A Ascensão do Imperador - Capítulo 2
Passando pelos portões metálicos da guilda, uma onda fria de ar percorreu todo o seu corpo encoberto, aquele ambiente estava bastante fresco e agradável graças a climatização artificial que era diferente do clima e seco que se encontrava na rua.
O piso do salão principal era de cor branca em um leve subtom acinzentado, que fazia contraste com a paredes em tom madeirado escuro, toda a área era harmonizada de tal modo que parecesse um prédio de uma enorme empresa, que de fato era.
A Guilda Aliança era a guilda mais importante para a cidade fortaleza, o seu enorme prestígio fazia com que inúmeras pessoas disputassem por uma vaga para poder participar dela ativamente. Conhecida entre o meio dos caçadores por criar muitos prodígios e famosos caçadores, como o próprio líder da guilda Akira, um dos mais fortes caçadores de Ranking D do Estado.
“Isso é realmente uma guilda?”
A pergunta que ele se fazia era bastante comum para pessoas que adentraram pela primeira vez em suas vidas em um local de renome.
Seu interior era bastante decorado, com mesas ovais brancas, cadeiras prateadas ornamentadas, sofás e uma enorme bancada situada ao extremo lado direito do salão principal. Alguns poucos caçadores estavam sentados nas mesas e ao ver que um forasteiro entrou todos os seus olhos se viram e o fitaram completamente.
Um clima pesado é estabelecido por alguns breves segundos, então todos que o olhavam anteriormente voltam a discutir entre si.
“Pareciam uma matilha de cães, esse é o nível dos caçadores de uma cidade fortaleza mesmo…”
Interrompendo seus pensamentos, ele começou a caminhar dentro da guilda, seus passos ecoaram suave em meio aos sons habituais do estabelecimento. Assim que passou pelo lado da mesa onde estavam os caçadores algo chamou sua atenção.
Ele observava a parede do lado esquerdo, que tinha algo chamado pelos caçadores de Quadro de Trabalhos. Cerca de 20 trabalhos e missões das mais diversas atividades e requisitos estavam postos no quadro negro, diferenciado entre si por número de caçadores, posição de caça e até mesmo algumas que necessitam de caçadores ranqueados.
Kenjirou então fica frente ao quadro de trabalhos e olha todos os cartazes pendurados nele.
— Interessado em algum trabalho viajante? — dizia uma simpática atendente que se aproximava de Kenjirou.
Com cabelos curtos azuis lisos e uma roupa bem formal, constituída de uma blusa preta com detalhes em branco e uma saia completamente preta que chegava à altura dos seus joelhos. Sua pele era branca e aparentemente macia. Aquela presença feminina o pegou de surpresa pela sua elegância.
— Não obrigado, estou procurando o líder da guilda mesmo.
Ao dizer aquelas palavras, os olhos da atendente expandem com suavidade devido a surpresa.
— O senhor tem hora marcada para uma reunião?
“Eu precisava marcar um horário?”
— Não pensei que precisaria de hora marcada. — ele dizia um pouco envergonhado enquanto desviava o olhar.
A atendente riu disfarçadamente cobrindo seus lábios.
— Bem você não deve ser daqui, faz assim, você vai no balcão da guilda que fica no lado oposto e veja em qual horário ele estará disponível para uma reunião, só assim você poderá encontra-lo.
A simpatia daquela moça a fazia perfeita para o trabalho, Kenjirou agradeceu com um leve sorriso.
Ao atravessar todo o salão ele chegou ao balcão da guilda. Um jovem que parecia ter a mesma idade dele o encarou, seus cabelos grandes cobriam parte de seu rosto enquanto tomava um sorvete de palito. Suas vestes estavam amarrotadas elas tinham o mesmo padrão da outra atendente.
— O que foi?
Com uma voz rouca o jovem perguntava de modo frio, ele era completo oposto da moça que outrora o ajudou, ele era um jovem arrogante.
— Eu queria marcar um horário com o líder da guilda.
— Beleza, preciso da sua licença de caçador para fazer a reunião, o líder Akira só tem horários disponíveis daqui a 14 dias, as 14h e as 16h, qual dia e horário você gostaria?
Abismado, Kenjirou o encarou sem reação, ele olhou o balconista sem acreditar no que ouviu.
— O… o que? — suas palavras fugiam de sua boca com o choque da mensagem.
— Cara você é surdo? — Ele mordeu bem forte o sorvete fazendo com que ele partisse — Eu disse que preciso da sua licença para…
Sem deixar o arrogante balconista terminar, Kenjirou estendeu a palma sua mão direta em direção ao garoto. Sua mão enfaixada chama a atenção do jovem de imediato.
— Essa mão enfaixada é para me intimidar? Não vai funcionar cara.
— Eu não tenho todo esse tempo. — ele suplicava para o balconista.
— Desculpa cara isso não é problema meu, eu apenas posso agendar de acordo os dias que estão livres.
— É urgente, eu preciso ver ele o mais rápido possível.
Kenjirou exaltado bateu suas duas mãos sobre o balcão, seu nervosismo era aparente que deixou em alerta todos os caçadores presentes por alguns segundos.
O balconista observava de modo apático dentro dos olhos cansados e estressados do jovem viajante. Seus olhos apurados analisaram Kenjirou entre suas mexas de cabelos lisos.
“Primeira vez que isso acontece.”
Ele pensou enquanto mastigava o resto do seu sorvete. Sua reação completamente relaxada vai deixando todos preocupados inclusive a jovem atendente que observava a fundo.
— Cara para de ser otário e chama meu irmão logo.
A voz de uma criança vinha da entrada, ele estava com um skate nas mãos e roupas sujas e desgastadas. Sua presença era especialmente horrível para aquela guilda. Pessoas sussurram diante a presença da criança que saiu caminhado em direção ao balcão.
Seus passos ecoaram graças ao silencio atípico, seus passos criaram um rasto de sujeira vindo da sola dos seus sapatos. Kenjirou apenas observava o garoto vindo e o reconheceu.
“Esse pirralho aqui, mas que droga ele vai fazer agora?”
— Ei, ei, ei Shun você está sujando tudo seu merdinha, e quem é o otário aqui? Vou te dar uma surra, tenha modos no trabalho do seu irmão. — ele ameaçava o garoto apontando o palito do seu sorvete.
— Relaxa só ajuda meu amigão aqui.
Com um sorriso malicioso Shun dava leves tapas nas costas de Ken, ele só podia observar toda a situação, estando cauteloso, sabia que o garoto que agora o ajudava o colocou numa situação vexatória.
— Não vou chamar o chefe, ele está com papeis até o teto para assinar, você está criando uma arruaça sabe que ele é ocupado, então pare de atrapalhar a paz desse lugar moleque.
Em um acesso de raiva o balconista quebrou o palito apenas o pressionando entre os dedos para concluir sua ameaça, o pedaço voou em direção de Shun e caiu no chão. Com um olhar mais perverso do de antes o garoto esbanja um sorriso.
— Ah então ele está aqui. — Shun inspirou enchendo seus pulmões de ar enquanto joga seu skate no chão.
— Não, não faça isso.
“Fazer o que?”
— IRMÃO EU CHEGUEI!!
O seu grito atingiu todos da guilda. Pessoas irritadas com sua atitude se levantaram de seus lugares e saíram do salão. Em seguida um enorme estrondo de queda é ouvido do teto, parecia que algo grande como uma pilha de caixas caiu no chão.
— Meu deus esse garoto vai me fazer perder o emprego. — o balconista apenas podia abaixar sua cabeça.
Em sucessão ao estrondo, se ouviram passos vindo da escadaria da parte de trás do balcão principal. Até que um homem abre a porta com bastante violência, quase quebrando suas dobradiças com o impacto. Seu olhar possesso e furioso se virou para a criança que está com um sorriso estampado.
Ele era Akira Kyles o líder da Guilda Aliança, um homem com quase 1,85 metros de altura e um porte físico atlético. Ele tinha um tom pele mais claro que seu irmão proveniente do trabalho em escritório. Ele estava trajado de um colete social vermelho com uma blusa social totalmente escura. Seu cabelo era do estilo undecurt com uma mexa vermelha, porém ele estava desregular e bagunçado.
“É ele, finalmente.”
Passando pelo balcão ele chegou no salão principal, seu olhar demonstrava o que ele estava pensando sobre toda a confusão que seu irmão mais novo estava fazendo.
— Irmão vem cá me dar um abraço!
Shun então foi em direção de seu irmão dando um pulo para poder abraça-lo, porém falha miseravelmente, porque seu irmão desviou apenas andando para o lado, fazendo com que ele passe direto.
— Vai tomar um banho você está podre Shun.
— Me desculpa senhor ele entrou e eu não percebi, desculpas de verdade.
O jovem atendente juntava suas mãos como se estivesse orando e se curva na esperança do seu chefe perdoa-lo.
— Tudo bem isso não é culpa sua Lucas, apenas faça seu trabalho.
Akira consolou Lucas, à primeira vista forte e imponente, mas ele era um homem bastante humilde por dentro e demonstrava isso com seus funcionários.
— Irmão esse cara quer falar com você.
Shun interrompeu o seu irmão e apontava para Kenjirou, o mesmo estava em pé parado apenas como um espectador sobre tudo que estava ocorrendo ao seu redor, sem ao menos esboçar uma reação. Olhando para Shun e Akira ele não sabe nem como começar a falar sobre.
— Não precisa disfarçar, conheço a presença de um caçador de longe, o que você quer?
Akira a cada passo se aproximava de Kenjirou, que sentia cada passo dado. O poder que ele emanava era bastante perceptível para o jovem que tinha bastante afinidade para sentir a presença dos outros seres considerados fortes.
— Eu, eu vim de tão longe só para encontra-lo, queria conversar sobre o … — antes que pudesse terminar sua fala e explicar o motivo dele estar ali, Shun o interrompe.
— Irmão esse maluco me bateu mais cedo, o que vai fazer sobre?
Os olhos castanhos outrora compreensíveis de Akira se transformaram em olhos vazios e possessos, algo similar a um monstro feroz pronto para a atacar. Sua presença aos olhos do jovem viajante era monstruosa, ele tinha a sensação que ele estava crescendo e se expandido.
O comentário de Shun fizera com que todos ficassem quietos e abismados, desde funcionários a até mesmo fortes caçadores, o protegido da pessoa mais forte da cidade possivelmente apanhou de um qualquer.
Nem o mais tolo dos ladrões de esquina sabiam que podiam se meter com a Família Kyles, inclusive com o irmão delinquente do Akira.
— Você o que?
Lirie que estava arrumando os panfletos, ficou observando toda a discussão desde a entrada do Shun até o presente momento. Ela arruma coragem e vai contra a confusão que estava se formando.
— Senhor… por favor não brigue aqui.
— Lirie não interrompa por favor.
Lirie sentiu a pressão das palavras vindas do Líder e acabou recuando trêmula com a cabeça abaixada, apenas as pessoas comuns sentem os pesos das palavras sérias de um Caçador poderoso como ele.
“Como esperado dele, apenas sua fala fez ela recuar, o que eu faço agora?”
Um pouco aflito, ele olhou dentro dos olhos do Líder da guilda que tanto procurou, entretanto, agora ele que o matar em uma cólera monstruosa.