A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 59
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- Vol.2 Capítulo 59 - O embate entre a lua e o lobo
Em um hall repleto de ruínas o qual foi iluminado levemente pela luz do luar, que atravessava as frestas das paredes e teto, duas pessoas encaravam silenciosamente.
— Fenris é realmente arrogante, não é? Me mandando um mero peão ao invés de vir pessoalmente — Não havia raiva em seu tom, como se isso o divertisse de alguma forma.
Quem fez este comentário foi um homem, com olhos vermelho-rubro e cicatriz na sobrancelha que vestia roupas feitas de pele de animais. Ele estava sentado em um trono enquanto olhava desdenhosamente para seu oponente.
— Bem, mandar sua cabeça talvez seja um bom incentivo.
— Quão fofo, você acha que pode me matar — Cheia de sarcasmo, Moon respondeu enquanto analisava o hall.
Seus olhos pousaram no trono onde Fenrir estava sentado por alguns instantes, antes de seguir até os hieróglifos nas paredes os quais eram circulados por algumas runas e, acima destes, haviam representações aparentemente feitas para contar uma história.
O lobo gigante dos desenhos tinha uma lua pendurada em suas presas, essa a qual era a única entre todos os outros que foi tocada pela luz do lugar.
‘Raios lunares, huh? Por que eu não estou surpresa?’
Um sorriso subiu ao rosto da garota e seus olhos, antes roxos, tomaram um tom azul claro.
— Então, vai parar com o ato e descer aqui para lutar ou vou ter que te arrastar?
Talvez estar sentado em um trono sozinho numa sala carente de luz pudesse, por pouco, parecer intimidante além de ser uma ótima técnica psicológica para negociações, no entanto, isso não era uma negociação.
‘E Silver ficaria melhor que ele nisso’
Parando seus próprios pensamentos de irem mais longe que isso, Moon fez um gesto simples com a mão como se o estivesse pedindo para se aproximar.
Antes do homem poder questionar o motivo por trás de tal ação, seu corpo foi sugado em direção à garota como um ímã é atraído pelo outro. Mesmo que tal desenvolvimento o tenha pego de surpresa, confiando nos seus instintos ele foi capaz de se equilibrar ainda com os pés fora do chão.
Durante o tempo que a matriarca passou com Akame, ela desenvolveu formas mais criativas de usar sua habilidade única.
Ao invés de manipular a gravidade baixando e forçando seu oponente a se ajoelhar, esta técnica tornava a garota um ‘sol’ e, como tal, forçava os inimigos a ‘orbitar’ ao seu redor, assim como os planetas fazem com o astro rei.
Enquanto aproximava-se da matriarca, Fenrir começou a se transformar. Suas unhas e dentes cresceram, se tornando muito mais afiados no processo. As roupas que usava tornaram-se parte de sua pele e seu corpo também teve a altura duplicada.
‘Hm? Como diabos ele entrou em contato com eles? Na novel esses caras só aparecem após o torneio’
Foi inesperado mas não o suficiente para fazê-la perder a concentração no meio da luta.
Percebendo que seria perigoso trazê-lo na sua forma atual, a garota fez outro gesto com a mão porém, não foi para afastar e sim desequilibrar o oponente. Este quem sentiu um súbito empurrão nas pernas o fazendo girar em pleno ar, tirando completamente a estabilidade adquirida pela postura que ele tinha antes.
De repente o homem sentiu um golpe no queixo mas não sentiu dor alguma vinda do mesmo, que apenas serviu para fazê-lo rodopiar estranhamente antes de retomar o equilíbrio.
Chacoalhando a cabeça para se livrar da tontura, Fenrir olhou para Moon antes de um sorriso selvagem aparecer em seu rosto.
A matriarca mantinha uma expressão serena mas a perna que usou no golpe anterior ainda tremia, entregando o fato do ataque ter saído completamente pela culatra. Seus olhos brilharam ainda mais enquanto ela esperava pelo movimento seguinte do oponente.
— Parece que você é fraca demais para atravessar minha defesa — comentou o homem com uma voz diferente da original e um sorriso desdenhoso.
‘Bem, eu acho que aquilo é um sorriso… Não dá para ter certeza com o rosto dele estando desse jeito’
Parecia como quando um animal mostra as presas tentando assustar quem ele acha estar o ameaçando, mas isso não intimidou nenhum pouco a garota.
— E daí? Eu só tenho te esmagar até que você morra — A matriarca retrucou antes de perceber que saiu um pouco diferente do imaginado.
‘Na minha cabeça soou muito menos brutal’
— Ei ei, vai com calma aí. O vilão aqui não sou eu?
Fenrir mostrou uma expressão estranha que ficou pior ainda graças ao rosto monstruoso que tinha atualmente.
— Então você admite que é o errado da história? — Moon perguntou.
Não era normal negar ser o lado mau em qualquer situação? Mesmo alguns psicopatas com mentes distorcidas negavam ser o lado ruim, quanto mais alguém ‘normal’.
— Meh. Eu sou um vilão para você, Silver é o vilão para mim. Você é só uma simples figurante, completamente irrelevante… — O lobisomem deu de ombros sem pensar demais no assunto — Tudo se trata de perspectiva.
Foi a vez da garota se surpreender ao ouvir algo tão sensato vindo de alguém que, durante o primeiro e, até então, único encontro deles teve “eu quero matar Fenris” como discurso principal. Aliás, o comentário sobre seu nível de importância foi conscientemente ignorado por ela.
Voltando ao clima de luta, Moon aumentou a gravidade dos arredores fazendo o chão sob tal pressão e, então, a diminuiu usando as pedras quebradas como projéteis disparando-as contra Ferir.
Daí em diante tornou-se uma perseguição de gato e rato, ou melhor, de lobo e lua onde ambos correram pelo hall destruindo todo o piso do lugar.
Ser atingido pelas pedras não impediu completamente os avanços do lobisomem, que estava cada vez mais perto da jovem. Para impedir isso a matriarca quebrou várias vezes o centro de gravidade do oponente, além de levantar paredes sólidas para frear o ímpeto do lobisomem.
‘Isso não vai durar… Como eu atravesso sua defesa?’
Em algum momento sua munição iria acabar e estava óbvio que seus ataques não feriram nem levemente o homem, a deixando em uma situação complicada.
Enquanto ela pensava em formas de ferir o oponente a luta não parou. Diminuindo a gravidade ao seu redor, Moon se manteve superior a Fenrir em velocidade garantindo uma distância segura do mesmo.
O poder espiritual também se tornou um problema para a garota. Embora a quantidade estivesse longe de ser um ponto fraco dela, ele não é infinito.
‘Embora isso não deveria ser um problema para alguém com dois espíritos…’
— Suas pedrinhas são inúteis se não podem me ferir — grunhiu o lobisomem.
Talvez guiado pelo instinto desta nova forma, ele estava tratando isto mais como uma caça do que uma luta. Apoiando isso estava o fato dele não usar seu elemento em momento algum na batalha.
E essa situação irritou profundamente Moon, afinal, quem gostaria de ser tratado como presa por outra pessoa? A matriarca poderia ignorar comentários sobre sua importância já que, considerando a história deste mundo pois ela era tecnicamente uma figurante, além de não pretender ajudar Seiji em sua jornada.
Não sendo um ‘personagem principal’ em ambas, sua vida passada e atual nunca a incomodou, mas, agora que se tornou a chefe de uma família, ela tinha orgulho da mesma e responsabilidades a cumprir.
Além do mais, este pensamento teve mais peso quando se pensa que o mundo onde está favorece os fortes acima de tudo.
‘Eu estava total dando uma de Ludewig agora não estava?’
O simples pensamento de se comparar a alguém considerado tão patético por si mesma trouxe um sorriso depressivo ao seu rosto.
— Meu controle ainda precisa ser aperfeiçoado, mas vão servir por agora…
Abandonando os ataques com projéteis, a garota entrou em uma postura bastante familiar para certo coelho.
— Finalmente decidiu parar de fugir?! — gritou Fenrir com um sorriso feroz.
Se curvando como um verdadeiro lobo com todas as quatro patas no chão, avançou furiosamente contra a garota enquanto manobrava de forma rápida e fácil pelo chão destruído. Sem a interferência de Moon, a velocidade de sua investida dobrou.
Por outro lado, a matriarca dobrou os joelhos e se curvou ficando paralela ao chão antes de colocar o braço direito quase completamente esticado sobre o ombro. Não satisfeita, ela diminuiu a gravidade ao seu redor, deixando no mínimo possível para seu nível atual.
— [Estilo Crawford – Piedade] — murmurou a matriarca antes de disparar contra o lobisomem.
Em um flash ambos atingiram o ponto de impacto de seus respectivos golpes, ocupando a posição anterior do outro.
— Porra, da para ser mais injusto? — reclamou Moon ao pisar novamente no que restou do chão.
A alguns metros dali, uma pequena ferida surgiu no ombro do lobisomem. Mesmo de perto era possível ver que o ferimento não era nada demais, além de estar claramente se regenerando enquanto a jovem o encarava.
‘Seus instintos são só muito quebrados e eu mal posso feri-lo… O que Silver faria na minha situação?’
Durante o embate, ela viu o homem reagir instintivamente ao seu ataque, evitando receber uma ferida grande demais. Ele evitaria completamente se a matriarca não forçasse um pouco a gravidade ao seu favor.
— Kukuku, pequeno peão… Esses golpes fracos não vão me matar, sabe? — comentou Fenrir com um sorriso animado.
‘Essa caça está ficando mais e mais interessante’
Mais animado, ele não perdeu tempo antes de atacar de novo. Desta vez Moon desistiu da esquiva e partiu para uma disputa de força, mesmo sabendo estar em desvantagem.
‘Se eu aumentar a gravidade no momento certo, tenho certeza que posso ganhar’
Quando o lobisomem a alcançou ela lançou um direto simples, que atingiu o centro da cabeça do oponente. Mesmo sendo aquela quem atacou, a jovem foi lançada para longe e usou seu elemento para manobrar e pousar perfeitamente.
‘Ainda não cheguei lá…’
Suspirando, Moon recobrou sua postura logo no momento em que o inimigo se aproximou. E foi arremessada novamente pelo impacto do soco.
‘Ainda não…’
Repetindo todas as ações anteriores, a matriarca montou sua postura perfeitamente e se preparou para o golpe seguinte… Só para ser empurrada mais uma vez.
‘O que eu estou perdendo…? Vamos Moon, pense!’
Com os braços rugindo de dor, ela os soltou ao lado do corpo antes de curvar o corpo levemente para frente.
‘É assim desse jeito você faz não é, Silver?’
— [Estilo fera – modo lobo]… — murmurou antes de completar — [Primeira forma – Arrancada]
Desaparecendo do lugar onde estava, os lutadores mais uma vez trocaram de posições. Uma ferida um pouco maior se formou no peito do lobisomem, o suficiente para ser chamado de avanço.
A garota por outro lado, tinha olhos vazios como se estivesse se movendo inconscientemente, sem controle real sobre seus movimentos.
Com um sorriso ainda maior, Fenrir avançou novamente procurando uma caça mais excitante.
— Me mostre tudo que tem pequeno peão!