A Ascensão do Imperador - Capítulo 1
Estado Fundador, o primeiro estado criado pelos antigos magos que fundaram a Primeira Ordem, o poder que esse Estado tem sobre os seus domínios é brutal, mas todas as cidades e estados afiliados ao Estado Fundador são prósperos e fortes.
Dentre as inúmeras cidades em seus domínios, algumas são focadas em criar os mais fortes caçadores do Estado, elas são chamadas de Cidades Fortalezas ou simplesmente Fortalezas, por terem um enorme poder destrutivo proveniente dos seus mais fortes e habilidosos caçadores. Dentre elas, existe a Cidade Verossin a mais antiga Cidade Fortaleza.
A Cidade Verossin é a mais próspera no quesito de criar caçadores, por se situar próxima a Grande Floresta, uma extensa e densa floresta que até mesmo os caçadores mais antigos evitam explorar. Graças a floresta um grande número de monstros aparecem nos entornos das cidades vizinhas de Verossin, exigindo assim uma enorme demanda de caçadores.
Um viajante com características comuns apareceu na avenida principal da cidade, uma enorme estrada de tijolos lisos que cortam do norte ao sul toda a extensão da cidade. O jovem viajante estava com todo seu corpo coberto por um manto marrom escuro surrado e esfarrapado, tão fino que qualquer movimento bruto poderia rasga-lo. Vestido com o seu capuz, ele deixava escapar as pontas de seus cabelos castanhos, seus punhos estavam enfaixados com bandagens desgastadas e sujas, elas viam até metade de seu antebraço.
“Parece que essa é a Cidade Fortaleza.”
Pensava profundamente o viajante enquanto franzia sua testa, uma mistura de preocupação e aflição estampavam seu rosto cansando.
Seus olhos fundos provenientes da sua falta de sono eram notáveis, uma leve profundidade sob seus olhos castanhos o dava um ar sinistro, mesmo que isso não refletisse sua verdadeira personalidade.
Em meio a grande movimentação da avenida ele começa a caminhar em direção ao seu destino, a guilda de caçadores mais prestigiada de Verossin, a Guilda Aliança.
— Espero que não seja tão distante.
Observando toda a barulhenta e energética avenida o jovem viajante percebeu uma movimentação anormal vindo da estrada central. As pessoas iam se distanciando do centro, carroças guiadas por cavalos iam para o acostamento abrindo um longo caminho no corredor.
Era uma Incursão de uma caravana, compostas por 4 carroças de guerras puxadas por lagartos gigantes de aparência feroz e vários caçadores, consistindo num total de 50 caçadores com as mais variadas armas e armaduras, indo de espadas, lanças, escudos, armaduras de cota de malha e armaduras de placas fechadas.
Uma enorme mobilização como essa chamaria a atenção de todos, pessoas ovacionam e aplaudem os caçadores, os elevando a patamar de heróis que deixam a cidade segura das mais variadas e asquerosas criaturas.
Mas eles não passavam de mercenários indo fazer algum trabalho que necessitasse um grande poder destrutivo, esse era o real trabalho de caçadores, ser a forma de força mais brutal possível.
Parando em uma venda de frutas, o viajante perguntava ao senhor de idade que vendia as mercadorias da banca, seu rosto alegre, mas com bastantes rugas o dava uma aparência amistosa e receptiva, fazendo com que o jovem não tenha medo de conversar informalmente com o senhor.
— Bom dia senhor, sabe o porquê de todo esse alvoroço? — perguntava o jovem direcionado ao senhor da barraca.
Ao ouvir as palavras dele, o senhor franziu sua testa com bastante agressividade, dando uma imagem totalmente diferente do senhor simpático que outrora ele pensou.
— Se não vai comprar nada é melhor ir saindo, você está espantando meus fregueses.
Batendo uma flanela no ar o senhor expulsava o viajante, que na sua percepção seria alguém minimamente desonesto por suas vestes sujas e obscuras, algo como um ladrão de estrada ou um vigarista passavam pela mente do senhor vendedor.
Em resposta ao tom seco e cruel do senhor, o jovem abaixou seu capuz, revelando assim seu rosto. Um rosto de um homem com cerca de 18 anos sem barba ou bigode, com olheiras pesadas que afundam seus olhos castanhos claros. Seus cabelos que flutuavam com o vento eram levemente ondulados do meio para as pontas, mesmo eles sendo bagunçados apresentavam uma aparência sedosa com sua coloração castanho claro.
— Senhor eu não sou um vagabundo nem nada disso, se não for problema eu posso pagar.
O vendedor então o perfurou com seu olhar afiado por alguns segundos, aquela troca de olhares deixou o viajante desconfortável.
— Isso é uma expedição de alguma guilda, nem eu sei direito meu jovem, mas quando vários caçadores aparecem juntos eles chamam atenção de todos.
— Faz sentido, alguns são famosos em muitas cidades.
A imagem de poder e fama estavam atreladas diretamente a ser um caçador, dependendo do quão grande são os feitos de um, maior fama ele terá e assim mais riquezas.
— E o senhor sabe de qual guilda esses caçadores são?
— Se vai me atrapalhar, então compre algo! — exclamou o senhor com um tom bravo.
Estendendo a mão em resposta à pergunta o senhor dobrava seus dedos rugados em direção a palma de sua mão, com um olhar firme ele demonstrava o que realmente queria, dinheiro em troca da informação.
“Esse velho quer realmente me extorquir…”
O jovem então dá uma moeda prateada com o brasão do Estado Fundador, aquela moeda tinha o valor conhecido como 10 Pesos Imperiais, algo que dava para comprar uma refeição em cidades do interior, mas em grandes cidades como Verossin, aquilo apenas compraria algumas frutas.
Com um sorriso maléfico o velho testa a veracidade da moeda mordendo com seus dentes, a prova de sua autenticidade era que ela não dobrava.
— Guilda Aliança, é uma das mais famosas entres as Cidades Fortalezas ela que está organizando essa Expedição, agora para onde, eu realmente não sei.
“É ela, é aonde eu tenho que ir.”
— E onde fica? — perguntava o jovem tentando esconder sua animação.
— Ela fica perto da Praça Central, se você seguir a avenida em 10 ou 15 minutos você deve chegar na praça, entre numa rua à direita do posto da Polícia Imperial, depois você vai ver um prédio com quase a mesma altura do posto da Polícia Imperial. Com isso você não irá se perder.
“Bem simples até, se eu seguisse reto eu iria encontrar, então eu perdi meus 10 Pesos assim de graça?”
— Obrigado pela ajuda senhor.
Virando-se ele continuava a caminhar pela avenida, mas com algo em suas mãos, uma maçã, um dos frutos que o senhor vendia em sua barraca.
“Bem não é roubo eu tecnicamente paguei pela fruta, já que a informação era fácil demais e não valia todo o valor que ele estipulou.”
Ele andava entre os transeuntes da cidade pela volumosa avenida, se misturando em meio à multidão ele seguiu seu caminho em direção à Praça Central e da Guilda Aliança. Com apenas um objetivo em mente, o jovem Kenjirou, ou apenas Ken, tinha uma missão bastante peculiar e específica com a guilda.
[…]
Após alguns minutos de caminhada, ele chegou na Praça Central, o centro da cidade de Verossin era algo fora de sua imaginação já que ele jamais tinha saído da região de sua cidade natal.
Uma praça no formato oval que deformava a retilínea avenida, árvores frutíferas, bancos e mesas padronizados faziam parte da composição da praça, entretanto a praça não era o ponto mais chamativo.
O chamariz da Praça eram as inúmeras lojas de caçadores dos mais variados estilos. Elas vendiam armamentos, munições e até provimentos médicos. Ferreiros gritavam e negociavam suas armas enquanto jovens caçadores pechinchavam calorosamente o preço dos armamentos. Garotas que chamavam os mais diversos caçadores para os restaurantes em que trabalhavam enquanto os vendedores de barracas disputavam a escolha dos clientes com as jovens, a competitividade era alta para um simples caçador.
O cheiro de carne e gordura queimando se misturava com o forte cheiro metálico do aço provido da forja de materiais, mesmo sendo por volta das 11 horas a movimentação era bastante alta.
No meio disso tudo, estava Kenjirou, paralisado, observando tudo ao seu redor, os sons e os cheiros que ele não estava acostumado o atordoaram momentaneamente.
“Isso que é uma cidade de verdade mesmo.”
Em sua caminhada até o ponto de referência que lhe foi dado pelo senhor, algumas pessoas o paravam para as mais diversas coisas, como recrutamento de guildas, vendas de armamentos e venda de refeições como espeto em carne, hambúrgueres e as mais diversas refeições para viagens longas.
Quando ele chegou em frente ao enorme prédio do posto de polícia imperial, o jovem parou e observou sua altura, o prédio tinha 3 andares e se destacava das demais construções que tinham no máximo altura de 1 andar, além de ser totalmente espelhada, o que fazia refletir toda a paisagem, ela tinha um enorme brasão do Estado Fundador estampado.
Um monstro como um dragão com enormes asas, mas com características de um leão era empalado por uma lança que estava atravessando seu tórax. Aquela cena seria épica nos tempos antigos, quando o segundo Magic Emperor derrotou o monstro chamado Manticore e trouxe paz ao continente.
Mas aquele brasão não dava mais do que enjoou para Kenjirou, seu punho cerrou ao ver aquele símbolo que ele tanto detestava. O símbolo do Estado Fundador significava muitas coisas para as mais diversas pessoas, para algumas significava poder, para outras o progresso, mas para ele significava nada mais do que tirania e opressão.
— Foda demais, não é?
Ao olhar em direção da voz, ele percebe que era uma criança, ela aparentava ter 12 anos e com um péssimo linguajar. Com um cabelo curto quase raspado e sua pele era levemente bronzeada a criança tira um aspecto de aspirante a aventureiro. Ele tinha um skate em suas mãos que estava todo desgastado pelo seu uso.
— Eu não gosto desse símbolo. — o jovem rapidamente respondeu o garoto.
— Eu falo do prédio mesmo. — retrucou a criança em resposta.
— Com certeza o prédio é bonito.
— Sabe um prédio que é melhor, a sede da Guilda Aliança, aquele não tem para ninguém o prédio é muito OOOOOWWHH! — o garoto se inclinava para trás enquanto levantava seus dois braços em direção do céu, enfatizando assim o quão magnifico era.
“A guilda, então ele sabe onde é?”
— Ela fica aqui próximo, não é? Queria saber o lugar exato.
— Porque o interesse, quer virar um caçador? Acho que você não tem cara de caçador, além de ser muito estranho com essa roupa até parece um mendigo. — com um tom de deboche a criança depreciava Kenjirou.
— Você fala demais com estranhos em garoto, seus pais nunca te deram educação?
— Só estou falando o que vejo, e eu penso que você é muito fraco para entrar na maior guilda da cidade, meu irmão deve te quebrar em dois sem o mínimo de esforço.
— E ele seria quem? O homem mais forte da cidade? Isso seria bem engraçado, mas seus pais talvez tenham lhe dito que mentir é algo feio.
Com um sarcasmo nada escondido o jovem provocou a criança que estava tagarelando. Ele estava convicto a criança entendeu a sua provocação, mas a sua reação foi inesperada, firme e fixo ele encarou os olhos o andarilho.
“Não pode ser que ele esteja falando sério.”
Akira Kyles ou como era chamado, Akira o implacável, era o líder da Guilda Aliança e também era considerado o caçador mais forte de sua cidade fortaleza, em um ranking ele seria o 4° mais forte entre as cidades fortalezas da região noroeste, o seu poder era notável e respeitado por todos mesmo tendo apenas 20 anos.
E possivelmente aquele garotinho que discutia com Ken, era o irmão dele, e aquilo o assustou.
— Claro por que eu mentiria sobre isso?
— Pode me levar até ele?
Ao perguntar Kenjirou não conseguia parar de pensar que estava bastante próximo do seu objetivo.
— Eu não você pode se virar, se é tão arrogante assim ao ponto de discutir com uma simples criança, você pode muito bem achar a guilda, já que até mesmo um imbecil consegue achar com o mínimo esforço. — o garoto então pegou um chiclete de seu bolso e começou a mascar — Mas parece que você não está conseguindo tão bem, seria você um super imbecil?
Em uma gargalhada a criança corre e sobe em seu skate. Um grupo de crianças que aparentavam ter a mesma idade dele, também sobre skates e bicicletas o esperavam próximo de onde ele estava, ao ver aquela cena todas as crianças riem enquanto apontam para Kenjirou.
Paralisado ele apenas ouviu toda a provocação da criança, ficando perplexo com tamanha falta de respeito.
“Garotinho desgraçado esse.”
Essa era a única coisa que ele podia pensar no seu estado de quase fúria.
Já que foi humilhado por completo por uma criança arruaceira.
Andando com passos rápidos em meio as pessoas, Kenjirou levantou seu capuz e voltou a seguir o caminho que lhe foi instruído.
Ao entrar na rua que lhe foi informada a movimentação de pessoas “comuns” diminui bastante, homens e mulheres com armaduras e roupas de caça eram a maioria. A atmosfera também muda, ela fica mais densa, Kenjirou sente como se estivesse sendo observado por várias criaturas.
O enorme prédio da guilda tinha um forte destaque naquela rua. Similar a um prédio administrativo ele era espelhado no térreo o que permitia ver o seu interior bastante movimentado.
Ao ficar na escadaria da entrada Kenjirou respira fundo e adentra os portões da Guilda Aliança.