A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 97
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- Vol.2 Capítulo 97 - A ascensão de Seiji: A lâmina e o punho
— Kahahaha!
Ame cerrou os olhos ao ouvir a risada, resistindo ao impulso de interrompê-la com força. Na sala, além dela, havia mais cinco pessoas.
Komori-Uta, com sua aparência feminina e expressão arrogante, estava presente, acompanhada por três jovens que eram incrivelmente semelhantes entre si. O responsável pela risada tinha cabelos negros e olhos constantemente irritados, mas surpreendentemente, ele sorria abertamente.
A única diferença notável entre ele e os outros dois era que um deles tinha um rosto mais amigável, enquanto o terceiro mantinha uma expressão carrancuda.
— É lamentável, Arai estava realmente ansioso por esta fase — disse o jovem de semblante amigável, apoiando a mão no rosto.
Abner Coronado, o lado mais ‘civilizado’ do trio, era conhecido por sua capacidade de evitar brigas e considerado o mais razoável entre eles.
— Lamentável? Aquele idiota merece o que aconteceu por se achar superior — Randall, o ‘furioso’ dos trigêmeos, comentou, mostrando sua impaciência.
Durante a seleção dos participantes, ele quase atacou Arai por ousar dar ordens, mas manteve a calma graças às palavras de seu irmão mais velho.
— É obrigação do futuro patriarca dos Kaze limpar a bagunça causada por indivíduos patéticos como ele — acrescentou o mais novo do trio com voz arrogante e expressão pomposa, antes de rir novamente.
Nicholai, o ‘caótico’ do grupo, sempre buscava sua própria diversão, sem se importar com quem sairia prejudicado.
A atmosfera na sala era tensa, e Ame não gostava de nenhum deles. O grupo da Academia Souzai permanecia tão dividido quanto aparentava, com Komori-Uta frequentemente ao lado de Arai devido às suas crenças similares sobre os outros.
Os gêmeos, exceto Abner, preferiam conversar entre si, já que tinham dificuldade em se comunicar com qualquer pessoa que não fosse um de seus próprios irmãos.
Kaen dispensava explicações. Se sua personalidade não fosse um problema, para algumas partes do grupo, a falta do status de nobreza seria.
— Sua risada fere meus tímpanos. Pode se calar? — Atingindo o limite de sua paciência, Komori-Uta não pôde deixar de falar.
— Oho? — Logo, a atenção do trio se voltou para ele — Ah, é o músico. Que tal jogarmos um jogo? Se eu perder, não digo mais nada até o fim do torneio — Nicholai ofereceu.
Era uma proposta simples, onde o caótico não deu nenhuma condição em caso de vitória. Parecia incrivelmente vantajoso para o músico, porém, o jovem se manteve em silêncio.
Tum Tum!
O silêncio foi tanto que Komori-Uta conseguiu escutar seu próprio coração batendo.
— Sigh, que tal deixarmos isso para lá Nic? Parece que algo interessante está para acontecer — Abner cortou o assunto, dando uma saída gentil ao músico.
O sorriso no rosto de Nicholai desapareceu por um momento antes de retornar com toda força para o alívio de Komori-Uta. Observando o caótico retornar e prestar atenção na tela, ele suspirou.
‘Eu não vou me envolver nos seus malditos jogos’
Ame apenas permaneceu inexpressiva a cena. Não foi a primeira vez que isso aconteceu, a diferença era que o músico ficava muito mais confiante quando Arai estava presente.
— Hmph! Você deveria parar de salvá-los, Abner — Randall comentou, recebendo outro suspiro de seu irmão.
— Nós somos todos companheiros, não é? Não precisa ficar tão irritado Ran.
O gêmeo apenas rolou seus olhos ainda irritados, focando no combate que estava para começar no labirinto.
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A caminhada foi bastante silenciosa e incômoda para Seiji, que começou a sentir os efeitos por estar este tempo todo com a espada em mãos.
‘As mentes geniais que criaram isso poderiam ter deixado mais interessante ou sei lá’
A primeira armadilha foi um susto, mas não ter acontecido outra vez deixou as coisas muito entediantes.
— Por que você e Arai se odeiam?
— Não é da sua conta.
Com essa resposta curta e fria, o jovem aceitou o silêncio.
Atravessando a próxima encruzilhada pelo lado esquerdo, o tédio de Seiji finalmente terminou quando eles deram de frente com duas pessoas logo após a curva.
— Sarah…
— Qin Wuyou…
Aparentemente sua aliada reconheceu um dos possíveis inimigos e, considerando sua hesitação, era altamente provável que elas eram da mesma academia.
‘Talvez nós possamos nos jun…’
Bang!
Sendo arrastado metade do caminho até a parede, Seiji imediatamente levantou a guarda.
‘Se eu não estivesse acostumado com as surpresas de Settō…’
Graças ao sofrimento passado nas mãos do apostador, o jovem reagiu a tempo de bloquear o ataque surpresa vindo do oponente.
— Você é um grande amigo da ‘invencível’ não é? Eu também sou! — Com um grande sorriso no rosto, o inimigo exclamou.
— Parece que o nível das amizades dela caiu muito, já que ela vem andando com gente desprezível assim — As sobrancelhas de Seiji afundaram enquanto ele dizia.
— Não fique tão animado. Essa foi só a saudação.
O oponente vestia uma armadura leve, parecendo mais pesada na área dos braços totalmente banhada na cor bronze, que combinava com a pele dele.
Fazendo jus a suas palavras, o jovem avançou iniciando uma cacofonia com o encontro de seus punhos com a lâmina do oponente.
— [Julgamento]!
Baixando a espada, Seiji tentou concentrar o elemento apenas na lâmina buscando partir o oponente em dois.
— Previsível demais! — Evitando facilmente o golpe, o jovem atirou diversos socos poderosos no torso do vaga-lume.
‘Então foi assim que ele me viu daquela vez?’
Vendo a situação ruim de seu parceiro, Qin Wuyou sacou suas agulhas preparada para avançar, porém, Sarah não gostou da ideia.
— Que tal deixarmos os garotos resolverem seus próprios assuntos? — Desembainhando as espadas curtas de sua cintura, a garota atacou, se mantendo o mais próximo possível de Qin.
Evitando a barricada de ataques vindos de Sarah, a jovem se viu em uma posição ainda mais desvantajosa do que contra Arai.
Aqui ela estava em uma batalha contra o tempo, pois não parecia que Seiji duraria muito com a quantidade de golpes que viu ele receber.
Usando seu elemento de aceleração, a jovem abriu uma longa distância de sua inimiga, atirando as lâminas sem hesitação.
Por um instante, Sarah viu o fim da sua participação e apenas o zumbido dos projéteis passando por cima de seu ombro a liberou deste transe.
Ignorando o grunhido no fundo, a garota olhou para Qin Wuyou com o rosto confuso mas não perguntou nada, criando um clima estranho na área.
— Esta vai ser minha primeira e última interferência na luta deles — Não era assunto dela para início de conversa, mas ela tinha uma dívida a pagar.
‘Ele me ajudou contra Arai, e com isso estamos quites’
Ela não seguiu com a luta contra Sarah simplesmente por não querer prejudicar sua academia, afinal, desde o início da fase nunca foi dito que ter uma dupla era necessário para passar.
‘A raiva dele parece ser apenas com o loiro, então independente de quem vencer podemos nos tornar um trio ou uma dupla’
Chegando a esta conclusão, a garota embainhou novamente suas lâminas, cruzando os braços para assistir o desenrolar da batalha.
— Você me deve dois senbon — comentou Qin Wuyou, após fazer uma contagem rápida de quantas lâminas ainda tinha.
— Estamos em um mundo virtual, então eu não te devo nada.
— …
A dupla logo se focou na disputa acontecendo do outro lado do corredor, a qual não estava tão calma quanto a delas.
— Urgh! — Arrancando duas agulhas cravadas em suas costas, o jovem recuou para evitar outro golpe de Seiji.
— Atacando de surpresa? Quão hipócrita.
Evitando mais uma série de ataques do inimigo, ele atirou ambas lâminas contra o vaga-lume, atacando com seus punhos logo após.
Diversos golpes foram trocados, e Seiji manteve seus ataques mais fechados e simples possíveis, não querendo repetir a situação anterior.
Isso fez com que o outro lado ficasse cada vez mais agressivo em seu avanço, enquanto seus punhos choviam na direção do vaga-lume.
‘O que Silver faria?’
Sendo pressionado pelo inimigo, Seiji se questionou involuntariamente o que seu atual maior símbolo de força faria se estivesse aqui.
‘Besteira, ele teria simplesmente esmagado esse idiota como fez comigo’
O jovem viu seu oponente firmando os pés no chão, antes de dar um soco muitas vezes mais forte que os últimos.
Sentindo suas costas encostarem na parede Seiji arregalou os olhos, rolando no chão logo após para evitar o segundo golpe.
‘Talvez eu realmente seja fraco?’
Enquanto bloqueava e evitava os ataques do inimigo, o jovem se perguntou se o que seus companheiros disseram estava certo.
Perdido em seus próprios pensamentos, ele percebeu que um dos golpes atravessou sua defesa, porém já estava muito próximo para evitá-lo completamente.
Subitamente, Seiji lembrou de uma cena do torneio. Naquele tempo, o jovem questionou se seria capaz de fazer o mesmo mas, agora, parecia fácil.
Quando o punho estava prestes a atingi-lo, ele virou o rosto bruscamente para aliviar o impacto.
‘Hm… Não doeu tanto quanto eu esperava’
Bloqueando o golpe seguinte do oponente, outra memória surgiu, desta vez foi sobre o sequestro de Mia. Naquele momento ele estava ajoelhado, sem escolha além de assistir Silver acabando com seus inimigos.
‘Ele os derrotou tão rapidamente…’
Dobrando os joelhos, Seiji inconscientemente replicou o que estava vendo. Seu corpo logo desaparece, aparecendo novamente ao trombar com o oponente em sua frente.
Poeira subiu ao ar quando a dupla atingiu o chão, rolando para tentarem se recompor.
A alguns metros dali, Sarah e Qin Wuyou assistiram a cena com os lábios tremendo incontrolavelmente.
— Você é idiota ou o quê?! — gritou o jovem, dando alguns tapas em sua armadura para tirar a poeira.
— Qual o problema? Não previu isso? — Os lábios de Seiji se curvaram, enquanto ele se elogiou por ter devolvido o comentário anterior.
Aproveitando a distância entre si e seu oponente, o vaga-lume firmou o aperto em sua espada, imitando o movimento de outra pessoa que o derrotou.
‘Como ele chamou isso mesmo?’
— Era conceito de alguma coisa? Bem, tanto faz.
Sua lâmina se tornou um borrão, e um corte se formou no peito e antebraços do inimigo. Sangue escorreu pelas feridas e ao contrário de suas expectativas, o inimigo sorriu.
‘Ele estava se segurando o tempo todo?’
O sangue do jovem ferveu em excitação. Antes ele apenas queria atingir Shōri usando Seiji, o qual ele julgou ser próximo da garota porém, agora o vaga-lume provou ser interessante o suficiente para levá-lo a sério.
— Eu sou Cain, você é? — Oferecendo seu nome, ele ignorou o incômodo causado pelos ferimentos enquanto arrumava sua postura.
— Não te interessa.
Seiji já não estava no humor de ser bonzinho, principalmente contra este oponente. O inimigo por outro lado, apenas deu de ombros ignorando suas palavras rudes.
A dupla se encarou, com um deles mantendo um largo sorriso no rosto e o outro tentando permanecer neutro.
Após um breve silêncio, os joelhos do vaga-lume se dobraram e ele avançou, tomando a iniciativa na batalha.
Logo o punho e a espada se encontraram várias vezes mas, desta vez, a luta estava mais acirrada.
O estilo de Seiji mudou completamente, adquirindo uma forma mais aberta e golpes mais precisos. Cain sentiu alguma familiaridade com o estilo, mas não pôde dizer onde havia visto.
A espada cortou o rosto do grego, ao mesmo tempo em que seu punho atingiu o peito do vaga-lume, abrindo uma distância entre eles.
‘Hm… Isso não vai criar uma cicatriz’
Traçando o corte em seu rosto, Cain ponderou. Ele não estava preocupado em ter uma cicatriz, de fato, já haviam algumas em seu rosto.
O jovem apenas imaginou que por ser um mundo virtual, a dor poderia ser sentida mas as feridas não iriam permanecer.
O confronto entre eles continuou acirrado e, corte após corte, Seiji se acostumou com o novo estilo.
‘Ah! Essa é a mesma esgrima do dragão da Shoutai!’
Um momento de distração foi o suficiente para que a espada atingisse seu ombro, lançando mais sangue ao ar.
‘Não importa o quanto do meu sangue caia. No fim eu vou ser o último de pé’
Ele nunca aprendeu nenhuma arte marcial fixa, pois seu pai sempre disse que um verdadeiro guerreiro não precisava disso. Cain apenas aprendeu a socar e treinou seu corpo para fazê-lo perfeitamente.
Bang!
Com os pés cravados no chão, Seiji foi empurrado pelo golpe, deixando uma trilha por onde passou.
Sem tempo para respirar, outro soco chegou, abrindo forçadamente sua guarda e atirando-o para longe com o ataque seguinte.
Rolando no chão, o vaga-lume sugou gananciosamente o ar tentando recuperar o ar. Porém Cain não esperou por isso.
Crack!
O chão se partiu quando Seiji bloqueou outro soco do inimigo. Sua expressão se contorceu enquanto ele aguentava a chuva de socos que se seguiu, buscando uma forma de escapar desta situação perigosa.
Brutal.
Esta era a palavra que a dupla encontrou para descrever a cena em sua frente. Cain tinha um sorriso largo no rosto, mostrando seus caninos afiados e sangue escorria pelos seus braços e torso toda vez que ele se movia.
Mas isso não o impediu de atirar soco atrás de soco contra o vaga-lume. O solo se partiu sob o assalto do grego, que pareceu ficar cada vez mais animado.
Sofrendo com os golpes, Seiji abandonou a defesa, imbuindo seu elemento na lâmina ignorando o consumo de [Energia espiritual].
Ter se preparado para isso não diminuiu a dor que ele sentiu quando o soco atingiu seu peito, mas o jovem ainda balançou sua espada, forçando o oponente a se afastar para não ser partido ao meio.
— Vamos, ‘luz’ da Shoutai! Me divirta ainda mais!
Avançando mais uma vez, Cain foi de encontro a uma barragem de arcos de luz atirados pela lâmina de Seiji, combatendo um a um com seus punhos.
‘Desgraçado maluco!’
A vista do inimigo quebrando seu elemento com as mãos nuas deixou o jovem incrédulo mas seus braços não pausaram, continuando a atirar para impedir o oponente de se aproximar.
Realmente patético.
De repente ele pôde ouvir a voz de Silver, repetindo as mesmas palavras ditas após sua primeira partida de [Guerra!].
Seiji mudou completamente sua postura ao escutar isso. Colocando toda força que tinha na espada, em uma posição perfeita para uma estocada.
Levaram poucos momentos até Cain quebrar o último projétil de luz, investindo contra seu oponente sem hesitação.
— Quem é fraco agora Silver!?
A lâmina do vaga-lume brilhou fortemente enquanto cortava na direção do inimigo, o qual retribuiu atirando um soco potente na direção da arma.
Uma luz brilhante foi criada pelo encontro do punho e da espada, forçando alguns espectadores a cobrirem os olhos para não serem cegados pelo brilho.