A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 104
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- Vol.2 Capítulo 104 - Antes de voltar(pt.2): O pedido
O sol banhou os prédios da cidade, refletindo na vidraça de cada um deles, criando uma imagem digna de um local voltado ao turismo.
Como tal, diversas pessoas caminhavam e dirigiam através da cidade, aproveitando a vista e os estabelecimentos que o lugar poderia oferecer.
— Shirou me fez uma proposta. — Caminhando nas ruas desta magnífica cidade, uma jovem de cabelos roxos disse abruptamente.
‘Então é por isso que ela ainda está na cidade…’
Após o término da segunda fase, grande parte dos estudantes e turistas foram embora. Cada um tinha seus próprios motivos, mas os dois maiores seriam o treino e o custo.
Desnecessário explicar o primeiro porém, foram em maioria os alunos buscando se prepararem para a fase seguinte.
O segundo se refere ao custo de estadia da cidade. Ser a sede do torneio trouxe muito mais visitantes para a cidade e, da mesma forma, o preço de estadia, alimentação e afins também subiu.
— Ele não é um pouco velho demais para você? — Ao lado dela, um garoto de cabelos prateados perguntou, mantendo uma sobrancelha levantada.
— Q-que?! Não, não esse tipo de proposta! — Tropeçando em suas palavras, Moon se apressou a responder com o rosto vermelho.
— Ele perguntou se eu e Seiji queríamos ser seus discípulos. — Completando, ela olhou para Silver esperando ter corrigido o mal-entendido.
— Eu estava brincando. — Sorrindo, o jovem apreciou a aparência tímida da matriarca por alguns momentos mas, sua mente estava em outro lugar.
‘Outra grande alteração na linha do tempo. Se Shirou usou as palavras certas, aquele idiota aceitou a proposta com certeza’
Mesmo durante o rumo original, o vaga-lume não era tão difícil de comprar. Qualquer promessa de poderia fazê-lo considerar cuidadosamente.
‘Mas se ele aceitou, o que acontece com a profetisa? Talvez o idiota acabe de tornando aluno dos dois’
Com o garoto sendo o ‘escolhido’ desse mundo não era impossível.
— Não vai perguntar se eu aceitei? — Se recuperando do embaraço anterior, Moon colocou ambos os braços para trás e se curvou na direção do jovem o olhando curiosamente.
— Não. — Olhando brevemente para a garota, Silver viu um traço de decepção em seus olhos — Olha, eu não teria aceitado uma aliança com você caso não te achasse minimamente competente.
Eram palavras sinceras. Fora Moon, ele não tinha nenhum outro ‘aliado’, apenas subordinados e amigos.
A única coisa que estava próxima a isso foi seu acordo com Lorie para a proteção de Mia, o qual foi de benefício para ambos.
‘Mas se não fosse por Yuki eu não teria aceito esse acordo’
— Hmm… Entendi. — Um sorriso surgiu no rosto da jovem — Só para registro, eu recusei.
O garoto rolou os olhos para esse comentário, com um sorriso similar ao da matriarca preso em seu rosto.
Durante alguns momentos, ambos caminharam em silêncio, apreciando a visão da cidade. Nenhum dos dois se sentiu incomodado pela falta de conversa entre eles, foi o exato oposto.
— Mais cedo você disse para Shizukana que ela não fazia o seu tipo… — Diminuindo o ritmo de seus passos, a garota baixou o rosto enquanto dizia. — S-só por curiosidade, qual seu tipo?
‘Droga! Eu tinha que gaguejar logo agora?! Perfeito Moon, você disfarçou muito bem suas intenções’
Enquanto a jovem pensava, os passos de Silver acompanharam os dela, reduzindo a quantidade pouco a pouco e, logo, a dupla parou de caminhar.
‘Essa é uma boa pergunta…’
Esse mundo estava repleto de mulheres bonitas, ainda mais entre as personagens principais com as quais ele já interagiu e aquelas que ainda viriam.
‘Eu não tenho um tipo exato mas, se fosse para estar com alguém, ela teria que ter no mínimo…’
— Bem…
— Silver! — Um grito cortou as palavras de Silver, fazendo Moon olhar com ressentimento para o culpado.
Do outro lado da rua, um jovem de cabelos laranja e olhos roxos se aproximou rapidamente vestindo uma expressão ansiosa.
— O que você precisa, Freud? — perguntou o dragão prateado.
— Preciso de treino. — disse o garoto e, olhando para a expressão de ‘e daí’ no rosto de Silver, ele continuou — Me treine?
‘Soou bem estranho…’
Na tentativa de não provocar Silver, suas palavras soaram de forma esquisita para ele.
— E por que eu faria isso?
— Sem me gabar, eu sou forte. Assim como da última vez, posso fazer parte dos seus times e realizar suas missões sejam quais forem.
— Mesmo que temporariamente, você fez parte do meu grupo. Deveria saber muito bem que mão de obra está longe de ser minha prioridade.
Isso era verdade. Sem falar que ele não contou com a adição da cidade que dominara a pouco tempo.
Considerando a cidade, Silver não precisaria de ajuda para conseguir trabalhadores para qualquer tarefa.
— Eu vou ser o guarda-costas principal da Lina. — Freud disse.
Sozinha esta frase não parecia um bom argumento, porém, você deveria olhar mais do que só a árvore para ver a floresta.
O que o raiju ofereceu com essa frase foi influência.
Como o guarda-costas direto e possivelmente braço direito da próxima matriarca da família Woods, o jovem teria acesso a muitas informações privilegiadas das demais famílias e afins que poderiam ser úteis.
‘Posso conhecer boa parte dos maiores clãs desse mundo mas, além de eu não ser onisciente, o próprio autor não apresentou muitos detalhes sobre eles’
— Como quiser. Mas é melhor cumprir com sua parte ou não vai gostar das consequências.
O corpo de Freud tencionou visivelmente quando o jovem olhou nas fendas das pupilas de Silver, assentindo rapidamente.
Relaxando assim que o dragão prateado desviou olhar, um suspiro saiu de seus lábios porém não durou muito.
Um arrepio percorreu seu corpo assim que seus olhos roxos se encontraram com os azuis de Moon.
‘Quando foi que eu ofendi ela?’
Ele conhecia muito bem a expressão no rosto da garota, era a mesma que Lina fazia quando planejava suas ‘vinganças’.
‘Bem, o melhor a fazer é…’
Entendendo que havia maldade nos olhos da jovem, Freud tomou a melhor decisão para evitar isso.
— Então, quando nós partimos?
Mudar de assunto.
— Agora. Eu já aluguei um barco que sai daqui a meia hora, então é melhor irmos andando — disse Silver.
Ele pretendia encerrar a conversa com Moon antes de sair, mas, com a adição de Freud, o jovem decidiu fazê-lo em outro momento.
— Sim, senhor! — Com essas palavras, o jovem saiu na frente sem olhar para trás.
‘A primeira técnica não deu certo mas, a segunda sempre funciona’
Por que Freud saiu rapidamente? Porque ele ter mudado de assunto pareceu deixar Moon ainda mais irritada, e ele não iria ficar para ver a bomba que criou acidentalmente explodir.
— Se você terminar seus assuntos antes da volta do torneio, você é mais do que bem-vinda a visitar meu território. — Deixando esse convite, Silver deu adeus a matriarca, que agora estava mais motivada a terminar tudo logo.
❂❂❂
— Maldita cidade-ilha — murmurou Silver, observando os arredores do barco que alugou.
Vale mencionar que a cidade onde o torneio ocorreu foi construída sobre uma ilha, além de que, não foram construídos aeroportos e nem mesmo qualquer ponto onde veículos voadores pudessem pousar.
Isso fez com que todo visitante tivesse que alugar um barco por meio deles ou de seus afiliados em outros locais, ou então virem com seus próprios veículos.
Mas o problema de Silver não era com o veículo, e sim com a paisagem.
Graças a algum fenômeno desconhecido, as águas nos arredores da cidade-ilha eram cristalinas permitindo uma visão quase perfeita de seu fundo.
Porém, em certo ponto, as águas tomavam um tom profundo de azul, obstruindo completamente o restante da vista.
— Você tem medo do mar? — perguntou Freud ao lado.
‘Se esse é o caso, na nossa revanche é só trazer ele para o mar e…’
— Não. Só me incomoda imaginar o que existe lá embaixo… — Dito isso, olhar do jovem travou nas águas, antes de um sorriso subir aos seus lábios — E não existe nada que eu não possa evaporar com algum esforço.
Em sua mão esquerda, uma chama prateado começou a dançar, percorrendo seus dedos e unhas até finalmente pararem em sua palma, onde foram esmagados quando seu punho se fechou.
‘Esquece a parte de trazê-lo para o mar então’
— Hahaha… É assim que a juventude tem que ser! Cheio de energia e ambição! — disse um homem, ao se aproximar da dupla.
Era um homem um pouco baixo, com alguns fios de cabelo grisalho escorregando para fora do chapéu de capitão que utilizava.
Seu rosto fora afetado pelo tempo, com algumas marcas de expressão traçando sua face, porém ele não se incomodou com isso, mantendo um grande sorriso caloroso.
— Olá, capitão. Deveríamos nos preocupar com algo? — Assentindo na direção do homem, Silver perguntou.
Afinal, [Ruínas] não se limitavam a terra firme, muitas poderiam surgir no fundo do mar e as consequências para isso eram desconhecidas.
— Não precisa se preocupar, meu jovem. Tudo está sob controle — disse o capitão, buscando apaziguar as preocupações de seus tripulantes.
— Sabe, suas palavras me lembraram de uma antiga canção feita para afastar as crianças do mar…
— Bem, siga em frente. Temos tempo de sobra para ouvir — comentou Silver, se reclinando na proa do navio.
— Ok, a história conta sobre um homem, o qual foi apelidado de navegador. — Os olhos do capitão brilharam em nostalgia enquanto dizia — Navegador era um homem além de vaidoso, muito ganancioso.
Tomando um tempo para respirar, o capitão sentiu o cheiro da água salgada invadindo suas narinas, tapeando seu rosto enrugado com um sorriso.
— Um dia, ele ouvira em algum canto neste grande mundo que o fundo dos mares escondiam tesouros imensuráveis, os quais apenas alguém corajoso e capaz o suficiente poderia encontrar… — Esboçando um leve sorriso, o capitão observou os horizontes por alguns instantes.
O brilho do sol resplandeceu nas águas transparentes do mar, às fazendo reluzir como cristais.
Fechando os olhos, Silver aproveitou a brisa marinha junto às ondas que quebraram ao se encontrar com o navio.
‘Algumas histórias precisam de um clima para aproveitar direito’
— Isso atiçou fortemente a ganância do navegador, que passou a lançar aos ventos notícias sobre sua jornada ao fundo do mar.
‘Meu filho adora essa parte’
Era sempre nesta parte, mesmo que já houvesse escutado múltiplas vezes a mesma história, que aquele garoto com os olhos brilhando em curiosidade perguntava:
— E então, o que aconteceu? — Pego pela história, Freud não pôde deixar de ficar curioso.
‘Se é para afastar as crianças, ele deve ter morrido brutalmente. Mas aí não seria infantil…’
— Calma meu jovem, estou chegando lá. — Com uma leve risada, o homem seguiu.
— Sua partida virou um grande evento na cidade. Todos os moradores estavam lá para vê-lo partir em busca de tal tesouro.
‘Me parece que eles se juntaram para assistir um suicídio’
Franzindo levemente, Silver olhou na direção do capitão, que estava muito perdido em suas próprias palavras para perceber.
— Com todo público assistindo, o navegador mergulhou, desaparecendo nas profundezas das águas… — Uma leve melancolia pode ser sentida no tom do homem, mas seus olhos ainda brilhavam com fervor.
— Onde o navegador foi? — questionou Freud, se sentindo decepcionado com esse fim.
— Não sei. — O capitão apenas deu de ombros — A história é bastante antiga. Alguns dizem que ele encontrou o tesouro que buscava, o qual era tão valioso que o navegador escolheu não retornar à superfície. Enquanto outros dizem que ele foi apenas mais um tolo buscando um sonho impossível.
— E no que você acredita, capitão? — Colocando os olhos novamente no mar, Silver perguntou.
— Hehe, eu sou um velho muito sonhador… — Com isso, o homem recuou, balbuciando uma canção que a dupla não conhecia.
Ele deixou claro acreditar que o tesouro foi encontrado mas, quão tentador foi este tesouro para fazer com que o navegador permanecesse no mar? Bem, isso apenas ele poderia responder.
— Acredita nisso? — perguntou Freud, ainda decepcionado com o final aberto da história.
— Pode ser real — comentou Silver, fazendo os olhos de seu companheiro se abrirem — Não sabemos de que época a canção é, mas, esse navegador poderia muito bem ser um [Contratante] que poderia controlar a água.
Quão irônico seria para ele não acreditar em uma história destas sendo que, tecnicamente estava em um mundo imaginário, conversando com pessoas que não deveriam existir?
— Não nego a possibilidade de ser real, porém, eu tendo a ser alguém bem pessimista…
Observando o mar, Freud começou a ponderar sobre a história e considerando as palavras iniciais de Silver, um sentimento estranho começou a subir à sua mente.
— De repente, não me sinto bem olhando para esse mar…