33: Depois de Salvarem um Mundo - Capítulo 195
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- Capítulo 195 - A Queda de Aliança Internacional
A Queda de Aliança Internacional
Notícias correm rápido, principalmente as ruins. Não demorou muito até que o mundo todo soubesse que André apareceu do nada e estava destruído tudo que pertencia à AI. As notícias de mortes eram bem exageradas, principalmente quando diziam que ele não deixava sobrevivente, enquanto o rapaz apenas se livrava dos chefões.
“O último dos 33 heróis é na verdade um vilão? Especialistas em heróis se reúnem para debater os acontecimentos recentes”, dizia o rodapé da notícia, enquanto um apresentador sensacionalista apontava para um telão onde passavam “ibagens” do que sobrou de um dos escritórios da Aliança Internacional.
— Estou acostumado a mentirem sobre os meus feitos. — André disse, enquanto tomava calmamente um caldo de cana com pastel em um quiosque de praça.
— Os últimos doze anos foram bem complicados para você, né? — Victoria deu um olhar de pena a André e mordeu seu lanche. Diferente do rapaz, ela preferiu uma coxinha com suco de cupuaçu — Sabe, eu sinto falta desses sabores no Outro Mundo, lá tem um montão de comida gostosa, mas nada se compara a uma comida que lembra a nossa casa…
— Minha casa é onde eu estiver… — André respondeu rispidamente.
Victoria respirou fundo, o lanche havia acabado, agora eles iriam para o último reduto da AI. Olhando para André, ela o viu tirar umas notas amassadas do bolso e pagar o lanche.
— Onde você conseguiu esse dinheiro? — Ela estranhou — Não vai me dizer que estava com ele no bolso quando foi pro Outro Mundo…
— Claro que não, — respondeu André, — eu peguei dos caras que matei. Se chama “coleta de recursos”.
Vic preferiu não comentar, mas não conseguiu evitar de dar uma levantada de leve na sobrancelha.
Após pagar vinte reais de lanche com uma nota de cinquenta e dizer para o tio do lanche ficar com o troco, André segurou o ombro de Victoria, e sem dizer uma palavra, os dois sumiram, deixando o pobre vendedor sem entender o que tinha acontecido.
Não muito longe dali, no meio de uma floresta, havia uma construção de aparência esquisita. O teto era levemente arredondado na parte da entrada, e se alongava descendo para trás como se se fosse um tatu entrando na terra.
Ao redor da construção tinha uma estrutura de segurança digna de uma reunião de líderes mundiais. Com direito a pelo menos duzentos soldados fortemente armados, tanques de guerra e baterias antiaéreas.
Existiam dois motivos para tanta segurança: o primeiro era que aquela era a última base restante da Aliança Internacional, e o segundo era que ela já havia sido quase totalmente destruída por André meses antes, quando os poderes de Zita foram roubados.
As lideranças restantes da AI achavam que André tinha motivos para querer dizimar aquele local por último, como uma forma de encerrar com chave de ouro ou lavar o espírito.
Eles consideravam o fato dele ter sido mantido em suspensão por meses naquele local, só não faziam ideia de que André pouco ligava para esse detalhe. Ele só estava destruindo os lugares para onde Victoria estava o levando.
A maioria dos países já havia entrado em pânico e abandonado a Aliança, as poucas forças militares restantes estavam divididas entre os que guardavam aquela base e os que haviam sido enviados ao Outro Mundo.
Sem contar que ali estava o último portal restante, se fosse destruído, não haveria como trazer os outros de volta da dimensão onde estavam em missão. Uma pena que André não se importava com essas coisas.
Enquanto todos protegiam a única entrada, Victoria se teleporto diretamente para o centro do lugar. Aparecendo com André a poucos metros do equipamento que mantinha o portal ligado.
Era uma sala ampla, cheia de luzes e telas coloridas que mostravam coisas que André estava cagando para o que eram. Também havia fios que vinham de todas as direções para o portal.
Dúzias de soldados guardavam as entradas, mas nenhum guardava o portal, assim como em todas as outras vezes. Eles se confiavam no sistema de defesa que tinham desenvolvido par restringir Victoria.
Um herói que pode se mover livremente era um risco para a AI.
Assim criaram uma rede que funcionava como um escudo em volta dos prédios, impedindo Victoria de entrar ou sair usando suas habilidades. Esse sistema era capaz de impedir a heroína, mas não a nova deusa do espaço.
Desde que ganhara os poderes de deusa, Victoria podia fazer coisas que antes eram impossíveis até mesmo para ela. Como viajar entre as dimensões sem a chave. Ela não tinha feito ainda, mas sentia que era possível.
Ela também conseguia sentir onde os outros estavam, até mesmo os que estavam no outro mundo. Assim como sabia que Mirian e Arlene estavam mortas, e Bruno havia perdido os poderes.
Ela sentia ainda cada um dos soldados que foram para aquele mundo através do portal, e até os deuses. Era uma habilidade assustadora, ela tinha medo de usar e acabar enlouquecendo.
Era melhor nem pensar nisso.
— Vamos só destruir o portal. — André comentou — Esse lugar me dá nojo, não vale a pena sequer o esforço de matar com minhas mãos essas pessoas que restaram.
Vic não discutiu. Apenas confirmou com a cabeça.
André foi em um dos cabos grossos que alimentavam o portal e o cortou com uma lâmina de rancor, gerando uma rápida instabilidade no brilho azul. Então foi em outro e repetiu a ação.
— Algum motivo para querer fazer isso tão devagar? — Victoria questionou.
— Quando Felipe fechou da outra vez, o portal engoliu tudo aqui, queria descobrir como ele fez aquilo… — André explicou, coçando o queixo.
— Então o que você quer fazer é transformar essa coisa em uma espécie de buraco negro em miniatura?
— Acho que sim… — André coçou a cabeça — Não entendo bem o conceito do que quero fazer.
— Posso tentar dobrar o espaço por dentro do portal, assim vai ter uma sobrecarga de matéria sendo convertida em energia e vice-versa. — Victoria sugeriu.
André fez uma careta indicando que não entendeu nada do que foi dito por Victoria.
— Cuida da porta, vou demorar um pouquinho, mas vai ser bonito. — Victoria disse, apontando a porta atrás dela com o polegar.
André virou-se de costas para o portal e aguardou, ele sabia que era questão de tempo até os soldados chegarem ali. Nunca esperou que entrassem em um lugar daqueles e não fossem percebidos.
Não demorou até que passos e gritos viessem do corredor, indicando que os soldados da AI estavam se aproximando. André olhou para trás e viu Victoria fazendo algo com o portal, mas não entendeu o que era.
Sem vontade de perder tempo com aqueles soldados que confiavam apenas em suas armas e obedeciam a ordens de pessoas gananciosas, André levantou a mão em direção à porta e lançou uma esfera de Rancor, destruindo a porta e levando a maioria dos soldados.
Ele deu dois passos à frente e disparou outra vez, matando assim o que havia sobrado. E cruzando os braços, esperou que mais soldados se aproximassem. Um chiado esquisito veio de trás dele, mas André não tirou os olhos do corredor destruído.
— Está feito! — Victoria disse.
— Que rápido. — Ele comentou.
No instante seguinte ele sentiu Victoria tocar seu ombro e viu tudo se distorcer. Quando sua visão estabilizou, percebeu que estava em cima de um tanque de guerra da AI, do lado de fora.
Antes que fossem percebidos pelos soldados que guardavam o lado de fora, um estrondo veio da direção do prédio. Uma rachadura parecia dividir o teto arredondado ao meio.
Poucos segundo depois o chão começou a girar em torno da construção, que agora desmoronava e parecia querer engolir tudo ao seu redor. Até os tanques e soldados estavam sendo arrastados para dentro do vórtice.
— Acho que é melhor a gente sair daqui. — Victoria sugeriu.
André assentiu com a cabeça.
Mais um salto e eles estavam a uma distância segura, assistindo um brilho azul emitir faíscas elétricas e implodir o que restava da AI naquele mundo junto com os gritos de desespero de quem estava ali dentro.
— Acabou? — Victoria perguntou.
— Aqui sim. — André confirmou.
— Então bora pra próxima.
Victoria segurou o braço de André e os dois desapareceram.
A um mundo de distância, entre duas montanhas conectadas por uma muralha de pedras, uma comitiva seguia. Na frente se destacava uma jovem de beleza atraente e belos cabelos verdes esvoaçantes enfeitados por uma coroa de cristal translúcido, que refratava a pouca luz em várias direções.
Mesmo que fosse dia, o sol estava encoberto por uma grossa camada de nuvens negras que haviam emergido da Grande Falha quando o Guardião do Mundo retornou, por isso, as pessoas que seguiam logo atrás de Esmeralda estavam com a atenção redobrada.
Quando Victoria e André apareceram bem na frente da comitiva, muitos arcos e espadas miraram em sua direção. Ao verem quem eram, a maioria recuou.
— É aqui que nos separamos. — Victoria disse a André.
— Eu já esperava por isso. — Ele abrandou a expressão e pôs as mãos nos bolsos — Só preciso da chave.
— Eu tenho um acordo melhor. — Victoria segurou o braço dele — Eu fico com a chave, e você com o meu poder…