A Ascensão do Imperador - Capítulo 3
O clima estava denso de uma forma extrema dentro daquela guilda, ao ponto de ser sufocante para as pessoas comuns. As pessoas e caçadores gradualmente iam saindo quando a intenção de lutar do Akira era cada vez mais evidente.
— Eu não estou aqui para brigar sabe.
Kenjirou tentava controlar aquela situação na qual se encontrava, antes que a mesma, se tornasse em algo sem controle. Mas parecia que aquilo seria quase impossível devido ao estado do caçador a sua frente.
— Mas parece que você gosta de brigar, não é? — provocava Akira enquanto segurava o ombro do jovem — Vamos brigue comigo aqui, vamos ver quem é o mais forte.
A pressão feita pelos dedos do Akira era cada vez mais notável, chegando a incomodar o jovem naquela demonstração de força. Os seus dedos afundavam no manto velho do garoto.
Então ele decidiu fazer o primeiro movimento arriscado, Kenjirou pegou a mão apoiada do caçador no seu ombro e começou a move-la sem o mínimo esforço. Enquanto olhava dentro das pupilas de Akira ele só pensava em não querer iniciar uma briga.
“Mas que porra, não quero brigar com ele”
A troca de olhares entre os dois caçadores era algo forte, um simples movimento em falso de um deles, poderia acabar em danos sérios tanto para a guilda quanto para os presentes ali. Um risco que nenhum dos dois estava disposto a pagar, mas se necessário, iriam fazer.
Ele conseguiu então se soltar do aperto de Akira, aqueles momentos de tensão iram começar apenas a crescer.
— Ei garoto, me diga o que você veio fazer aqui — ele deu uma pausa enquanto coçava sua garganta — antes que eu te quebre ao meio.
Ele dizia intimidando Kenjirou enquanto afrouxava sua gravata vermelha do seu terno. Os olhos arregalados e brilhantes do caçador deixaram claro qual era a intenção dele naquele momento.
— Você é tão impulso Kira, não muda mesmo.
Uma voz suave, mas igualmente grave vêm do portão de entrada da guilda, ela vinha de um homem alto, com cerca de 2 metros de altura e um porte robusto, trajado de uma blusa florida em detalhes rosa e verde com um short de estampa semelhante. Usando sandálias que arrastavam pelo chão, ele foi até os dois com passos arrastados.
Com seus cabelos loiros em um rabo de cavalo ele foi em direção da confusão que iria iniciar. O homem fazia um grande contraste com todo o clima do edifício, apesar de ser alto e extremamente forte, o seu estilo de roupa o fazia parecer que estava no auge de sua aposentadoria.
— John eu já falei, não venha para o trabalho com esse tipo de roupa.
O tom de Akira mudou de algo ameaçador para algo casual, como se ele conversasse com um amigo de infância, por um momento esquecendo todo aquele atrito em que se encontrava.
Aquele era o vice-líder da guilda, Jonathan Hanover, o segundo caçador de ranking D da guilda e o segundo mais forte de toda a cidade.
— Eu estava por perto e vi pessoas correndo da guilda, pensei que algo assim deveria estar acontecendo, e adivinha eu acertei.
Ele então encarou o viajante, a diferença de altura e de porte dos dois caçadores era algo bastante grande, os olhos fundos do jovem olharam diretamente aos olhos do caçador John que eram numa tonalidade marrom.
— Bem… — John deu uma pausa em sua fala e parou de encarar o jovem — Quem é o responsável por hoje?
— Senhor John desculpa, o Shun começou tudo isso… — dizia Lirie com a voz falha e trêmula.
Ela de algum jeito soube que isso poderia ser pesado sobre ela, já que ela era a responsável por cuidar da guilda na parte de caçadores naquela semana em especifico.
— A única coisa que eu te disse, foi o que Lirie? Você lembra?
— Sim… Sim era deixar o Shun o mais longe daqui…
— Para que não acontecesse o que? — dizia o enorme caçador enquanto coçava seus cabelos.
— Para… para que não tivesse nenhuma confusão envolvendo… ele…
— Então como tudo isso virou uma zona, sua idiota, só uma coisa você tinha prioridade e ainda por cima consegue falhar isso. — o tom de voz de John aumentava a cada palavra que ele proferia, fazendo com que todos presentes escutem.
Os olhos azuis de Lirie marejavam, as suas bochechas ficaram vermelhas, a vergonha de ser repreendida pelo seu chefe era algo deplorável em todas as guildas.
A garganta de Kenjirou começou a secar e arranhar, aquela situação o incomodava bastante, porém estava igualmente encurralado pelos dois mais fortes caçadores da cidade.
— Des… Desculpa senhor…
A voz já fraca de Lirie começou a falhar em meio aos soluços e lágrimas, ela se retirou lentamente do salão e foi consolada por outros funcionários.
— Bem jovem, se não se importa, pode falar comigo, o que exatamente você veio fazer aqui, e por que parece que toda essa confusa está em torno de você?
Kenjirou havia sido confrontado pelo vice-líder, as palavras sérias emitidas por ele deixavam todos os presentes quietos, mesmo que ele falasse num tom sereno com um sorriso estampado.
— Bem, para ser direto, eu estou procurando uma pessoa bem única, um mago que passou por essa cidade, um antigo mago imperial.
John ficou pensativo com a descrição especifica do viajante, a pessoa que ele procura ser um mago imperial complicou as coisas e ele começou a forçar pessoas em sua memória.
— Bem, você sabe alguma característica única desse tal mago? Ele já trabalhou como caçador antes ou algo assim, a casa que ele serve, ou até mesmo o seu tipo de magia? — John disparou uma sequência de perguntas.
— Ele usa magia do tipo fogo — antes que ele pudesse dar mais informações que descreviam o mago, foi interrompido.
— Chamam ele de “Hell Diviser”.
Akira interrompeu a discussão, deixando os 2 surpresos com sua rápida resposta. Os olhos fundos do Kenjirou se expandiram ao ouvir aquele nome e o quão rápido Akira sabia daquele nome.
— Você o conhece?
Perguntou Kenjirou, assustado com o fato de líder da guilda saber da existência desse antigo caçador considerado por muitos uma lenda.
— Não ouço esse nome faz um bom tempo, ele lutava junto com meu velho quando estava na cidade ele era bem forte pelo que eu soube.
Kenjirou se aproximou dele, suas mãos enfaixadas com bandanas que estavam sujas de terra e desgastadas seguram os ombros do caçador. Ele os apertou com bastante aflição, sua reação mostrou o quão desesperado o jovem estava para poder achar esse mago.
— Então você sabe sobre ele? Onde ele está?
— Desculpa cara, a última vez que ouvi o nome dele foi a 10 anos atrás.
Ele ficou decepcionado, aquela cruel resposta acabou com o possível pingo de esperança que o jovem caçador tinha.
Com isso ele retirou suas mãos do ombro do Akira e se virou em direção a entrada principal.
— Bem, obrigado por me esclarecer.
Quando Kenjirou estava prestes a sair da guilda, ele é interrompido por John, que pergunta algo com uma certa curiosidade.
— O que você quer indo atrás de um fantasma? Muitas pessoas procuram esse cara por vários motivos, e você… — Jhon deu uma pausa em sua fala, olhando assim todo o jovem, focando em seus cabelos castanhos — Você parece ter algo com ele, isso é no mínimo estranho.
A única resposta de Ken, é o silêncio, após ser pressionado pelas palavras do vice-líder. Ao segurar a porta, ele começou a empurra-la enquanto ficou olhando para baixo, aquele simples comentário de John fez com que ele ficasse com a guarda bem elevada, pensando em cada palavra que iria proferir.
— Fantasmas como eu, procuram outros iguais.
Aquela frase sem aparente conexão deixou ambos caçadores presentes bastante fixos, as palavras ecoaram fortemente para o questionador, recebendo assim uma resposta fria. Imóvel, ele apenas vê o jovem abrir a porta e sair pela mesma.
“O que foi isso, o garoto parecia bastante abalado…”
Akira então soltou um longo suspiro logo após o jovem caçador sair pelo portão principal. Um suspiro aliviado, já que toda essa tensão havia acabado.
“Ainda bem que ele saiu, todo aquele fluxo era semelhante ao meu, ele parece ser forte, era só um blefe eu realmente não queria lutar a sério com ele, mas só fui perceber isso quando o pressionei.”
— Sentiu também Akira? — John perguntava.
Ele ia ao balcão, agora dessa vez, sem seus passos arrastados e com um leve semblante de preocupação misturado com dúvida.
— Sim, possivelmente era um Ranking D
— Aquele caipira um Ranking D?? — dizia o jovem atendente interrompendo seus chefes, abismado ele deixa o palito do seu sorvete cair de sua boca.
Ambos, Shun e Lucas, estavam não tão longes da conversa, mas tentaram ao máximo não prestar atenção, entretanto, o ultimo fato fizeram os dois prestarem atenção.
— Ele podia ter explodido sua cabeça bem fácil idiota.
Shun provocava o atendente com suas piadas. Mas o mesmo ficou surpreso com aquilo que seu irmão acabava de dizer sobre o viajante. Para ele, quando o seu irmão falava sério, ele poderia levar aquilo como sua própria verdade também, seu irmão além de forte era perceptível.
Então Akira inclinou seu rosto em direção do Shun, suas pupilas brilhavam intensamente com uma coloração azulada, porém com um ar mortal que apenas Shun podia sentir, toda aquela raiva foi transferida para ele. O seu irmão estava no seu limite com todas as suas brincadeiras.
— Tudo isso é por sua causa, satisfeito?
Shun então ficou quieto e com a cabeça baixa. Seu rosto mudou subitamente de um brincalhão, para uma criança recebendo um sermão. Aquela expressão do seu irmão realmente o assustou fazendo o tremer até sua espinha.
“Esse garoto não é fácil” — John pensava enquanto ouvia a bronca que seu amigo dava, mesmo de costas, conseguiu sentir a raiva dele.
John pegou um cartão guardado em uma das gavetas do balcão que estavam próximas do atendente e foi em direção da porta.
— Não se matem, vou voltar para casa.
Então ele bateu a porta principal enquanto saía da guilda. O grande estrondo ecoou pelo salão.
Akira arrumou sua gravata depois de todo aquele ocorrido. Após terminar de apertar ela, ele olha para seu irmão que ainda estava com a cabeça baixa.
O longo período que Shun estava aflito fez com que se aproximasse dele. Ele foi estendendo a palma sua mão na direção do seu irmão.
— Ei Shun me descul…
Então a criança saiu correndo enquanto chorava levemente, seus soluços podiam ser ouvidos enquanto ele se moveu em direção a porta principal e desceu as escadas.
A expressão triste de Akira era um reflexo de sua impulsividade com seu irmão, o mesmo soube que passou do limite com seu único irmão querido, que o qual amava bastante e poderia fazer qualquer coisa a seu alcance.
Seus olhos marejavam, mas ele esfregou os olhos e foi subindo as escadas.
— Lucas, quando Lirie voltar diga que eu não vou receber mais ninguém hoje, transfira tudo para amanhã.
— Tudo bem senhor, eu aviso.
Todo aquele início de pandemônio acabou bem rápido, Lucas agradecia pela paz e silêncio que se encontravam no lugar apenas juntando suas mãos.