você saiu dessa pocilga.
“E para alguém marcar num lugar como esse, deve conhecer bem.”
Akira tinha certeza de quem estava por trás de tudo isso, sabia bem se locomover pelo local. E isso significava que ele era daquele lugar, ou que conhecia alguém da cidade que frequentasse esse lugar imundo.
Os dois chegaram no local. No relógio de pulso que Akira usava, marcavam alguns minutos próximos do horário limite determinado pelos sequestradores. O tempo chegando próximo o deixava ansioso, mas ele reprimia esse sentimento, ele não podia deixar isso transparecer.
— Cadê ele? Já está quase na hora, sempre se atrasando. — dizia Akira, com um tom de voz um pouco bravio.
Escondidos atrás de caixotes, eles observavam toda a área dos galpões abandonados, procurando pelo rastro tanto de John, quanto dos homens que os esperavam.
Minutos de silêncio pairavam, apenas os sons dos moradores do local eram ouvidos, o clima ia ficando tenso.
John chegou de encontro aos outros dois caçadores, o trio foi formado. Ele veio como uma silhueta brilhante, quando se aproximou, revelou que estava usando uma armadura de placas prateada. Ele usava apenas o peitoral e ombreiras. A armadura parecia ter sido frequentemente usada, tinha riscos e marcas de golpes.
— Aqui, uma cortesia do velho para esse trabalho. — ele estava carregando em suas costas uma bolsa, ela estava bem cheia. — Também tem para você Ken, é só escolher.
John tinha aberto a bolsa, ela tinha algumas armas e bombas. Uma espada, lança retrátil e uma manopla. Akira pegou a manopla e a acoplou em sua mão direita, ela coube perfeitamente, a arma tinha ornamentos em preto combinando com sua aparência metálica fosca.
Kenjirou, por outro lado, não escolheu nenhuma arma, ele estava mais interessado no que carregavam elas; a bolsa.
O material da bolsa era como couro, porém flexível, se expandindo e retraindo com facilidade. Na sua cidade ele já ouviu falar sobre, era pele de Bisão Raivoso, considerado por muitos um artigo de luxo para caçadores.
— E você, não vai pegar nada? — questionou Akira para Ken.
— Não preciso de armas, minha mãe não gostava disso.
— Certo, mas vai ser difícil se proteger, vamos entrar numa situação arriscada. — John empunhou a espada que levava. — Akira, você já deduziu que realmente pode estar nós esperando?
Desde o momento que se separaram, Akira pensava quais pessoas poderiam estar por trás disso, chegando em algumas conclusões. Porém, ele não respondeu seu amigo, apenas balançou sua cabeça em forma de negação. Que como resposta apenas estalou a língua, ele sabia que seu amigo estava omitindo algo.
John começou a ficar inquieto com a tocaia que os dois estavam, a sua ansiedade ficou cada vez mais aparente, a todo momento ele olhava para seu amigo, que estava focado no ambiente, não deixando escapar nada. O jovem Ken, por outro lado, estava o mais calmo.
— Devemos ir logo! — Kenjirou cortou o silêncio, sendo acompanhado com os dois assentindo.
Os três caçadores estavam em frente ao galpão que foi usado como marcação. John com sua armadura prateada e espada em mãos, Akira com manopla e olhar furioso e Kenjirou, com um semblante reflexivo.
“Sabia, são 4, eles estavam nos esperando.”
Antes que pudesse avisar aos dois caçadores, ele foi interrompido por uma das presenças que se encontrava mais próximo dele.
— Akira, meu amigo, como vai indo? — um homem saltou do telhado em direção a entrada do galpão, ele caiu sem criar nenhum som.
A figura na frente deles usava um manto branco com capuz, ele tinha ornamentos cinzas perto da bainha. Ele abaixou o seu capuz, revelando seu rosto com um enorme sorriso, um jovem com idade próxima ao de Akira.
A cicatriz dele chamava atenção, um corte que ia do seu lábio superior até o olho direito. O contraste que a marca dava ao seu rosto, o deixava com uma aparência sádica e maléfica.
— Porque eu não estou surpreso. — John brandiu a espada em direção ao homem da cicatriz. — Coragem sua de pisar aqui, Kevin.
Akira apenas abaixou a espada com sua mão, ele jamais pensaria que alguém como seu antigo amigo, Kevin poderia fazer isso.
— É assim que se trata um amigo? — com um tom sarcástico ele questionava.
— Amigo? Se você fosse meu amigo, não teria entrado nesse mundo de merda.
O líder então confrontou Kevin, seus olhos cerraram quando a palavra “amigo” foi dita.
— Não se preocupe, sem ressentimentos do passado.
Com um sorriso, ele deu um sinal com sua mão. Três figuras iguais a ele surgiram, com mantos e capuzes brancos, mas do lado oposto onde eles estavam. Os 3 assassinos usavam máscaras que cobriam suas bocas e narizes.
— Onde está o garoto? — indagou Kenjirou, deixando surpreso o homem de branco.
Em uma rápida resposta, todos os três assassinos puxaram um par de adagas de suas cinturas. Ficando em posição de ataque, eles estavam paralisados, como estátuas, esperavam apenas o comando de Kevin para executarem suas missões.
“Esse daí eu não conheço, parece ser forte, vou ter que matar ele primeiro.”
— E você, amigo? Parece que não fomos devidamente apresentados.
Como resposta, Kenjirou ficou em silêncio. Ele ignorou a provocação do assassino, apenas queria confirmar se Shun estava vivo.
Com um avanço silencioso, Kevin se colocou atrás do jovem, ele estava com sua adaga apontada no pescoço; uma adaga negra como obsidiana. Kenjirou percebeu a investida, foi como se ele se movesse igual uma sombra, deixando um pequeno rastro de uma onda de choque. O movimento foi feito em questões de segundos, encurtando os 5 metros entre eles.
A reação do líder e do vice-líder eram incrédulas, eles só notaram quando ele já estava com a arma a postos. Ken não esboçou nenhuma reação, ele conseguiu ver o movimento dele a todo instante.
“Como, ele está tão rápido.”
Pensava Akira, ele fechava sua mão com a manopla, se preparando para atacar a qualquer momento.
— Sabe, garoto, não gosto que me ignorem, o último que fez isso comigo, ficou sem sua cabeça. Não foi uma cena legal. — ele sussurrava no ouvido do jovem, tentando intimidar.
Com um sorriso de canto, Kenjirou irritava o assassino. Ele pressionava o cabo de sua adaga mais forte, Kevin ficou furioso.
— Sabe, acredito que você está tentando ameaçar a pessoa errada.
Após sua ameaça, o entorno do jovem começou a vibrar de forma sutil, Kevin que estava próximo dele sentiu a mudança e sabia o que era; o uso da Corrente de Fluxo.
Inclinando para frente, ele girou seu corpo pela direita, saindo do fio adaga. Se posicionou a frente do assassino, o encarando defronte. A visão de Kevin era como que se, Kenjirou usasse o mesmo movimento que ele, se movendo numa velocidade sobre-humana, graças a capacidade de amplificar seus movimentos usando o Fluxo.
Toda a vibração foi transferida para a área do seu braço direito, que estava prestes a desferir um golpe limpo no tórax. Suas pupilas castanhas brilhavam, e seu punho direito emitiu um brilho escarlate. As bandanas começaram a virar cinzas, seu antebraço e punho estavam em chamas.
Um poderoso soco flamejante acertou Kevin em seu abdômen, ele foi impulsionado por metros. O golpe causou-lhe duas explosões; uma em sua barriga e outra onde ele tem seu impacto ao solo.
Todos ali ficaram surpresos com o movimento excepcional do jovem, até mesmo os assassinos. Um golpe que mandou um assassino de contratos longe o bastante para poder feri-lo, mas, o mais surpreendente do fato foi que o braço direito dele estava em chamas.
— Já vi monstros infinitamente mais fortes do que você, não ouse me ameaçar. — dizia Kenjirou, provocando o assassino.
— Garoto, então você é um mago mesmo.
Akira apenas observou a demonstração de força absurda do garoto, o poder de um mago que ele teve poucas chances de presenciar. A importância de tê-lo como aliado era cada vez maior.
Kenjirou após isso, tirou seu capuz e o jogou. Seu braço esquerdo dessa vez também entrou em combustão. As chamas escarlates tomaram conta de seu antebraço e punho.
— Hahaha! Um mago conjurador, isso sim, vale a pena matar. — dizia Kevin quando se levantou do chão.
Imitando o movimento do jovem, ele jogou seu manto longe e sacou uma segunda adaga, dessa vez totalmente branca. Suas armas faziam um contraste.
Ele cruzou as duas adagas próximas a seu rosto. Sua roupa de baixo, uma camisa branca, estava chamuscada, em seu tórax tinha a marca da explosão do golpe anterior.
— Matem esses filhos da puta! — bradou Kevin.
A ordem do assassino foi definitiva, os 3 de guarda usaram uma investida similar do chefe, porém mais lenta. Em resposta a investida os 3 caçadores correram ao encontro do ataque deles.
Fora da área, uma mulher de cabelos prateados observava os seus subordinados minutos antes da luta começar. Em cima de uma torre enferrujada, ela analisava sorrateiramente os caçadores. Ela ficou surpresa quando o encarregado deles foi lançando metros de distância com um golpe mágico. Esboçando um sorriso de canto, a mulher acendeu um dos cigarros que carregava consigo.
— Se esse imprestável do Kevin conseguir, eu lhe darei uma promoção.