A Ascensão do Imperador - Capítulo 4
John, desceu a escadaria, ele olhou a pequena multidão de transeuntes daquela tarde amena, procurando o jovem Kenjirou que acabou de sair.
Ele caminhou em meio as pessoas, algumas olharam estranho pelo seu estilo de roupa, mas outras o reconheceram de instante. Em sua procura, ele avistou uma pessoa com um manto semelhante ao do garoto.
— Garoto! — gritou chamando a pessoa.
A pessoa então virou-se.
— Ah, é você, o que houve?
Kenjirou recepcionou o vice-líder, ele ainda tinha um semblante decepcionado, mesmo que tentasse disfarçar com um sorriso forçado.
— Deve ter sido difícil chegar até aqui sozinho, pegue isso.
— O que é isso?
Ele pegou o cartão que John deu, confuso com essa generosidade, ele assentiu com bastantes dúvidas sobre.
— É um cartão de desconto de umas das Tavernas afiliadas a guilda. Vá nesse endereço com isso que você será bem recepcionado, eu garanto.
— Obrigado, porque isso?
— É só apenas um caçador ajudando o outro — ele respondia com um grande sorriso — e pense nisso como um pedido de desculpas, pelo que o garoto causou a você agora pela tarde, deve ter sido assustador olhar a ferocidade do Akira de perto.
— Obrigado, mas não sou mais um caçador.
“Então a percepção do Kira não é falha. Será que ele já fez a sua missão de graduação?”
Muitas perguntas passaram pela mente de Jonathan, porém ele sabia que teria que esperar pelo momento certo.
— Tudo bem, se cuide na sua estadia na cidade, se precisar de algo pode falar comigo pessoalmente aqui na guilda.
Após entregar o presente, ele caminhou em meio à multidão. Quando ele sumiu de sua vista, o jovem começou a ler o cupom.
[Taverna Rexford – Lar dos antigos caçadores de Verossin]
— Bem, como que eu chego lá?
[ … ]
Um enorme letreiro brilhante se destacava na entrada daquela antiga taverna, ela tinha o exterior antigo e rústico de clássicas tavernas do tempo de ouro dos caçadores, porém bastante conservado, mostrando o cuidado que aquele lugar tinha. Apenas a sua presença brigava com todos os outros estabelecimentos do local que tinham uma estética mais atual, e com a chegada do entardecer, a movimentação iria aumentar bastante naquela avenida.
“É melhor eu entrar antes que fique cheio.”
Pensava enquanto adentrava os portões do bar, um sentimento de nostalgia o atingiu de imediato, aquele lugar era confortável para ele por um motivo inexplicável, a nostalgia fazia com que o jovem vagueasse em suas memórias antigas.
Ele caminhou pelo estabelecimento que era bem caloroso, com iluminação rústica e pisos de madeira. Ele sentou-se em uma das cadeiras do balcão enquanto ainda observava o local.
Algumas poucas pessoas que estavam no bar o observaram e cochicharam, mas logo em seguida, voltaram a sua normalidade.
“Melhor eu ficar na minha dessa vez, nada de problemas.”
Ainda assustado, Ken decidiu interagir o mínimo possível, para que nada similar ao que aconteceu a tarde se repita.
— Boa noite, gracinha o que quer?
Uma mulher com grandes cabelos loiros falou com ele, ela era a balconista daquela taverna. Com uma roupa casual, ela tinha um avental branco que já estava sujo após um dia de uso. Seus cabelos amarrados em um rabo de cavalo davam um ar de maturidade, que combinava com seu corpo esbelto e bem definido.
Ele então colocou o cupom que lhe foi dado sobre a mesa. Ela de instante o guarda em um dos seus bolsos do avental.
— Ah! Você veio pelo John, estou certa? — questionou a moça enquanto se abaixou atrás do balcão.
— Isso mesmo.
Ela levantou e colocou um cardápio sobre o balcão. O jovem então folheou, procurando algo que seria sua refeição. Sua fome já não podia ser mais ignorada, ele sentia um desconforto enorme em seu estômago.
— Escolha qualquer refeição completa do cardápio, a bebida vem inclusa, mas é claro que você poderá adicionar extras — sussurrando, a mulher continua — pagando por eles no preço convencional.
— Obrigado, assim que eu escolher eu chamo. — respondeu enquanto olhava as opções.
Minutos se passaram, Kenjirou já decidira a sua refeição e esperava ela chegar em sua mesa. Já era o início da noite e muitas pessoas entraram no estabelecimento, desde a trabalhadores casuais até mesmo caçadores.
— Não mesmo seu velho! — gritou um homem furioso ao seu colega.
O som de uma discussão vinha de um grupo de caçadores que entraram na taverna, formados por um caçador como um guerreiro, outro que portava uma aljava e uma besta, e 2 que possuíam adagas.
Todos eles sentaram ao redor de uma mesa e começaram a conversar entre si em um tom acima do normal, estavam visivelmente alterados, provável que já estivessem bêbados. Assim tudo que eles diziam podiam ser ouvidos por todos que estavam no local, mesmo que cheio.
— Cara eu te falei, mais um foi passado, mano. — o caçador com a adaga em mãos faz um sinal com sua arma, simulando um corte horizontal em sua garganta.
— Eu falei, foi aquela seita maluca de novo.
Então, o outro caçador que portava uma adaga espetou sua arma sobre a mesa. Todos pararam e o olharam, ele proferiu um ultimato a seus colegas caçadores.
— Já morreram 2 Cavaleiros Sagrados, o próximo com certeza vai ser um mago, eles estão fazendo uma limpa nos que são influentes como oposição as Casas, não pode ser só coincidência ou teoria da conspiração.
Parados eles refletiram nas suas palavras, enquanto concordavam no que foi dito. Kenjirou que apesar de estar esperando, não deixava de ouvir aquela calorosa conversa.
— Se você enfiar essa adaga na mesa de novo, EU A ENFIO EM SUA CABEÇA!!
Cinthia gritou contra o grupo enquanto apontava para o caçador com a adaga fixa na mesa, suas ameaças fizeram com que o aventureiro ficasse com medo e guardasse sua arma.
— Calma Cinthia, é assim que você trata seus clientes? Ainda mais eu, um fiel.
— Silêncio, parem de gritar animais.
Cinthia Hanover, era a atual balconista e gerente da Taverna Rexford, com uma firme posição de chefe ela controlava todo aquele estabelecimento de clientes caóticos com mãos rígidas.
— Do que eles estavam falando? — perguntou Kenjirou.
— De maluquices de assassinos do governo, uma seita de homens de branco ou algo assim, teorias malucas de mercenários desocupados.
“Também já ouvi, mas são só histórias”
— Apenas ignore, aqui está.
Com a chegada da sua refeição pedida, o jovem admira seu prato, uma refeição composta de uma porção com legumes cozidos a vapor com um ensopado de carne, o caldo marrom escorria por todo o prato, além de ter uma porção generosa de arroz fumegando. Toda aquela refeição estava visivelmente bem-apresentada.
Ele atacou sua comida com muita rapidez, seu estômago agradecia por uma comida tão simples, mas tão bem feita com um sabor delicioso.
“Estavam certos, a fome é o melhor tempero.”
Mesmo assim, ele não parava de pensar nas coincidências que esse suposto grupo os “Whites”, ou Brancos, tinham, desde o início de sua jornada até chegar na cidade, já ouviu falar desse teórico grupo de assassinos profissionais ligados ao Estado Fundador, mas ele sempre ignorou acreditando ser apenas boatos, por terem coisas bastantes excêntricas envolvendo esse nome.
“Será que o sumiço do ‘Hell Diviser’ tem algo haver, com…”
Sacudindo sua cabeça, ele passou a sua mão pelo seu rosto cansado, repensando no que imaginou, o seu desespero fazia com que ele misturasse fatos com teorias conspiratórias.
“Não, só estou cansado, preciso dormir.”
Após terminar sua refeição, ele tomou uma enorme caneca de cerveja que veio junto do seu prato de comida, então buscava em sua mochila algum dinheiro com que ele podia pagar sua refeição.
— Já vai bonitão? Fique e tome mais umas bebidas, um jovem como você é bem raro por aqui, e faz bem meu tipo.
Cinthia jogava seu charme para cima do jovem, que vira rapidamente o seu rosto para o lado por vergonha do flerte que recebeu.
— Obrigado, mas terei que passar preciso descansar. A senhora conhece algum lugar? — dizia enquanto ainda vasculhava sua bolsa, ele começava a ficar preocupado.
— É uma pena, só atendo velhos e beberrões… — ela começou a olhar a ação do jovem, ela esbanjou um leve sorriso — Conheço, aqui próximo tem uma pousada que só aceita viajantes, diga que Cinthia te recomendou, você vai será bem atendido, mas precisa pagar pela estadia. — ela soltava leves risos ao ver o jovem procurando seu dinheiro.
Constrangido, ele colocou uma quantidade de 20 moedas imperiais sobre a mesa.
— Realmente estou ficando seu dinheiro.
Os dois então começaram a rir do fato.
— Sabe, meu primo, John, só recomenda caçadores através desse cupom, se estiver com pouco dinheiro, porque não trabalha na guilda.
Uma resposta tão simples para a sua falta de dinheiro, ele esqueceu do fato de que poderia arrumar dinheiro rápido trabalhando como Caçador Licenciado.
— Tem razão, obrigado pela dica.
Ele agradeceu a Cinthia e o cozinheiro, chegando perto da saída do estabelecimento, Cinthia grita:
— Volte para beber mais, não estava brincando sobre você fazer meu tipo.
Alguns caçadores na hora riram, inclusive Kenjirou. A fama de Cinthia por preferir os mais jovens era de conhecimento de todos do bar.
— Quem sabe um dia, assim que eu tiver dinheiro.
Ele acenou e saiu da taverna. Ela, entretanto, ainda olhava ele pela janela do salão.
“Ele parecia bem normal, meu primo indicou esse lugar por quê? Mas ele parecia bem interessado nas organizações do submundo, talvez ele saiba de algo, mas não quis falar.”
Observando a noite fria, as ruas estavam agitadas na localização que se encontrava, ele olhava o céu pouco estrelado coberto parcialmente por nuvens, o brilho artificial da rua boêmia era bem vibrante com seus sons de festejos.
“Hoje é só quinta-feira.”
[ … ]
Kenjirou se dirigiu a pousada que se encontrava poucos metros de distância da taverna. A entrada dela é menos chamativa que a taverna, sendo só uma casa de 2 andares com uma fachada desgastada.
Adentrando, ele explicou que foi recomendado por Cinthia e conseguiu um quarto para pernoitar, o último quarto disponível naquela noite. Por sorte e ter chegado a tempo, ele pega as chaves e se acomoda no quarto.
Jogando sua mochila no chão ele deitava sobre a cama sem ao menos tirar suas roupas sujas, ele afundou seu rosto no travesseiro e dormia profundamente, graças ao seu cansaço extremo de 2 dias sem um devido descanso.
[ … ]
“Já é de manhã?”
O brilho do sol batia nos olhos de Kenjirou, ele deixou a cortina das janelas entre abertas criando vãos, fazendo com que ele despertasse. Num rápido movimento ele se levanta, mas vem um sentimento de vertigem na sua ação abrupta.
Tirando sua capa suja ele a jogou sobre a uma pequena mesa que se tinha no quarto e foi até o banheiro que se encontrava perto da sua cama.
Lá tinha apenas uma privada e uma pia com um espelho, apesar de ser bem pequeno, todo o banheiro era bem limpo, assim como todo o seu quarto.
Ele lavou seu rosto para retirar o máximo de cansaço possível e para poder ficar apresentável, percebendo que suas olheiras diminuíram bastante.
— Será que já posso tirar essas faixas?
Ele se pergunta, então começou a tirar as faixas do seu pulso direito, deixando exposto pequenos, mas múltiplos ferimentos em sua mão que iam dos dedos até seus pulsos.
“Talvez eu deixe só mais uns dias, mas vou ter que trocar as bandagens.”
Ele lavou seu rosto e mãos com água e sabão, terminando assim de se arrumar.
Voltando ao quarto ele pegou sua mochila e vasculhou elas, atrás de suas moedas.
Nesse caso poucas moedas, já que suas economias estavam quase no final, aquela situação crítica o deixava aflito.
Mas ele já sabia o que tinha que fazer, ir até à Guilda Aliança para poder fazer uma missão que pagasse bem, para ter dinheiro o suficiente e seguir a sua jornada.
Trocando suas faixas pelas últimas que ele tinha, ele envolve todos os seus dois braços com novas bandagens limpas.
Pegando todos seus pertences no quarto ele desce as escadas e entrega a chave do quarto ao senhorio da pousada junto ao pagamento, saindo com uma enorme motivação.